No domingo, dia 22 de janeiro, toda a truculência desencadeada
contra milhares de famílias desalojadas do bairro Pinheirinho, em
São José dos Campos, comprovou, mais uma vez, a que ponto tem
chegado os absurdos cometidos contra o povo pobre no Brasil. O
CEBRASPO se solidariza com a população de Pinheirinho em sua justa
luta pelo seu direito à moradia e convoca todas as entidades,
democratas, lutadores e todos que defendem os direitos do povo a
denunciar mais essa agressão, mais esse crime praticado contra o
povo brasileiro.
Não só no Brasil, mas pessoas em todo o mundo assistiram o que
ocorreu. Não são mais cenas do Egito, da Síria ou da Grécia. Essa
mesma política que o imperialismo orienta em todo o mundo é
apresentada ao povo brasileiro como um aviso do que está por vir. O
fato de terem sido usados 2000 soldados da tropa de choque da PM de
São Paulo, da ROTA e da Guarda Municipal, com 220 viaturas, 40 cães
e 300 agentes da Prefeitura., é apenas uma amostra da realidade do
“Estado de Direito”, do “Estado Democrático” que vigora no
nosso país. Na ação, também foram utilizados cavalaria,
armamentos letais, balas de borracha, gás lacrimogêneo e de
pimenta. Celulares, telefones e internet foram cortados. Tudo
deliberadamente preparado para que o crime e as atrocidades das
forças policiais não pudessem ser divulgados na sua verdadeira
dimensão. As forças de repressão tornaram o local inacessível e
foram convocadas as polícias de 33 municípios para promover o
massacre. A região se transformou em uma praça de guerra. O clima
de terror instalado para intimidar a resistência das famílias
contou, inclusive, com helicópteros e veículos blindados. E como se
tudo isso não fosse suficiente, como se não bastassem as mortes e
agressões, tratores foram usados para realizar a demolição de
casas com os pertences dos moradores dentro. Numa demonstração de
ódio ao povo que se organiza e luta em defesa dos seus direitos.
Como já é feito na Palestina e em várias outras partes do mundo.
Tudo isso faz parte desta escalada fascista, dessa política de
tolerância zero com o povo pobre, de tratar dos problemas sociais
com Exército, Forças Especiais e polícias. De realizar toda uma
campanha de criminalização das organizações do povo e de sua
luta. Essa é a orientação do imperialismo que se espalha pelo
mundo para ser aplicada pelos Estados submissos, como o Estado
brasileiro. O que é seguido à risca tanto pelas gerências
estaduais como na federal.
Agora são contados os mortos do lado do povo, inclusive de crianças.
Todo o enorme transtorno e sofrimento daquele povo vêm sendo
divulgado por todos os meios, naturalmente fora do monopólio de
imprensa. Da mesma forma, os detalhes e os crimes das máfias dos
grupos de poder que tinham interesse nessa remoção vão sendo
também conhecidos, e toda a proporção do crime, vai ficando clara,
por mais que e o monopólio de imprensa tente esconder. Que a
comunidade do Pinheirinho vivia em um terreno de mais de 1 milhão de
metros quadrados, situado em São José dos Campos-SP, onde moravam
milhares de pessoas desde 2004. Que a desocupação dos terrenos
atende aos interesses da especulação imobiliária, do investidor
libanês Naji Nahas, que deve R$ 15 milhões, só à prefeitura da
cidade. Afora sua história de roubos e operações financeiras
fraudulentas conhecidas em todo o país. E as ligações não só
dele, mas de todo o ramo imobiliário com políticos e partidos.
Essa situação vem se repetindo em todas as esferas de poder desse
velho e apodrecido Estado. Onde as máfias e os grandes grupos
econômicos são capazes de todos os crimes para assegurar sua
roubalheira, às custas da expulsão e dos massacres do povo. Assim
estão agindo no Rio de Janeiro na preparação da Copa do mundo e
das olimpíadas, que serão na verdade totalmente controladas por
essas máfias e grupos. Assim como acontece no campo, onde o grande
latifúndio, atualmente denominado de agronegócio, realize a maior
concentração de terras do mundo, às custas também, do massacres
de camponeses. Que são perseguidos de todas as formas, com a
multiplicação dos crimes e assassinatos dos que lutam pela terra.
