*Atualização: na manhã da segunda-feira, dia 21 de agosto, não bastasse o uso das polícias civil e militar, a "operação vingança" no Jacarezinho ganhou o auxílio de homens da polícia federal, força nacional, e tropas militares da marinha e do exército. A ação dos agentes da repressão se estendeu nas favelas de Manguinhos e Complexo do Alemão.
OPERAÇÃO POLICIAL NO JACAREZINHO É A GUERRA CONTRA O POVO POBRE
Desde a sexta-feira, dia 11 de
agosto, a população que reside na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, tem
sofrido com o terrorismo de Estado: uma operação que envolve a polícia civil e
sua tropa de elite a CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), a polícia
militar com sua tropa de choque e as Forças Armadas. Resultando, até o momento,
em seis moradores mortos.
Nesses dez dias de operação
o Estado, por meio das polícias e do exército, têm levado terror a população do
Jacarezinho, como tem feito em todas as favelas e bairros pobres da cidade do
Rio de Janeiro, dando mostras da verdadeira face do Estado brasileiro. Um
Estado burguês-latifundiário-serviçal do imperialismo, principalmente americano
que governa para seus próprios interesses e benefícios de suas classes dominantes, violando
os direitos do povo pobre e trabalhador de nosso país no campo e na cidade.
As classes populares do país são as mais afetadas com o desemprego, a destruição da saúde pública, do sucateamento
da educação pública, da falta de lazer, de saneamento básico, e principalmente
do genocídio cometido contra a população pobre e negra. Esta população é o alvo
principal da escalada de violência e repressão que é aplicada pelo Estado
brasileiro na cidade e no campo.
Nesses onze dias, além dos
moradores que foram brutalmente executados pelas balas claramente endereçadas
das polícias, muitos ficaram feridos. Há relatos de moradores de que o
helicóptero teria atirado contra crianças.
Os residentes da favela do Jacarezinho também
estão tendo suas casas alvejadas, invadidas, além da falta de luz, falta de
coleta de lixo, e escolas fechadas deixando centenas de crianças e jovens
sem aula. Muitos trabalhadores não conseguem se deslocar até seus locais
de trabalho e muitos outros não conseguem voltar para casa.
O monopólio da imprensa com
toda a sua verborragia clama pela “paz”, porém ao mesmo tempo faz coro com os
membros do poder executivo sobre a necessidade de mais operações nas favelas,
mais força policial, mais repressão, além de dizer que os moradores mortos são
vítimas da violência “cotidiana”, como se o terror não tivesse sendo levado
pelas polícias e forças armadas com a infame e surrada desculpa de combater o
“tráfico de drogas”, nomeando de “auto de resistência” as execuções perpetuadas
por eles.
As operações policiais, são
verdadeiras invasões das favelas, com uso sem limites de todo aparato militar
que os agentes do velho Estado dispõem (armas de grosso calibre, veículos
blindados, os “caveirões”, helicópteros de guerra, bombas, e até cães treinados
para o combate). O Estado brasileiro está empreendendo uma GUERRA
CONTRA O POVO, sendo a região metropolitana do Rio de Janeiro seu principal
laboratório.
A ocorrência da morte de um
membro da CORE, no dia 11 de agosto na favela do Jacarezinho, somente serve de
combustível para o discurso dos chefes de Estado, tanto da gerência federal
quanto estadual, para justificar o uso da força militar e os ataques abertos e
deliberados contra o povo pobre. Estimulam e açulam ainda mais os agentes da
repressão, que atacam as massas com mais ferocidade e covardia.
Pesquisa do Ipea alega que em 2015
o número de vítimas de assassinatos cometidos pela polícia no Rio de Janeiro supera
o número de vítimas de latrocínio, respectivamente 645 contra 133. Relatório da
Human Rights Watch de 2016 afirma que "o número de mortos por ação
policial é muito maior do que o número de baixas na polícia, fazendo com que
seja difícil acreditar que todas estas mortes ocorreram em situações em que a
polícia estava sendo atacada". No mesmo relatório consta que para cada
policial morto, 23 pessoas foram mortas neste ano. Já no início de 2017 dados
divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) consta que a cada oito
horas uma pessoa é morta pela polícia civil ou militar no Estado do Rio de
Janeiro.
Toda essa repressão visa
impedir que o povo se rebele e se levante contra toda a opressão. Esse é o
verdadeiro objetivo e política desse Estado, seguidor fiel de seus patrões
imperialistas com suas guerras de rapina e agressão aos povos. Mas, assim
como os povos de todo o mundo resistem, lutando sob as mais difíceis condições,
o povo brasileiro vem cada vez mais se defendendo e avançando na sua
mobilização, organização e luta.
Que tenham bem claro: Não
conseguirão nunca manter o controle da população pobre frente ao aumento de sua
exploração. A repressão a que estão submetidas as massas em nada vai alterar a
disposição de lutar por direitos e por justiça, pelo contrário, cada vez
mais o povo vê na sua luta o único caminho para construir uma Nova Democracia.
A população que mora no
Jacarezinho está exercendo seu direito de manifestação e realizando protestos
diários pelo fim das operações policiais. Fazemos coro com as manifestações e
exigimos que as polícias civil e militar parem sua guerra contra população e
parem de assassinar os filhos do povo.
Denunciamos e exigimos que
parem os tiros, as torturas cometidas principalmente contra os jovens que ali
residem, as invasões das casas e todas as atrocidades que vem sendo cometidas
pelas polícias na Favela do Jacarezinho.
As massas do país estão vivendo
em condições degradantes, e sendo o povo pobre e trabalhador do campo e da
cidade o que mais sofre com a crise política, econômica e moral que vivem as
classes dominantes. A escalada de violência tem sido sempre a única resposta
desse velho e apodrecido Estado. Porém, em cada uma dessas lutas se gesta uma
grande e legítima rebelião popular. Essa é a história de lutas do povo
brasileiro e de nossa humanidade.
Dessa forma nos somamos a essas
manifestações e ainda convocamos as entidades democráticas e revolucionárias a
se pronunciarem contra a guerra desenvolvida pelo genocida Estado brasileiro
contra o povo pobre e trabalhador.