quarta-feira, 3 de abril de 2024

 




VITÓRIA DA LUTA POPULAR: absolvição dos 23 manifestantes de 2013 e 2014.


Após quase 10 anos de um processo calcado em nenhum ato material que configura a prática de crimes, o Judiciário finalmente reconheceu que os jovens que participaram das Jornadas de luta popular, de 2013 e 2014 no Rio de Janeiro, não praticaram nenhum crime absolvendo-os de todas as acusações forjadas. Era difícil admitir o contrário: todo o processo, com seus 48 volumes, era pura farsa montada em cima de depoimentos de policiais e agentes da Força Nacional infiltrados sem ordem judicial. Desde o início ficou evidenciada a tentativa de criminalizar o protesto popular.

Com a declaração de ilicitude das supostas provas por parte do STF e sua consequente retirada do processo, nada mais restou que pudesse ser enquadrado no Código Penal e caiu por terra toda a farsa montada - lembramos que a denúncia oferecida pelo Ministério Público foi aceita pela 27 Vara Criminal em apenas 2 horas. 

Desde o início deste longo processo no qual o CEBRASPO esteve a postos para contribuir com a campanha em defesa dos ativistas envolvidos e de todas as organizações que estavam sendo criminalizadas, falávamos que tinha um conteúdo eminentemente político: era uma tentativa de intimidação e interrupção da luta popular que eclodiu em 2013. Em que pese a espontaneidade da emergência das manifestações, ali estiveram presentes o repúdio à deterioração das condições de vida, ao desemprego estrutural, ao sucateamento dos serviços de saúde e educação, ao aumento da violência policial e à criminalização da juventude, principalmente negra e pobre. E soma-se a este quadro a corrupção a olhos vistos nas obras do PAC, da Copa da FIFA e das Olimpíadas.

O governo Dilma à época poderia ter visto nas milhões de pessoas mobilizadas por direitos uma janela de oportunidade para romper com amarras históricas para que o país saísse de sua situação de nação espoliada pelo imperialismo e refém dos interesses do latifúndio e da grande burguesia, ambos monopolizadores de benesses do Estado. Em vez de enfrentar a derrama da dívida externa, tributo imperial aos banqueiros, passou leis anti democráticas como a Lei anti terrorismo e das organizações criminosas, usadas contra manifestantes em diversas ocasiões. Em conluio com Sergio Cabral que estava sendo cobrado nas ruas pela corrupção e o sumiço do trabalhador Amarildo pela UPP da Rocinha, e com o apoio monopólio de imprensa que já julgava os manifestantes como bandidos e terroristas, infiltrou ilegalmente agentes para montar a fraude deste processo, e de outros que ocorreram por todo o país.

Ao longo desses anos de infame processo e inequívoca perseguição e criminalização da luta popular, os danos aos envolvidos foram diversos: durante a maior parte desse período os 23 foram cassados em seus direitos e garantias constitucionais fundamentais. Perderam a liberdade de manifestação, pois foram proibidos de participar de reuniões e manifestações públicas; foram privados de seu direito de ir e vir, proibidos de se deslocar para fora do município do Rio de Janeiro; manifestantes não conseguiram empregos, servidores foram ameaçados de exoneração; alguns tiveram que amargar de forma injusta as iniquidades das prisões, um ativista ficou 7 meses em presídio de segurança máxima; além disso, familiares, principalmente os idosos, tiveram graves impactos em sua saúde. 

Saudamos a firmeza dos manifestantes diante da criminalização não só por parte das instituições do Estado, mas também da imprensa monopolista. Saudamos também a solidariedade das mais diversas entidades e de todas as defensoras e defensores dos direitos do povo que mantiveram a campanha em defesa dos 23 por todo esse período através de atos, debates, panfletagens e da solidariedade ativa com os familiares. Queremos destacar especialmente o esforço de mães, companheiras/os e demais familiares, pessoas que adquiriram muitas vezes consciência dos determinantes políticos do processo durante as campanhas e que foram baluarte do trabalho de defesa do CEBRASPO. Saudamos os advogados populares que atuaram com firmeza no processo e todos aqueles que contribuíram no campo jurídico para demonstrar a fraude processual. 

