Após a perícia da Polícia Civil afirmar que as escoriações no corpo de Dougas (DG) seriam compatíveis com uma morte por queda, o Instituto Médico Legal desmentiu a versão, já contestada por amigos e vizinhos de DG, afirmando que havia uma perfuração no corpo provavelmente ocasionada por disparo de fuzil. O delegado Gilberto Ribeiro saiu em defesa dos peritos, dizendo que o corpo estaria coberto de sangue e era difícil notar a perfuração. Uma foto do corpo de DG no local de seu assassinato, divulgada no dia seguinte, mostra que a perfuração era evidente para qualquer leigo.
O povo deve cobrar a devida apuração do crime, a punição dos assassinos de DG, e lutar pelo fim das políticas terroristas de extermínio de pobres aplicadas pelo Estado no campo e na cidade. Os crimes praticados contra o povo por policiais, como prisões arbitrárias, execuções, tortura, ocultação de cadáver, costumam ter o aval de todas as instâncias dentro do Estado, nas polícias, no judiciário ou nos monopólios de imprensa, como ocorria durante o regime militar, tem ocorrido contra camponeses em luta pela terra, e também é frequente nas favelas.
A morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, o dançarino DG, causou revolta aos moradores dos morros do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. Ao contrário do que diz o monopólio de imprensa, as massas que desceram às ruas de Copacabana na noite de terça feira, assim como os moradores de tantos outros bairros pobres que têm se levantado contra a violência policial, não são bandidos. Não são necessárias as especulações nem os preconceitos da Rede Globo para investigar as causas dos protestos contra UPPs, basta reconhecer que as constantes mortes de moradores de favelas pela PMERJ são motivos de sobra para gerar, além de terror e pânico, bastante revolta na população que é alvo dessa política de extermínios sistemáticos.
Embora a versão de que os protestos em favelas seriam orquestrados pelo tráfico exalte a posição de outros grupos criminosos em relação à suposta credibilidade das UPPs, ainda parece melhor à grande imprensa repeti-lo para justificar a guerra da polícia aos protestos em favelas. Notícias dizem que mais um homem de 30 anos morreu durante os protestos em Copacabana e uma criança de 12 anos foi baleada. Mas as vítimas são muitos mais. São todos que vivem sob o terrorismo de um Estado que não garante nem respeita direitos do povo, que assassina e ainda tenta fazer crer que criminoso é quem luta contra o extermínio do povo pobre.