Em virtude do acirramento da repressão
e dos diversos ataques ao movimento camponês no estado de Rondônia o Centro
Brasileiro de Solidariedade aos Povos - CEBRASPO e a Associação Brasileira dos
Advogados do Povo - ABRAPO organizam manifesto já assinado por mais de 500
entidades e personalidades progressistas e democráticas. Entre os signatários
estão a Associação de Juízes para a Democracia, a Associação Americana de
Juristas / Rama Brasil, a Associação Brasileira de Reforma Agrária,
a Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública de Rondônia, o Centro
de Defesa dos Direitos Humanos Pedro Lobo, a Frente nacional Contra a
Privatização da Saúde, Associação Nacional dos Docentes das Instituições
de Ensino Superior – ANDES, Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz - ASFOC/SN, diversas associações de docentes, sindicatos,
professores, juristas, artistas e personalidades democráticas e progressistas como Ennio
Candotti, Roberto Leher, Vladimir Safatle, Luiz
Eduardo Soares, Virgínia Fontes, Eduardo Viveiros de Castro, Dermeval Saviani, José
Claudinei Lombardi, Carlos Frederico Mares, Dr. Siro Darlan, Dr. João
Tancredo, Dr. Jorge Luiz Souto Maior, Peter Pál Pelbart, Cacique Babau, Carlos
Latuff, Georgette Fadel, Armando Babaioff, Soraya Ravenle, a medalhista olímpica Marta de Souza Sobral, Dom Roque Paloschi presidente do
Conselho Indigenista Missionário, Padre Júlio Lancellotti, o
renomado professor e democrata indiano Amit Bhattacharyya e diversos
intelectuais honestos de todo o país.
Além do repúdio ao cerco policial que ocorria diariamente nas redondezas do acampamento Manoel Ribeiro, o manifesto também exige a liberdade imediata de 4 camponeses presos ilegalmente no último dia 14 de maio pela polícia militar. Esses episódios ocorrem logo após as declarações do genocida Bolsonaro atiçando a repressão contra os camponeses daquela região (https://cebraspo.blogspot.com/2021/05/bolsonaro-atica-ataque-lcp-em-rondonia.html?m=1).
O acampamento Manoel Ribeiro estava localizado na antiga fazenda Santa Elina, mesmas terras onde ocorreu o episódio conhecido como "Massacre de Corumbiara" em 1995. Em comunicado emitido no dia 23 de maio os camponeses informaram que por decisão unanime de sua Assembleia Popular defiram por uma retirada planificada e organizada da área. As 200 famílias realizaram uma façanha: bateram em retirada durante a madrugada sem serem vistos por todo o aparato policial montado em volta do acampamento. Segundo o pronunciamento, eles cumpriram uma "jornada vitoriosa para a Revolução Agrária" e com a retirada os planos de realizar mais massacre contra os camponeses foram frustrados. Ao invadir o acampamento os policiais encontram uma faixa com os dizeres "Voltaremos mais fortes e mais preparados!".
As assinaturas seguem em aberto,
envie um e-mail para cebraspo@gmail.com
Para informações
atualizadas acessem https://resistenciacamponesa.com/
NÃO ACEITAREMOS MAIS UM MASSACRE CONTRA O POVO BRASILEIRO
EM DEFESA DA VIDA DOS CAMPONESES DO ACAMPAMENTO MANOEL RIBEIRO E DA
LIGA DOS CAMPONESES POBRES, RONDÔNIA
Nós, movimentos
sociais, homens e mulheres cidadãos brasileiros e de outros países, vimos nos
posicionar contundentemente contra as ameaças do governo Bolsonaro e generais
de promover mais um massacre no campo. O recente crime bárbaro ocorrido no
Jacarezinho onde 27 pessoas foram executadas sem que seus crimes fossem
caracterizados, processos julgados e condenados, num país onde não há pena de
morte, mostra que eles não titubeiam, se preciso for, em violar as próprias
leis que dizem defender. A senha já foi dada: Bolsonaro chama todos os
movimentos sociais de defesa de direitos, nos quais se encontra o sagrado direito
a terra, de “terroristas”. E não somente, celebra o avanço do latifúndio de
velho e novo tipo (o agronegócio) sobre florestas protegidas, reservas
indígenas e terras públicas, ao arrepio da legislação e condenando quem quer
fiscalizar.
A situação da vez,
criminalizada diretamente por Bolsonaro, é o acampamento Manoel Ribeiro, da
Liga dos Camponeses Pobres, no município de Chupinguaia, Rondônia. Atualmente
mais de 200 famílias estão acampadas na área e foi montada operação ilegal de
guerra contra os camponeses, perseguições diárias e sistemáticas com uso de
bombas de gás lacrimogêneo, tiros de bala de borracha e spray de pimenta,
tentativas de invasão, uso de helicópteros sobrevoando o acampamento e ainda
cerco e isolamento da área, impedindo que as famílias possam locomover-se para
comprar produtos de subsistência básica, como clara tentativa de causar tortura
psicológica, terror e intimidação. Até a presença de trabalhadores da atenção
básica à saúde foi retirada, em plena pandemia de COVID-19, em que as ações de
vacinação estão sendo conduzidas para as populações de risco. Todo esse
ataque aos camponeses ocorre a despeito do Juiz responsável pelo processo de
reintegração de posse ter suspendido a mesma, garantindo, mesmo que
provisoriamente, a presença dos camponeses no local.
Numa escalada de
agressões contra o acampamento, no dia 14 de maio, os policiais atacaram
covardemente dez camponeses, prendendo outros quatro, em acusações infundadas e
forjadas com maquinação ilegal de plantar provas de crimes.
A região é parte da antiga fazenda Santa Elina, onde ocorreu o episódio que ficou conhecido como “Massacre de Corumbiara” em 1995, lembrado pelos camponeses como a Heroica Resistência Camponesa de Corumbiara, quando 12 camponeses que ocupavam a fazenda foram mortos pelas forças policiais e outras dezenas foram covardemente torturadas e espancadas, inclusive mulheres e crianças. Essa ação hedionda ocorreu sob o comando do coronel José Hélio Cysneiros Pachá, hoje o secretário de segurança pública do Estado de Rondônia, que está à frente de ações ilegais perpetradas contra os camponeses que ocupam a área.