quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Heroica resistência dos presos políticos no Marrocos!

Traduzimos nota do Comitê de Ação e Apoio para as Lutas do Povo Marroquino sobre a situação dos presos políticos revolucionários no Marrocos.


Apoiar a heroica resistência dos presos políticos revolucionários no Marrocos em greve de fome a mais de 80 dias!

Devemos recordar a situação dos presos políticos no Marrocos? Obviamente que sim, dada a total falta de informações sobre este assunto. Portanto, tenha em mente que as condições de detenção são as mais desumanas; os direitos mais básicos dos presos (negação do direito de visitas, de uma alimentação saudável, higiene, prosseguimento dos estudos ...) e todos os dias, cada um deles é submetido a humilhações e intimidações. Alguns desses prisioneiros foram torturados e jogados na cadeia, sem que qualquer julgamento fosse aberto; muitos outros têm sido informados de um possível julgamento, que sempre é adiado indefinidamente. Finalmente, aqueles que foram julgados, foram submetidos a um julgamento injusto feito com base em falsas acusações, resultando em sentenças terrivelmente duras - como foi o caso dos presos políticos de Meknes condenados a 40 anos de prisão e a pagar  uma multa de mais de 20 milhões de cêntimos.
Além disto, há um bloqueio de informações total e um consenso nacional de não levantar a questão da detenção dos presos políticos no Marrocos – tudo é feito para deixá-los no maior abandono e isolamento.

Diante dessa situação, o único meio pelo qual a resistência dos prisioneiros ainda pode agir é a greve de fome: para reivindicar a implementação dos seus direitos mais básicos e pôr fim às condições desumanas e bárbaras que lhes são impostas por seus algozes por um lado, e, por outro lado, para afirmar a legitimidade da sua justa e correta causa.

Assim, em meados de agosto de 2016, por exemplo, eles começaram uma greve de fome no país:

Em Toulal na prisão 2 de Meknes: Redouan Almalí Hamza al HAMADI e Rahal Yassin Ibrahim Ibrahim Kassimi ATTAHIRI estão em seu 80º dia de greve de fome; suas condições são críticas e sabe-se  que todos os dias enfrentam a perseguição de seus carcereiros, que querem forçá-los a acabar com a greve. A condição particular de ATTAHIRI Ibrahim hoje é muito preocupante porque a vida deste companheiro está em jogo agora.

Em Toulal na prisão 3 de Meknes: Ikram Bourhim, Zakia Biya, Fatima Ezzahra SAHIK estão em greve de fome a mais de 24 dias.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Famílias da área Jhone Santos estão sendo cercadas, ameaçadas e agredidas pela PM


Reproduzimos em nosso blog a nota do Jornal Resistência Camponesa sobre o cerco da polícia militar no acampamento Jhone Santos, em Rondônia, onde vivem cerca de 300 famílias de camponeses em luta pela terra:

 "Desde quarta-feira, a PM está na área do Acampamento Jhone Santos, em Ji-Paraná/RO, abordando os moradores da região.
O Acampamento Jhone Santos está localizado na Linha 206, na cidade de Ji-Paraná/RO, na Fazenda da Agropecuária Amaralina, sendo que há informações que trata-se de terras públicas. Os camponeses ocupam a área desde 12/04/2016.
O Acampamento possui 300 famílias acampadas, sendo que há 75 crianças matriculadas e estudando nas escolas da região e ficarão sem frequentar as aulas, enquanto houver esse bloqueio militar.
A PM (GOE) está adentrando os ônibus escolares e tirando fotos das crianças, coagindo-as, pois, a abordagem é feita com a apresentação ostensiva de armamento.
O Acampamento possui escola para reforço escolar, cozinha comunitária, barracão de reuniões, sendo que o CDRA (Comitê de Defesa da Revolução Agrária) do Acampamento Jhone Santos zela pelo bem estar das famílias, evitando ingresso de drogas, prostituição e bebidas na área. Os camponeses cultivam uma horta para a subsistência do Acampamento.
Todo o efetivo de guerra e modus operandi fascista do velho Estado que antes se concentrava contra os camponeses do acampamento Enilson Ribeiro em Seringueiras, agora se voltam contra as famílias da área Jhone Santos.
As famílias estão isoladas e os moradores estão sendo abordados nas estradas de acesso ao acampamento de forma violenta. Helicópteros estão sobrevoando a área. Dois camponeses do Acampamento foram agredidos na quinta-feira.
As famílias prometem resistir ao ataque injusto da PM.
Conclamamos o imediato e contundente repúdio a esta operação de guerra contra os camponeses que legitimamente lutam pelas terras públicas na área Jhone Santos em Ji-Paraná.
Conclamamos que todas as forças democráticas se levantem para barrar os ataques fascistas e a ameaça de banho de sangue em curso tramado por Enedy e Confúcio Moura.

