O
CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, se une às
organizações populares e aos democratas na campanha pela libertação
imediata do líder do MLST/Movimento de Libertação dos Sem Terra,
Bruno Maranhão e de todos os militantes camponeses presos.
Não
fazemos coro com a histeria dos monopólios da imprensa que, depois
dos desdobramentos da manifestação do MLST no Congresso Nacional,
em Brasília, no dia 6 de junho passado, insistem, como sempre, em
tentar transformar camponeses em luta em “vândalos”,
“baderneiros” e “criminosos”. A tentativa de
descaracterização da luta dos camponeses pela posse da terra, assim
como a tentativa de desqualificação de sua liderança, fazem parte
da sistemática campanha de criminalização das lutas sociais no
país, desenvolvida pela reação e apoiada pelos monopólios da
imprensa que a ela servem.
Para
quem quer ver a realidade dos fatos, ficou evidente que o confronto
ocorreu em conseqüência da explosão da revolta dos camponeses
diante da proibição imposta pela polícia do Congresso à entrada
do grupo no local.
Negar
isso é menosprezar a grande indignação do povo brasileiro com a
roubalheira generalizada, com as negociatas e com os infindáveis
escândalos de corrupção que se sucedem, impunemente, no Congresso
Nacional. Negar isso é fazer “vista grossa” à revolta crescente
do povo brasileiro com o aumento da miséria e da fome,
particularmente no campo, onde se mantém a concentração da terra,
a exploração e a repressão de milhões de camponeses pobres.
Aliás,
os parlamentares de todos os partidos, igualmente, repetiram o mesmo
refrão apontando o conflito como um “ato de vandalismo” e um
“ataque à democracia”. Que democracia é essa, senhores
parlamentares? A “democracia” das seguidas negociatas praticadas
no Congresso, onde a violação dos interesses do povo são
legalizadas; nossas riquezas são vilipendiadas e os interesses
imperialistas são sempre homologados? A “democracia de 14 milhões
de brasileiros passando fome e 72 milhões sem alimentos em
quantidade e qualidade adequadas?
Numa
mesma toada todos exigiam a punição imediata dos camponeses com o
rigor da lei. “Cadeia é uma boa solução”, afirmou a imprensa
mais reacionária!
Por
sua vez, o presidente do Congresso, o “comunista” Aldo Rebelo, se
arvorou em chefe de polícia e deu ordem de prisão aos manifestantes
mostrando que, longe de honrar a história de luta dos comunistas,
está, sim, à altura de servir às classes dominantes e a este
Congresso apodrecido.
E
o PT, afundado no pântano da corrupção, alimentou o discurso
reacionário da imprensa destituindo imediatamente o líder do MLST,
Bruno Maranhão, da Executiva Nacional do partido e admitindo que ele
pode, inclusive, ser expulso do partido.
Ninguém
se dispôs, é claro, a discutir o objetivo da manifestação.
Ignoraram, solenemente, que os camponeses queriam ocupar as
dependências do Congresso para protestar contra o decreto-lei que
proíbe vistorias em terras ocupadas; para exigir a votação
imediata da PEC Trabalho Escravo, que expropria as propriedades
identificadas com o trabalho escravo e destina suas terras para a
reforma agrária; a recuperação, para fins de reforma agrária, de
terras da União griladas pelo agro-negócio, entre outras questões.
Por
que nenhum trabalhador, ou camponês, foi entrevistado a respeito dos
acontecimentos de 6 de junho? O que o povo pensa a respeito dos
deputados e senadores? Por que essa histeria não aconteceu quando o
Exército invadiu o Morro do Juramento, no Rio de Janeiro, onde vivem
milhares de trabalhadores? Ou quando o “caveirão” entra nas
favelas da cidade atacando indiscriminadamente os moradores e
aterrorizando crianças inocentes? Nada disso é considerado, por
eles, “vandalismo”. Por que não usam a mesma virulência para
criticar a ação da polícia contra o povo, como aconteceu
recentemente em São Paulo, onde o número de mortes de suspeitos
pode chegar a mais de 400?
Essa
campanha difamatória e reacionária certamente não mudará a
opinião da maioria da população sobre os políticos e o Congresso.
Nem impedirá o prosseguimento da luta dos camponeses por seus
direitos, pela terra e pela vida.
Liberdade
imediata para o líder do MLST, Bruno Maranhão, e todos os
camponeses presos!
CEBRASPO
Centro
Brasileiro de Solidariedade aos Povos
Junho
de 2006