terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Pinheirinho: A ordem do fascismo

No domingo, dia 22 de janeiro, toda a truculência desencadeada contra milhares de famílias desalojadas do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, comprovou, mais uma vez, a que ponto tem chegado os absurdos cometidos contra o povo pobre no Brasil. O CEBRASPO se solidariza com a população de Pinheirinho em sua justa luta pelo seu direito à moradia e convoca todas as entidades, democratas, lutadores e todos que defendem os direitos do povo a denunciar mais essa agressão, mais esse crime praticado contra o povo brasileiro.
Não só no Brasil, mas pessoas em todo o mundo assistiram o que ocorreu. Não são mais cenas do Egito, da Síria ou da Grécia. Essa mesma política que o imperialismo orienta em todo o mundo é apresentada ao povo brasileiro como um aviso do que está por vir. O fato de terem sido usados 2000 soldados da tropa de choque da PM de São Paulo, da ROTA e da Guarda Municipal, com 220 viaturas, 40 cães e 300 agentes da Prefeitura., é apenas uma amostra da realidade do “Estado de Direito”, do “Estado Democrático” que vigora no nosso país. Na ação, também foram utilizados cavalaria, armamentos letais, balas de borracha, gás lacrimogêneo e de pimenta. Celulares, telefones e internet foram cortados. Tudo deliberadamente preparado para que o crime e as atrocidades das forças policiais não pudessem ser divulgados na sua verdadeira dimensão. As forças de repressão tornaram o local inacessível e foram convocadas as polícias de 33 municípios para promover o massacre. A região se transformou em uma praça de guerra. O clima de terror instalado para intimidar a resistência das famílias contou, inclusive, com helicópteros e veículos blindados. E como se tudo isso não fosse suficiente, como se não bastassem as mortes e agressões, tratores foram usados para realizar a demolição de casas com os pertences dos moradores dentro. Numa demonstração de ódio ao povo que se organiza e luta em defesa dos seus direitos. Como já é feito na Palestina e em várias outras partes do mundo. Tudo isso faz parte desta escalada fascista, dessa política de tolerância zero com o povo pobre, de tratar dos problemas sociais com Exército, Forças Especiais e polícias. De realizar toda uma campanha de criminalização das organizações do povo e de sua luta. Essa é a orientação do imperialismo que se espalha pelo mundo para ser aplicada pelos Estados submissos, como o Estado brasileiro. O que é seguido à risca tanto pelas gerências estaduais como na federal.
Agora são contados os mortos do lado do povo, inclusive de crianças. Todo o enorme transtorno e sofrimento daquele povo vêm sendo divulgado por todos os meios, naturalmente fora do monopólio de imprensa. Da mesma forma, os detalhes e os crimes das máfias dos grupos de poder que tinham interesse nessa remoção vão sendo também conhecidos, e toda a proporção do crime, vai ficando clara, por mais que e o monopólio de imprensa tente esconder. Que a comunidade do Pinheirinho vivia em um terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados, situado em São José dos Campos-SP, onde moravam milhares de pessoas desde 2004. Que a desocupação dos terrenos atende aos interesses da especulação imobiliária, do investidor libanês Naji Nahas, que deve R$ 15 milhões, só à prefeitura da cidade. Afora sua história de roubos e operações financeiras fraudulentas conhecidas em todo o país. E as ligações não só dele, mas de todo o ramo imobiliário com políticos e partidos.
Essa situação vem se repetindo em todas as esferas de poder desse velho e apodrecido Estado. Onde as máfias e os grandes grupos econômicos são capazes de todos os crimes para assegurar sua roubalheira, às custas da expulsão e dos massacres do povo. Assim estão agindo no Rio de Janeiro na preparação da Copa do mundo e das olimpíadas, que serão na verdade totalmente controladas por essas máfias e grupos. Assim como acontece no campo, onde o grande latifúndio, atualmente denominado de agronegócio, realize a maior concentração de terras do mundo, às custas também, do massacres de camponeses. Que são perseguidos de todas as formas, com a multiplicação dos crimes e assassinatos dos que lutam pela terra. Com todo o apoio e comemorações dos políticos de turno no poder de Estado, e com a impunidade assegurada pela “justiça”.
No massacre de Pinheirinho inclusive, a comunidade aguardava uma negociação com essa “justiça”. Mas a ação traiçoeira da Polícia Militar que agia sob as ordens diretas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e com um juiz “de plantão”, impediu que isso acontecesse.
A discussão que foi divulgada nesses dias pelo monopólio de imprensa, sobre “qual” “justiça” foi responsável por autorizar o massacre, (estimula, como é do papel desse tipo de imprensa) e expõe apenas o futuro uso eleitoral do massacre. Em nenhum momento essa discussão cogita a restituição das casas para as famílias por qualquer “justiça”. Ou por qualquer dos políticos oportunistas que empolam a voz, como Dilma Roussef e outros do PT, para falar de exageros ou “excessos”! Agora aproveitam para criticar o “massacre do PSDB”, como se os massacres do PT fossem “democráticos”.
Esse Estado e essa “justiça” deixam claro, mais uma vez, a que classe servem. Saem prontamente em defesa de um de seus mais característicos representantes, o bandido de colarinho branco. Para garantir os interesses de gente desse tipo, toda essa “justiça” e esse Estado se mobilizam imediatamente. Enquanto atacam, reprimem e massacram o povo, para o qual não existe nenhum tipo de direito. Como nesse caso, onde milhares de famílias, velhos, crianças, jovens, homens e mulheres, são agredidos brutalmente, massacrados e presos, por apenas lutarem pelo seu direito à moradia.
Essa escalada fascista vem se desenvolvendo no nosso país. Contra os que lutam no campo e na cidade. Essa mesma mobilização de forças militares e policiais para massacrar e assassinar o povo pobre que luta pelos seus direitos não acontece pela primeira vez. A repressão e desocupação com massacres e assassinatos já ocorreu em Belo Horizonte-MG, na Vila Corumbiara (1996); em Betim-MG, na Bandeira Vermelha (1998). E na fazenda Forkilha, em Redenção – Sul do Pará (2007). E recentemente, no mês de dezembro, quando o governo de Dilma Roussef convocou exército e aeronáutica para ameaçarem um novo massacre na fazenda Sta Elina, em Rondônia. É a mesma repressão que age nas comunidades do Rio de Janeiro. Sempre as “Forças Especiais” das Polícias Militares acompanhadas pela “Força Nacional”, sempre o mesmo Estado na manutenção dos privilégios e da alta concentração de riquezas dos grupos em torno do poder, enquanto reprimem ferozmente a revolta e a luta do povo pelos seus direitos.
Essa é a característica que segue se acentuando e desenvolvendo o velho Estado no Brasil. E tanto as gerências estaduais quanto a federal se esmeram em cumprir essas exigências e a presidirem a mais feroz repressão contra o povo.  O crescimento do fascismo, a agressão contra os povos em luta, contra as populações e comunidades que defendem os seus direitos, essa tem sido a única alternativa desse Estado genocida por natureza. Sempre acompanhado e apoiado pela sua “justiça” e pelo monopólio de imprensa.
Não é esse ou aquele partido, todos os que querem gerenciar esse putrefato Estado, todos os que disputam seus lugares nessa máquina, além de sua promessa e cantos de sereia eleitoreiros se dispõem a fazer parte dessa mesma política genocida.
TODO APOIO A LUTA PELA MORADIA!
PELA DEVOLUÇÂO DAS CASAS E INDENIZAÇÃO AS FAMILIAS!
PELO DIREITO DO POVO LUTAR PELOS SEUS DIREITOS!
CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos

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