O povo quer terra, não repressão!
Defender e apoiar os camponeses da área Jhone Santos!
Viva a luta dos camponeses do Acampamento Jhone Santos!
Pela imediata retirada do aparato de guerra da PM contra o acampamento!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental"

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Ciclo de Debates da Questão Agrária - 21 Anos da Heróica Resistência Camponesa de Corumbiara


21 Anos da Heróica Resistência Camponesa de Corumbiara

Transmitimos nota da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental sobre os 21 anos da Batalha de Santa Elina.

VIVA A HEROICA RESISTÊNCIA CAMPONESA DE CORUMBIARA!


Há 21 anos atrás, no dia 9 de agosto de 1995 ocorreu a Batalha de Santa Elina, também conhecida como Massacre de Corumbiara. 600 famílias camponesas sem terra montaram acampamento para conseguirem o sagrado direito à terra para nela viverem e trabalharem. Antenor Duarte, latifundiário vizinho, organizou outros grandes fazendeiros, contratou e armou pistoleiros e ordenou o ataque brutal contra os trabalhadores. Policiais da PM e do COE fortemente armados atacaram o acampamento de madrugada, juntamente com pistoleiros. Os camponeses resistiram bravamente com as armas que tinham: paus, foices e espingardas. Depois de rendidos, foram humilhados, espancados, torturados e executados. Vários camponeses foram assassinados ou morreram dias depois, outros desapareceram, dentre os assassinados estava a menina Vanessa, de apenas 7 anos. A maioria dos trabalhadores tem sequelas até hoje e muitos morreram ao longo destes 21 anos por doenças que poderiam ter sido evitadas ou tratadas, caso as famílias tivessem recebido indenização e tratamento de saúde adequado.



Na época, a heroica resistência em Corumbiara teve grande repercussão no país e no exterior, o que obrigou o governo FHC a “assentar” parte das famílias. A direção oportunista da CUT e PT/RO que traficava com os interesses das famílias de Santa Elina aceitou a proposta do governo de dividir as famílias em 3 áreas, sendo todas fora da Santa Elina. Assim uma parte das famílias foi para Rio Preto, próximo de Porto Velho, outras para Guarajús na região de Corumbiara e a maior parte para a região onde hoje é Palmares do Oeste.

O Estado brasileiro foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por esta barbaridade, mas a justiça não foi feita. Numa farsa de julgamento, dois líderes camponeses e dois soldados da Polícia Militar foram condenados e presos. Em 2015, numa audiência com os camponeses de Santa Elina sobre indenizações, um juiz teve a cara de pau de dizer que não houve massacre e que os crimes já prescreveram. Até hoje os maiores culpados seguem impunes: José Ventura Pereira, tenente-coronel que comandou as tropas assassinas; capitão Mena Mendes, era comandante do batalhão de Vilhena, foi promovido; Valdir Raupp (PMDB), governador na época e comandante geral da PM; Antenor Duarte, latifundiário mandante que sequer foi a julgamento; e não podemos deixar de citar o Major Hélio Cysnero Pachá que comandou o COE, durante a ação e foi promovido, hoje é coronel da PM e segue comandando a repressão ao povo. Nesses dias está a frente da repressão (através do gabinete de integração da SESDEC) às famílias que ocuparam o latifúndio Bom Futuro em Serigueiras, e quer agora 21 anos depois, repetir o que fez em Corumbiara em 1995.