Lembramos especialmente de dois lutadores incansáveis que não estão mais fisicamente conosco e que dedicaram a maior parte do final da sua militância nessa campanha: José Sales Pimenta e José Maria Galhasi, membros fundadores do CEBRASPO e destacados defensores dos diretos do povo no campo e na cidade

Companheiro Jose Pimenta, Presente na Luta!

Companheiro José Maria, Presente na Luta

A absolvição dos 23 é uma retumbante vitória política!  O que foi ganho nos tribunais é expressão da derrota daqueles que tentaram criminalizar e apagar o legado de junho de 2013 e a luta contra a Copa em 2014. E não temos dúvidas de que a luta popular alcançará novos patamares pois as causas presentes em 2013 persistem e são mais graves. Os golpistas que querem retirar os direitos democráticos para aprofundar essa ordem econômica e social em crise, em face da ameaça que 2013 representou de mudança real, estão aí presentes, não foram punidos. O governo de turno não garante os direitos do povo, aponta em nenhuma direção da manutenção a garantia dos direitos do povo. Vejamos em São Paulo onde jovens que iam a uma manifestação estão sendo processados na Justiça Federal por abolição violenta do Estado democrático de direito. Vejamos o campo, onde lutadores pela terra são criminalizados e perseguidos por agentes do Estado e capangas dos latifundiários

Convocamos as forças populares a se manterem ativas e vigilantes pois se 2013 virá novamente maior e mais forte, caberá aos verdadeiros democratas e defensores dos direitos do povo denunciar e lutar contra todas as formas de perseguição e criminalização do movimento popular.



LUTAR NÃO É CRIME!

VIVA AS MANIFESTAÇÕES POPULARES DE 2013 e 2014



 

Estado é condenado a pagar indenização por morte de jovem em 2008.

Jovem Andreu Carvalho foi torturado e morto  em unidade do Degase no ano de 2008.

A decisão da 7ª Câmara de Direito Público atendeu a um ação movida pela mãe de Andreu Luiz Carvalho, Deide Silva Carvalho. Ela também pedia a condenação de seis acusados de envolvimento no episódio e que atualmente aguardam definição sobre o julgamento. 

O jovem sequer foi julgado. Na véspera do Ano Novo ele foi preso por policiais militares ao sair da Praia do Arpoador, na zonal sul da cidade, acusado de ter roubado um celular, foi levado para o Centro de Triagem e Recepção do Degase, local em que foi torturado até a morte. 

Deise Carvalho avalia junto com os advogados que acompanham os processos se vai recorrer da decisão em tribunais superiores em Brasília, considerando que o valor da condenação, atualizado, desde 2008, pode passar de R$ 500 mil.


terça-feira, 12 de março de 2024

 

SC: Moradores fecham vias após assassinato de jovem por policial.


Fonte: Jornal A Nova Democracia.


Segundo moradores, jovem assassinado pela polícia civil estava desarmado. Protesto começou no sábado e seguiu até a madrugada de domingo.

Moradores de diferentes favelas do bairro Monte Cristo fecharam diferentes vias em um protesto durante o dia 9 de março, organizado após o assassinato, dois dias antes, de um jovem na favela da Grota por policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Os moradores afirmam que o jovem estava desarmado.

O protesto concentrou moradores das favelas da Grota, Chico Mendes, Sapé e outras comunidades. Vídeos registram imensas barricadas de fogo em importantes vias da região, como Avenida Josué di Bernardi, Joaquim Nabuco e José Antonio Tonolli. A revolta popular em condenação às incursões e assassinatos da polícia nas comunidades começou na tarde do dia 09/03 e seguiu até a madrugada do dia 10/03.

Em entrevista ao correspondente local de AND, moradores afirmaram que a polícia reprimiu o protesto com o uso de gás de pimenta e balas de borracha. Uma criança foi baleada durante a manifestação. A repressão não foi aceita pelos manifestantes e houve confronto. Segundo a imprensa local, um policial ficou ferido na cabeça após ser atingido por uma pedra.

A violência policial na cidade de Florianópolis vem em uma crescente, bem como as manifestações populares contra esse cenário de aumento das violações dos direitos. No ano passado, moradores do Morro da Caixa também protestaram após PMs agredirem uma criança autista durante uma abordagem.

Vejo mais: https://anovademocracia.com.br/sc-moradores-fecham-vias-apos-assassinato-de-jovem-por-policial/



segunda-feira, 11 de março de 2024

Governo cancela atos oficiais em denúncia dos 60 anos do golpe militar.