Com todo o apoio e comemorações dos políticos de turno no poder de
Estado, e com a impunidade assegurada pela “justiça”.
No massacre de Pinheirinho inclusive, a comunidade aguardava uma
negociação com essa “justiça”. Mas a ação traiçoeira da
Polícia Militar que agia sob as ordens diretas do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e com um juiz “de plantão”,
impediu que isso acontecesse.
A discussão que foi divulgada nesses dias pelo monopólio de
imprensa, sobre “qual” “justiça” foi responsável por
autorizar o massacre, (estimula, como é do papel desse tipo de
imprensa) e expõe apenas o futuro uso eleitoral do massacre. Em
nenhum momento essa discussão cogita a restituição das casas para
as famílias por qualquer “justiça”. Ou por qualquer dos
políticos oportunistas que empolam a voz, como Dilma Roussef e
outros do PT, para falar de exageros ou “excessos”! Agora
aproveitam para criticar o “massacre do PSDB”, como se os
massacres do PT fossem “democráticos”.
Esse Estado e essa “justiça” deixam claro, mais uma vez, a que
classe servem. Saem prontamente em defesa de um de seus mais
característicos representantes, o bandido de colarinho branco. Para
garantir os interesses de gente desse tipo, toda essa “justiça”
e esse Estado se mobilizam imediatamente. Enquanto atacam, reprimem e
massacram o povo, para o qual não existe nenhum tipo de direito.
Como nesse caso, onde milhares de famílias, velhos, crianças,
jovens, homens e mulheres, são agredidos brutalmente, massacrados e
presos, por apenas lutarem pelo seu direito à moradia.
Essa escalada fascista vem se desenvolvendo no nosso país. Contra
os que lutam no campo e na cidade. Essa mesma mobilização de forças
militares e policiais para massacrar e assassinar o povo pobre que
luta pelos seus direitos não acontece pela primeira vez. A
repressão e desocupação com massacres e assassinatos já ocorreu
em Belo Horizonte-MG, na Vila Corumbiara (1996); em Betim-MG, na
Bandeira Vermelha (1998). E na fazenda Forkilha, em Redenção –
Sul do Pará (2007). E recentemente, no mês de dezembro, quando o
governo de Dilma Roussef convocou exército e aeronáutica para
ameaçarem um novo massacre na fazenda Sta Elina, em Rondônia. É a
mesma repressão que age nas comunidades do Rio de Janeiro. Sempre as
“Forças Especiais” das Polícias Militares acompanhadas pela
“Força Nacional”, sempre o mesmo Estado na manutenção dos
privilégios e da alta concentração de riquezas dos grupos em torno
do poder, enquanto reprimem ferozmente a revolta e a luta do povo
pelos seus direitos.
Essa é a característica que segue se acentuando e desenvolvendo o
velho Estado no Brasil. E tanto as gerências estaduais quanto a
federal se esmeram em cumprir essas exigências e a presidirem a mais
feroz repressão contra o povo. O crescimento do fascismo, a
agressão contra os povos em luta, contra as populações e
comunidades que defendem os seus direitos, essa tem sido a única
alternativa desse Estado genocida por natureza. Sempre acompanhado e
apoiado pela sua “justiça” e pelo monopólio de imprensa.
Não é esse ou aquele partido, todos os que querem gerenciar esse
putrefato Estado, todos os que disputam seus lugares nessa máquina,
além de sua promessa e cantos de sereia eleitoreiros se dispõem a
fazer parte dessa mesma política genocida.
TODO
APOIO A LUTA PELA MORADIA!
PELA
DEVOLUÇÂO DAS CASAS E INDENIZAÇÃO AS FAMILIAS!
PELO
DIREITO DO POVO LUTAR PELOS SEUS DIREITOS!
CEBRASPO
- Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos