Desde junho de 2013, no início do levante popular que se espalhou pelo país, a Globo e seus genéricos, impressos e televisivos, orquestraram uma campanha para criminalizar e estigmatizar manifestantes e estancar os protestos. Fracassados tiveram que refazer seus discursos quando viram que cada vez mais pessoas iam às ruas. Passaram então a adotar o discurso de "defensores" das manifestações, utilizando de todo seu aparato midiático para tentar dirigir os protestos e transformá-los em atos cívicos, vazios de pautas populares. Além disso criaram a figura dos "vândalos infiltrados" para justificar a violência policial. Fracassaram mais uma vez. No dia 20 de junho de 2013, mais de 1 milhão foram as ruas só no Rio de Janeiro e mais outros milhões pelo Brasil. Nesse dia, mais uma vez ficou claro para quem ainda duvidava, que quem comparecia aos protestos para atacar o povo era na verdade a Polícia Militar e os próprios monopólios de imprensa, uns com bombas, balas, caveirões e cassetetes e outros com manipulações e mentiras repetidas mil vezes em rede nacional.
A revolta popular seguiu altiva por meses, mesmo sob violentos ataques da polícia, prisões em massa, manifestantes mortos e mutilados pela polícia (inclusive jornalistas). Depois de fracassar por meses na tentativa de igualar a juventude combatente a terríveis criminosos, Globo, Dilma, Cabral, Pezão, Polícia Civil, Ministério Público e toda sua cruzada anti-povo, usaram a morte acidental de Santiago Andrade para reavivar sua campanha criminalizadora.
Outras Mortes e o Silêncio que Interessa ao Estado
Outras lamentáveis tragédias como a do cinegrafista não tiveram a mesma comoção televisiva. O ator Fernando Cândido, o Fernandão, internado com problemas respiratórios depois de inalar gás lacrimogênio no dia 20 de junho, acusou em vídeo a polícia de Sérgio Cabral pela sua complicação de saúde que o levou a falecer dias depois. Em apenas um dia de protesto na Maré em 2013, a Polícia Militar do Rio de Janeiro matou 9 pessoas, dentre elas o garçom Eraldo Santos da Silva, de 35 anos, alvejado com tiro de fuzil. O autor do disparo não foi identificado, segundo o delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídio. O projétil que serviria como prova desapareceu. Para esses mortos os telejornais não fizeram o alvoroço nem o também merecido minuto de silêncio dado a Santiago Andrade, mas fizeram sim, um silêncio absoluto.
Essas mortes não foram acidentais como a de Santiago. Um policial treinado que ao disparar uma arma de grosso calibre onde moram milhares de pessoas e leva alguém a morte, o faz deliberadamente, da sua parte e do seu comando. Isso sim é dolo, é assassinato! As declarações do então comandante do Batalhão de Choque Fábio Souza de Almeida, que comandava o batalhão de Choque, defendendo o nazismo quando se referia a repressão a manifestações, dizendo: “mata eles tudo”, “Porrada, paulada, tonfada, fuzilzada, mãozada”, não deixam dúvidas sobre as intenções criminosas vindas do alto comando da PM, parabenizado e promovido por Sérgio Cabral. Fernandão e os mortos da Maré foram algumas das suas vítimas. Desses assassinatos por policiais citadas, 6 foram consideradas como os famigerados "autos de resistência"!! As outras investigações não tiveram qualquer conclusão. Não houve, porém, o clamor midiático por punição ou mesmo para que se encontrassem os culpados. Não houve nada! E nada se ouviu, nem nos programas que só tratam de assuntos policiais do rádio e da TV. Afinal para eles a vida de pessoas pobres não tem valor nenhum, nada comparado a vidraças de bancos quebradas, ou ônibus queimados.