Acovardado diante dos generais das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio deu uma orientação direcionada a seus ministérios: paralisar toda e qualquer iniciativa que trate dos do golpe militar-empresarial de 1º de abril de 1964, que neste ano completará 60 anos.

Acovardado diante dos generais das Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio deu uma orientação direcionada a todos os seus ministérios: paralisar toda e qualquer iniciativa que trate dos do golpe militar-empresarial de 1º de abril de 1964, que neste ano completará 60 anos. Atos oficiais, solenidades, menções em discursos dos integrantes do governo, publicação de materiais ou inauguração de marcos em memória dos crimes e violações de direitos que os militares reacionários cometeram nos 21 anos do regime – tudo está suspenso por ordens expressas de Lula.

Na última quinta-feira, 7 de março, o presidente Luiz Inácio se reuniu com Silvio Almeida, ministro de Direitos Humanos, pasta que possuía (até então) uma programação extensa sobre o tema. A informação é do Correio Braziliense.

Também não deverá ser efetivado a criação de um Museu da Memória e da Verdade. Enquanto ainda estava à frente do ministério da Justiça, Flávio Dino anunciou a iniciativa durante um evento no Chile em repúdio aos 50 anos do golpe de Pinochet.

A ordem de Luiz Inácio é oferecer um acordo com os generais que, em troca, deixariam de publicar a sua “Ordem do Dia” no dia 31 de março. Ano após ano, os Comandantes das Forças Armadas celebram a data através da “Ordem”, que é lida em todos os quartéis do país.

O governo federal já havia engavetado a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. E no último dia 27 de fevereiro, Luiz Inácio, durante entrevista, afirmou que não se deve “remoer a história”. A declaração foi defendida por Hamilton Mourão.

Caberá aos verdadeiros democratas, organizações populares e movimentos de luta do povo brasileiro a fundamental tarefa de denunciar o golpismo de ontem e de hoje do Regime Militar.

O jornal A Nova Democracia organizará um Ato Político no dia 25 de abril sob o mote Nem esquecer, nem apaziguar: condenar o golpe ontem e hoje!. Um trecho da convocatória pode ser lido abaixo:

“É urgente que os progressistas, democratas genuínos e revolucionários empreendam sério combate ao golpismo, condenando os 60 anos do golpe militar de 1964 e o golpismo ainda hoje. Como parte de combater a política do apaziguamento (apenas uma forma de acovardar-se), exigimos que seja reinstalada a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos pelo governo de turno, por se tratar de uma demanda sentida dos familiares e de importância sem igual para trazer ao debate político nacional os horrores fascistas do regime militar. Se faz necessário defender as liberdades democráticas, já tão parcas e sob ataques permanentes, através da urgente mobilização.”

A convocatória pode ser lida na íntegra aqui.

 

800 famílias organizadas pelo MST ocupam latifúndio em MG e área da Codevasf em BA em resposta à ‘lentidão na reforma agrária’.


Fonte: Jornal A Nova Democracia.

Essa é a primeira ocupação de terra do MST no ano de 2024, e ocorre após um ano de 2023 marcado pela discrepância entre a paralisia completa na compra de terras para a reforma agrária e os grandes investimentos no latifúndio por parte do governo. 



Cerca de 800 famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam um latifúndio em Minas Gerais e terras associadas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales de São Francisco e Parnaíba (Codevasf), na Bahia, nos dias 8 e 10 de março. Em pronunciamentos, os camponeses criticaram o governo por não entregar terras aos camponeses. Essa é a primeira ocupação de terra do MST no ano de 2024, e ocorre após um ano de 2023 marcado pela discrepância entre a paralisia completa na compra de terras para a reforma agrária e os investimentos vultosos no latifúndio por parte do governo. 

A terra ocupada em Minas Gerais fica localizada em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte. As 500 famílias que ocuparam o latifúndio afirmam que a fazenda foi abandonada pelos proprietários e estava improdutiva. 

Segundo uma liderança do estado, a ocupação foi uma resposta à lentidão do governo em atender as exigências dos camponeses e ocorreu como “a alternativa mais legítima de lutar pelo direito à terra”. 

Em 2023, o governo Lula não comprou nenhuma terra para reforma agrária, apesar das promessas do governo de montar uma “prateleira de terras”. A justificativa central para a falta de entrega de terras foi a “falta de orçamento”, mas muitos camponeses questionam a explicação frente à destinação de valores que ultrapassam R$ 300 bilhões ao agronegócio por meio de créditos a juros baixos. 

Um pedido de reintegração de posse foi acionado na justiça, mas negado pelo órgão judicial. Sobre o pedido, o MST afirmou que “esses não conseguiram demonstrar que têm a posse da terra e não conseguiram comprovar a produtividade da fazenda, que está abandonada há quase uma década”.

Na Bahia, os camponeses fizeram exigências similares. Lá, foram cerca de 300 famílias que ocuparam uma área da Codevasf no dia 10/03. Os camponeses denunciaram tanto a falta de terras quanto a falta de água na região, e culparam a Codevasf pela situação de precariedade. 

A Codevasf afirmou que a água disponível é ofertada para os agricultores regularmente registrados no empreendimento. 

Reforma agrária continuará sepultada

Durante todo o ano de 2023, a equipe de Luiz Inácio insistiu na impossibilidade de realizar uma reforma agrária com o valor baixo deixado pelo orçamento de Bolsonaro. Contudo, não houve uma diferença significativa no orçamento para o Instituto de Colonização e Reforma Agrária de 2023 para 2024: enquanto no orçamento deixado por Bolsonaro a cifra total do instituto era de R$ 2,85 bilhões, o montado por Lula dedicou R$ 2,89 bilhões ao órgão. Segundo cálculos de grupos como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o aumento de R$ 400 milhões está longe de ser o suficiente. Para a Contag, uma política de reforma agrária efetiva demandaria, pelo menos, R$ 7 bilhões. 

Com elevações tão miseráveis, é esperado que os resultados para 2024 não se diferenciem muito de 2023. O ano passado teve o menor número de assentados em todos os governos petistas. Em contraposição, camponeses se levantaram em diferentes cantos do País por todo o ano em ocupações para conquistar as terras pelas próprias mãos. Foi assim em lutas importantes como a do Acampamento Mãe Bernadete, no Sul da Bahia e na ocupação das terras do Projeto Jaíba, em Minas Gerais, ambas apoiadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e transformadas imediatamente em acampamentos produtivos, com terras repartidas e distribuídas entre os camponeses, e em diferentes ocupações realizadas pela Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL) durante o Carnaval Vermelho. O próprio MST também ocupou diferentes terras, principalmente para pressionar o governo.

Por outro lado, os latifundiários podem expectar a manutenção dos grandes investimentos no setor. Em fevereiro deste ano, o governo anunciou o investimento de mais R$ 6 bilhões no “BNDES Crédito Rural”. O programa foi criado no ano passado como forma de fomentar o “agronegócio” (latifúndio) por meio de empréstimos em dólar e, portanto, com juros reduzido. Justamente pelo foco no empréstimo na moeda norte-americana, a medida tem foco no setor da exportação, e beneficia diretamente o latifúndio produtor de commodities.

quinta-feira, 7 de março de 2024



CE: Ativistas agitam capital cearense com panfletagem pró-Palestina.


Fonte: Jornal A Nova Democracia.


No dia 2 de março, a Frente Cearense de Apoio à Resistência Palestina realizou uma importante agitação com microfone, bandeiras e panfletos para demonstrar a solidariedade internacional com o povo palestino.



Na manhã do dia 2 de março, a Frente Cearense de Apoio à Resistência Palestina promoveu uma importante agitação “em memória dos mais de 112 assassinados no massacre da farinha, pelo fim do sionismo e do Estado assassino de Israel e em defesa do povo palestino e da Resistência Nacional Palestina” com microfone, bandeiras da palestina e panfletagem.

Para além das centenas de panfletos distribuídos, parte das massas demonstrou, de forma espontânea, apoio à agitação, com dizeres como “Viva a Palestina livre!”. Captou especial atenção a denúncia sobre a cobertura dos monopólios de comunicação, que como grandes lacaios do imperialismo, abordaram o massacre da farinha como uma “confusão”.

Um homem palestino que passou pela agitação deu seu apoio ativo aos manifestantes. Em conversa particular, revelou que sua irmã mora até hoje na Cisjordânia e está sob constante ameaça das hordas de colonos sionistas. 