Em 2010, finalmente os camponeses começaram a fazer justiça. Após uma tentativa frustrada em 2008, famílias organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres e o CODEVISE (Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina) conseguiram retomar mais da metade da fazenda Santa Elina cumprindo uma promessa antiga ratificada em todos os congressos da LCP. Foi uma grande vitória, uma conquista histórica do movimento camponês brasileiro. E como tudo na vida do povo, só foi possível com muita luta. Os camponeses cortaram as terras por conta e distribuíram entre si através do Corte Popular. Rapidamente, cada família ocupou seu lote e começou as plantações e criações, construíram casas, estradas e pontes, tudo com seus próprios esforços. Quando o Incra apareceu, só deu prejuízos. O superintendente na época, Carlino Lima, do PT, prometeu mundos e fundos para as famílias saírem da área, mas não cumpriu nada. Desconsiderou o corte realizado pelas famílias, fez um novo corte, diminuindo o tamanho e mudando o sentido dos lotes. Carlino/PT e dirigentes de movimentos oportunistas espalharam mentiras e calúnias contra lideranças camponesas combativas, gerando confusão, desconfiança, desunião e desânimo entre os camponeses e causando a prisão injusta de um trabalhador, por 9 meses. Mesmo com tudo isto, as famílias nunca deixaram de resistir e trabalhar. Criaram associações, aumentaram a produção. A antiga fazenda Santa Elina, hoje áreas Renato Nathan, Zé Bentão, Alzira Monteiro, Alberico Carvalho, Maranata, tem cerca de 800 famílias vivendo e trabalhando nos seus lotes. E prosseguem a luta, aumentando sua união e organização. Os comerciantes de Corumbiara, Chupinguaia e Cerejeiras sempre agradecem aos camponeses, pois a retomada da fazenda Santa Elina e a maior presença de camponeses ajuda a desenvolver a economia da região.



Em 1995, a maior parte das terras estava concentrada nas mão de um punhado de latifundiários e ricaços. De lá pra cá essa situação piorou. No gerenciamento de Lula/Dilma/PT aumentou a concentração da terra, e o latifúndio expandiu cerca de 100 milhões de hectares, o dobro de todo o período do gerenciamento dos militares e 5 vezes mais que FHC. No gerenciamento do oportunismo foi colocada uma pedra em cima da já falida reforma agrária do governo, e como nunca antes se viu, intensificou a criminalização, repressão e assassinatos de camponeses e indígenas. E agora o gerenciamento tampão de Temer (PMDB) dá continuidade e agrava essa situação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

EM DEFESA DOS PRESOS POLÍTICOS PALESTINOS

Traduzimos nota da organização democrática francesa Collectif Rouge Internationaliste - pour la défense des prisonniers politiques (Coletivo Internacionalista Vermelho - pela defesa dos presos políticos) denunciando a situação dos presos políticos da Palestina.


Convocação para opinião pública nacional e internacional para apoiar por todos os meios o movimento de luta dos presos políticos da Palestina ocupada. 

O movimento dos presos políticos palestinos em luta se intensifica cada vez mais - esta resistência é expressa em particular pelo surto de muitas greves de fome por tempo indeterminando - para denunciar e se opor às políticas de repressão, opressão e crime contra a humanidade que perpetuam as forças de ocupação da entidade sionista dentro das prisões na Palestina ocupada.

Estas políticas de violência indiscriminada desencadeada contra presos políticos na Palestina que declararam sua total solidariedade com o prisioneiro político Bilal Khaled  que entrou em greve de fome no mês de junho passado.

Hoje, este movimento de luta e confronto dentro das prisões estende-se ainda em solidariedade com os novos militantes, liderados pelo camarada Ahmad Saadat, secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

O que está acontecendo hoje nas prisões do inimigo é extremamente grave. Isto requer que todas as forças que lutam por justiça e democracia, e que também lutam contra as prisões políticas no mundo árabe e no mundo em geral, tomem medidas para rapidamente e o mais amplamente possível possam informar o combate travado por estes prisioneiros e possam dar-lhes o apoio necessário . É imperativo mobilizar todos os meios e em todos os sentidos possíveis, contra esta política sionista de terror cometida contra prisioneiros políticos e expressar mais uma vez o nosso apoio à resistência armada do povo palestino pela libertação de toda a Palestina.

