Os Munduruku ocuparam o prédio da Funai de Itaituba (Pará) às 10 horas de hoje (sexta, 28) para exigir a demarcação da terra Sawré Muybu. A área é de ocupação centenária e já foi indicada para demarcação por técnicos da Funai, mas o processo está parado há mais de um ano em Brasília. São três aldeias que ficam em área a ser alagada pela usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Como remover indígenas de suas terras é vedado pela Constituição, a demarcação da área inviabiliza a construção da usina, que está em fase de estudos ambientais. Os Munduruku pedem a publicação do Relatório Circunstanciado que identifica e recomenda a imediata demarcação da área.
Foto: Marcio Isensee e Sá |
Há um mês os Munduruku deram início ao processo de autodemarcação de sua terra. Quatro quilômetros já foram abertos na mata. A ocupação do prédio da Funai foi precipitada depois que os indígenas acharam mais de 300 garimpeiros explorando as fronteiras de seu território, em um local considerado sagrado para eles. Os garimpeiros disseram que só vão sair depois que a área for demarcada. "Queremos que Brasília demarque logo nossa terra porque nós sabemos cuidar dela muito melhor que o Ibama ou ICMBio", disse o cacique Juarez Saw Munduruku, ao que foi saudado por cerca de 40 indígenas com os gritos de "Sawe" - o que, na tradição Munduruku, é o equivalente a aplausos.
Antes da ocupação, os Munduruku divulgaram uma carta denunciando o conflito iminente entre eles e os garimpeiros. Eles escrevem que se a demarcação não for concretizada, a Funai "estará provocando um conflito com proporções inimagináveis entre Munduruku e invasores".
Carta dos Munduruku divulgada antes da ocupação. |
A Agência Pública está dentro do prédio, cobrindo a ação. Enquanto não houver um retorno de Brasília, os funcionários não podem sair. Eles e os Munduruku dialogam pacificamente, enquanto todos aguardam uma resposta de Brasília. Na última ligação, a presidência da Funai informou que recorreria ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
Via: Agência Pública - https://www.facebook.com/agenciapublica?fref=nf