Nas falas, a Frente Cearense de Apoio à Resistência Palestina afirmou que é dever de todos os democratas e internacionalistas brasileiros a defesa do povo palestino e sua Resistência Nacional. Eles afirmaram também que a mobilização pró-Palestina deve ser intensificada no País, com ações de agitação, panfletagem, debates públicos e manifestações.


quarta-feira, 6 de março de 2024

 

Contra a criminalização da luta pela terra: Quatro jovens presos em Rondônia são absolvidos.


Fonte: Jornal A Nova Democracia.


O MPF considerou "duvidosas e contraditórias" as provas contra os quatro jovens camponeses de Rondônia, que participaram da tomada da Fazenda Santa Elina, palco da Batalha de Corumbiara, em 1995.



O Ministério Público Federal considerou “duvidosas e contraditórias” as provas contra os quatro jovens camponeses de Rondônia. Os ativistas participaram da tomada da Fazenda Santa Elina, palco da Batalha de Corumbiara, e haviam sido presos pela PM de Rondônia em 14 de maio de 2021, acusados de porte ilegal de arma e também de radio transmissores durante uma operação ilegal contra o acampamento. Na época, a Liga dos Camponeses Pobres caracterizou a prisão como perseguição política, denunciando que a única fonte para o processo jurídico eram depoimentos de policiais militares.

Na época, a PM de Rondônia era dirigida pelo José Hélio Cysneiros Pachá (conhecido como “o carniceiro de Santa Elina”) escolhido pelo governador bolsonarista o Coronel Marcos Rocha. Movimentos populares e advogados denunciaram que as intenções do governo de Rondônia era reprimir e se vingar da luta camponesa e daqueles ativistas que participaram do histórico Acampamento Manoel Ribeiro.

Associação de advogados dá detalhes da absolvição

A Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (Abrapo) afirmou que o Ministério Público Federal corroborou as teses da defesa, considerando duvidosas e contraditórias as provas contra os jovens, e decidiu pela absolvição dos quatro ativistas (três camponeses e uma estudante da UNIR).

A Abrapo explica, ainda, que na análise da prova, o MPF e o Juízo Criminal Federal ridicularizaram a prova do flagrante (porte de arma e porte de rádios comunicadores). A defesa denunciou que a arma encontrada com os quatro foi um flagrante forjado pelos policiais no objetivo de criminalizar a luta pela terra, porém não havia tido qualquer análise pelo judiciário. Além de ignorar a ilegalidade de que a única testemunha ouvida foram os próprios policiais, a arma que supostamente estava em posse de um dos ativistas foi utilizada para a condenação dos ativistas na Justiça Estadual.

Com o novo entendimento do MPF, será possível questionar a condenação, solicitando uma revisão criminal que a Abrapo considera “bastante promissora”.

nota finaliza afirmando que “essa é uma importante vitória da luta coletiva, dos advogados do povo, da Abrapo, do Cebraspo, do jornal AND, e de todos os apoiadores da luta pela terra para quem nela vive e trabalha”.



quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

 

Policiais assassinam 9 pessoas, invadem casas e proíbem circulação de moradores durante megaoperação em 13 favelas do Rio (atualizado).


Fonte:  Jornal  A  Nova Democracia.

Policiais militares assassinaram 7 pessoas, invadiram casas, proibiram a circulação de moradores e ocasionaram o fechamento de escolas e clínicas de saúde durante uma megaoperação que atingiu todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.


Atualização (28/02): O número total de assassinados pelos agentes de repressão subiu para 9 no total. Além de promoverem a paralisação de serviços básicos nas favelas e nos bairros próximos, o povo sofreu ainda a violação de direitos com a invasão contra residências. Não deixe de conferir o programa A Propósito do dia 27 de fevereiro, onde exibimos uma entrevista exclusiva com um morador do Complexo do Alemão e tratamos com profundidade das operações genocidas promovidas pelo governador assassino e terrorista Cláudio Castro.

Policiais militares assassinaram 9 pessoas, invadiram casas, proibiram a circulação de moradores e ocasionaram o fechamento de escolas e clínicas de saúde durante uma megaoperação que atingiu todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Comunidades adjacentes como Flexal, Trem, Engenho da Rainha, Juramento, Juramentinho, Ipase, Guaporé e Quitungo também foram alvo. Na zona sul e na zona oeste, as favelas Cidade de Deus e Rocinha foram cercadas por policiais. Uma outra megaoperação tomou ainda o Complexo da Maré, executada por policiais da Polícia Civil. A ação conta como mais uma megaoperação de chacina realizada pelo governador Cláudio Castro durante seus anos de mandato no Rio de Janeiro, com apoio logístico, financeiro e político do governo federal.