Paris em 2016/08/01

Le CRI Rouge

Texto original em: http://vnd-peru.blogspot.com.br/2016/08/appel-pour-le-mouvement-de-lutte-des.html

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O estado policial e a morte de Jozelita de Souza





A repressão que assassina os jovens pobres filhos do povo também atinge de forma violenta suas famílias. Na quinta feira, dia 07 de julho, depois de muitos meses lutando por justiça, morreu Jozelita de Souza de falência múltipla dos órgãos, hospitalizada há vários sem comer, decorrente de uma profunda depressão desde o assassinato de seu filho mais novo.  Ela era a mãe de Roberto de Souza Penha, o Betinho de 16 anos, assassinado com mais de dez tiros na chacina de Costa Barros em novembro de 2015. Ao todo os PMs naquele dia dispararam 111 tiros somente no carro onde estava Betinho e outros quatro jovens.

Jozelita é vítima dessa política de extermínio da população pobre. Ela sentia uma grande tristeza com a saudade do filho e como disse uma das mães: “Só quem sente, sabe que mata!”. Mas, além disso, existia a indignação, a revolta com toda a humilhação, com o descaso e o desprezo, com o escárnio com que as instituições desse Estado tratam o povo. Jozelita é vítima também dessa “justiça” de classe, que está sempre procurando acobertar a ação criminosa dos policiais e que suspendeu a prisão preventiva dos quatro PMs que cometeram esse crime hediondo. Em seguida essa mesma “justiça” soltou os cinco policiais que foram filmados, por um morador da Providência, assassinando e disparando novo tiro com a arma colocada na mão do jovem Felipe depois de este ter sido morto por eles. Vídeos como esse, que flagram policiais assassinando jovens desarmados e já rendidos, existem dezenas na internet. Não são “casos isolados”.

É essa a realidade instalada no Brasil, e particularmente no Rio de Janeiro. Agora nova onda de violência é anunciada, porque assim como em 2013 e 2014, o Rio é entregue novamente para a farra financeira de grandes grupos econômicos. Enquanto os que governam decretam para todos os serviços públicos o estado de calamidade pública ao mesmo tempo jogam bilhões nas olimpíadas. Um rebotalho de políticos que representam a apodrecida natureza de classe desse velho Estado da grande burguesia, do latifúndio e serviçal do imperialismo, que mergulhado em imensa crise, cobra dos países dominados todos os recursos. E cobram consequentemente também a suspenção das leis e a instauração do Estado de exceção. Promovem uma deliberada “Guerra de Baixa Intensidade” contra as massas mais pobres a fim de impedir que estas conheçam sua verdadeira força e lutem pelos seus direitos.

Mesmo assim o povo se revolta e responde a tudo isso indignado, luta contra o fechamento dos hospitais, contra a destruição da educação com estudantes ocupando e defendendo suas escolas, professores lutando por seus salários e a dignidade da profissão. Mas para esses governantes mafiosos, a vida dos que lutam, da juventude e do povo pobre não tem nenhum valor. O surrado discurso de que os assassinatos de jovens pobres nas nossas comunidades são casos isolados não engana ninguém. Não existe polícia “despreparada”, existe a polícia preparada para fazer exatamente o que faz. Os massacres como o de Costa Barros, do Chapadão, do Alemão, da Maré e muitos outros se repetem continuadamente.

O povo do Rio conhece bem essa prática de como os policiais agem nas favelas, perseguem, assassinam jovens filhos do povo, alteram as cenas dos crimes, e ainda ameaçam familiares e mães, como no caso do policial que matou o pequeno Eduardo de 10 anos no Complexo do Alemão. Neste episódio, diante dos gritos da sua mãe a ameaçaram: “matei ele e posso matar você também”.
Os batalhões da PM têm um extenso histórico de crimes, assassinatos e genocídios. O hino do Bope deixa essa prática bem clara. Os agentes das forças policiais matam ora fardados em exercício da profissão, ora como milícias ou grupos de extermínio. Assassinam a juventude nas regiões metropolitanas, assim como fazem no campo como pistoleiros do latifúndio para assassinar índios e camponeses que lutam por suas terras.