quarta-feira, 7 de junho de 2006

Liberdade imediata para Bruno Maranhão e os militantes camponeses do Movimento de Libertação dos Sem Terra


O CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, se une às organizações populares e aos democratas na campanha pela libertação imediata do líder do MLST/Movimento de Libertação dos Sem Terra, Bruno Maranhão e de todos os militantes camponeses presos.

Não fazemos coro com a histeria dos monopólios da imprensa que, depois dos desdobramentos da manifestação do MLST no Congresso Nacional, em Brasília, no dia 6 de junho passado, insistem, como sempre, em tentar transformar camponeses em luta em “vândalos”, “baderneiros” e “criminosos”. A tentativa de descaracterização da luta dos camponeses pela posse da terra, assim como a tentativa de desqualificação de sua liderança, fazem parte da sistemática campanha de criminalização das lutas sociais no país, desenvolvida pela reação e apoiada pelos monopólios da imprensa que a ela servem.

Para quem quer ver a realidade dos fatos, ficou evidente que o confronto ocorreu em conseqüência da explosão da revolta dos camponeses diante da proibição imposta pela polícia do Congresso à entrada do grupo no local.

Negar isso é menosprezar a grande indignação do povo brasileiro com a roubalheira generalizada, com as negociatas e com os infindáveis escândalos de corrupção que se sucedem, impunemente, no Congresso Nacional. Negar isso é fazer “vista grossa” à revolta crescente do povo brasileiro com o aumento da miséria e da fome, particularmente no campo, onde se mantém a concentração da terra, a exploração e a repressão de milhões de camponeses pobres.

Aliás, os parlamentares de todos os partidos, igualmente, repetiram o mesmo refrão apontando o conflito como um “ato de vandalismo” e um “ataque à democracia”. Que democracia é essa, senhores parlamentares? A “democracia” das seguidas negociatas praticadas no Congresso, onde a violação dos interesses do povo são legalizadas; nossas riquezas são vilipendiadas e os interesses imperialistas são sempre homologados? A “democracia de 14 milhões de brasileiros passando fome e 72 milhões sem alimentos em quantidade e qualidade adequadas?

Numa mesma toada todos exigiam a punição imediata dos camponeses com o rigor da lei. “Cadeia é uma boa solução”, afirmou a imprensa mais reacionária!

Por sua vez, o presidente do Congresso, o “comunista” Aldo Rebelo, se arvorou em chefe de polícia e deu ordem de prisão aos manifestantes mostrando que, longe de honrar a história de luta dos comunistas, está, sim, à altura de servir às classes dominantes e a este Congresso apodrecido.

E o PT, afundado no pântano da corrupção, alimentou o discurso reacionário da imprensa destituindo imediatamente o líder do MLST, Bruno Maranhão, da Executiva Nacional do partido e admitindo que ele pode, inclusive, ser expulso do partido.

Ninguém se dispôs, é claro, a discutir o objetivo da manifestação. Ignoraram, solenemente, que os camponeses queriam ocupar as dependências do Congresso para protestar contra o decreto-lei que proíbe vistorias em terras ocupadas; para exigir a votação imediata da PEC Trabalho Escravo, que expropria as propriedades identificadas com o trabalho escravo e destina suas terras para a reforma agrária; a recuperação, para fins de reforma agrária, de terras da União griladas pelo agro-negócio, entre outras questões.

Por que nenhum trabalhador, ou camponês, foi entrevistado a respeito dos acontecimentos de 6 de junho? O que o povo pensa a respeito dos deputados e senadores? Por que essa histeria não aconteceu quando o Exército invadiu o Morro do Juramento, no Rio de Janeiro, onde vivem milhares de trabalhadores? Ou quando o “caveirão” entra nas favelas da cidade atacando indiscriminadamente os moradores e aterrorizando crianças inocentes? Nada disso é considerado, por eles, “vandalismo”. Por que não usam a mesma virulência para criticar a ação da polícia contra o povo, como aconteceu recentemente em São Paulo, onde o número de mortes de suspeitos pode chegar a mais de 400?

Essa campanha difamatória e reacionária certamente não mudará a opinião da maioria da população sobre os políticos e o Congresso. Nem impedirá o prosseguimento da luta dos camponeses por seus direitos, pela terra e pela vida.

Liberdade imediata para o líder do MLST, Bruno Maranhão, e todos os camponeses presos!

CEBRASPO
Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos

Junho de 2006