Quatro dos mortos foram assassinados por equipes do 21° Batalhão de Polícia Militar no Complexo da Penha. O batalhão é comandado pelo tenente-coronel Alexander Pereira Cardozo. Outras quatro pessoas ficaram feridas no Flexal e uma outra foi alvejada em Nova Brasília. 

Atualização 27/02, 18h07: As megaoperações também contam com o contingente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC). Ambas as forças policiais cumprem papel central nas operações genocidas promovidas pelo governo do RJ nas favelas]

Os mortos foram, em muitas ocasiões, deixados largados pelos PMs. Moradores tiveram que recolher os cadáveres e carregá-los para locais adequados, por vezes sob ameaças e miras dos militares. Vídeos nas redes sociais mostram moradores carregando corpos ensanguentados em diferentes partes do Complexo do Alemão.

Moradores também denunciam que tiveram suas casas invadidas pelos policiais militares. Vídeos disponíveis nas redes sociais mostram os militares disparando de dentro das residências violadas.

Escolas e clínicas fechadas

Como resultado da invasão, 20,5 mil alunos de escolas municipais ficaram sem aula. No Complexo da Penha, foram 16 escolas da rede municipal que suspenderam as aulas. Elas atendem 4,8 mil alunos. Já no Alemão, 20 unidades municipais deixaram de funcionar por conta da megaoperação, violando o direito de aprender de 7,1 mil estudantes. Na Maré, onde a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil empreende a megaoperação, 24 escolas que atendem 8,1 mil alunos fecharam. Por fim, no Morro do Trem, 342 alunos de 2 escolas não puderam estudar.

O direito ao trabalho também foi violado, uma vez que pequenos comerciantes das favelas foram impedidos de abrir seus estabelecimentos. Na Avenida Itararé, principal via em frente ao Complexo do Alemão, todos os comércios fecharam.

Unidades de saúde também tiveram que deixar de atender doentes hoje. No Alemão, a Clínica da Família (CF) Zilda Arns interrompeu o funcionamento, enquanto na Penha a Clínica da Família Aloysio Augusto Novis suspendeu as visitas domiciliares. Já na Maré, a CF Jeremias Moraes da Silva também interrompeu o funcionamento durante a manhã, e a CF Diniz Batista dos Santos interrompeu visitas às casas dos moradores.

Além disso, ao menos 15 linhas de ônibus municipais deixaram de circular durante a manhã. Isso ocorreu porque os tiros disparados durante a megaoperação policial cruzaram a garagem da Viação Nossa Senhora de Lourdes, na Penha. Os ônibus atendem pelo menos 130 mil pessoas.

[Atualização, 27/02, 18h10: De acordo com o correspondente local de AND, a região ainda estava sem luz por conta de danos causados ao transformador de energia. Um morador informou que a Light, grande empresa responsável pelo fornecimento de energia na cidade notificou que só tornaria a subir na região quando a situação “estivesse sob controle”, deixando os moradores no clima de incerteza sobre quando terão o direito básico de acesso a energia de volta]

Clima de revolta

Segundo internautas, mototaxis do Complexo do Alemão planejam um protesto contra a chacina policial. É possível que em outras favelas o clima de rebelião se repita. Somente neste ano, moradores realizaram protestos na Maré, contra uma operação no dia 8 de fevereiro, e em Manguinhos, no dia 18 de janeiro. Na Maré, um jovem foi executado à queima-roupa por PMs durante o protesto. O assassinato covarde aumentou ainda mais a revolta dos moradores contra a violência policial.

As operações de hoje somam à extensa lista de operações promovidas pelo governador Cláudio Castro contra as favelas do Rio de Janeiro. Até agora, Castro já é responsável por 3 das 5 maiores chacinas da história do RJ. No ano passado, o governador genocida recebeu investimentos de centenas de milhões de reais do governo federal para a compra de novos equipamentos para as polícias. Castro também foi elogiado por Lula em comícios organizados no Rio de Janeiro no ano passado.