A Legitimação do Terrorismo de Estado e a Legítima Defesa
Foto falsamente atribuída a DG foi amplamente divulgada na TV e internet. |
Polícia reprime com violência manifestação contra morte de DG |
Tasnan Accioly atropelado enquanto fugia das bombas da PM |
Condições de Trabalho e Repressão a Operários e Camponeses
Infelizmente Santiago não é o único morto no Brasil enquanto exercia sua profissão, sem os devidos equipamentos de proteção que deveriam ser dados pelos seus empregadores (nesse caso a Rede Bandeirantes). Nas obras da Copa pelo menos 8 operários foram mortos na corrida para deixar os estádios prontos para o evento da FIFA. Nas obras do PAC incontáveis trabalhadores perderam suas vidas. Só nas obras da usina e linhas de transmissão de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, 41 operários morreram entre 2010 e 2014. Esses não tiveram os pesares de Dilma Rousseff, mas seus colegas que reivindicavam melhores condições de trabalho receberam do governo federal a repressão vinda das tropas da Força Nacional de Segurança e passaram a trabalhar sob a mira de fuzis. Depois de Greve e protestos em 2012, em Jirau, 24 operários respondem a processos criminais, dos quais 10 estão desaparecidos.
Corpo de operário é retirado da obra do Itaquerão, em São Paulo |
Na luta por terra, camponeses são seguidamente torturados e assassinados pelos pistoleiros do latifúndio. Sua luta é criminalizada enquanto a concentração de terras no Brasil vai se transformando na maior do mundo. O latifúndio matador vai para o ministério, tempos depois de serem considerados “heróis” por Luiz Inácio, como senha para a impunidade no assassinato de lideranças camponesas.
A herança do regime militar e a morte de Vladimir Herzog.
Quando o assunto é repressão não existem divergências entre o governo do PT e a Rede Globo. Em hipocrisia os dois também se igualam. Enquanto o "Partido dos Trabalhadores" coloca suas tropas contra a luta dos trabalhadores, a Rede Globo, maior oligarquia de imprensa do país, tenta se colocar como a defensora da livre imprensa, e a imprensa como maior símbolo da democracia. Mas o monopólio de imprensa é exatamente o inverso da imprensa livre e democrática. Todos sabem do papel da Rede Globo em apoio ao regime militar. Dentre os muitos crimes da Globo em colaboração com os militares, um se destaca por demonstrar como é falso o corporativismo do jornalismo global com trabalhadores do ramo, como no caso de Santiago. Em outubro desse ano se completarão 40 anos do assassinato do jornalista da TV Cultura Vladimir Herzog por torturadores militares. Por todos esses anos a Globo acoberta seus assassinos,como de muitos outros, tendo inclusive na ocasião, divulgado e defendido a descaradamente mentirosa versão de que Herzog teria se enforcado, quando uma foto deixava claro que o suicídio seria impossível. Nesse ano em que se completam 4 décadas de impunidade do caso, mais do que nunca Herzog deve ser homenageado e também cobrada a punição de seus assassinos e de todos os torturadores. Mas o que a Globo tem feito é exaltar movimentos que pedem o retorno do regime militar.
Ocupação militar do Complexo da Maré pelo Exército |
A Legalização do Fascismo e Sua Sanha Criminalizadora
É com esses mesmos interesses, de incentivar a escalada do fascismo, que os monopólios de imprensa se juntaram com Ministério Público, Polícia Civil, Cabral, Pezão e Dilma Rousseff para prender manifestantes e criminalizar movimentos sociais em luta. Comissões especiais de repressão foram criadas pelos governos federal e estadual. Cabral tentou emplacar a famigerada CEIV, que dava carta branca às polícias para prender sem mandado, invadir casas, suspender garantias constitucionais, etc. No Congresso se juntaram os “esforços” para aprovar a lei “Anti-terrorismo”. Usaram a prisão de Caio e Fábio como espetáculo midiático, para defender a “importância” dessas novas leis.
Bette Lucchese com polícia civil e advogado Jonas Tadeu interrogam Caio Silva |
A defesa dos ativistas derrota monopólios da imprensa mais uma vez.
Mesmo com todo peso jogado nessa orquestração incriminatória, a defesa dos acusados tem conseguido vitória atrás de vitória, mostrando o caráter político desses processos. Uma dessas vitórias foi a libertação de Caio Silva e Fábio Raposo. Depois de mais de um ano de lutas pela libertação dos dois jovens e de denúncia do absurdo que era a acusação por homicídio doloso, triplamente qualificado, o movimento popular pode finalmente comemorar. O esperneio dos monopólios de imprensa e do Ministério Público tentando impor sua sentença de nada servirão, pois a juventude combatente já avisou: “Não tem arrego!”. A luta continuará pela liberdade de Igor Mendes, Rafael Braga, Karlayne Maraes, Elisa Quadros e pelo fim de todos os processos políticos.
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