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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Munduruku Ocupam Funai

Os Munduruku ocuparam o prédio da Funai de Itaituba (Pará) às 10 horas de hoje (sexta, 28) para exigir a demarcação da terra Sawré Muybu. A área é de ocupação centenária e já foi indicada para demarcação por técnicos da Funai, mas o processo está parado há mais de um ano em Brasília. São três aldeias que ficam em área a ser alagada pela usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Como remover indígenas de suas terras é vedado pela Constituição, a demarcação da área inviabiliza a construção da usina, que está em fase de estudos ambientais. Os Munduruku pedem a publicação do Relatório Circunstanciado que identifica e recomenda a imediata demarcação da área.
Foto: Marcio Isensee e Sá


Há um mês os Munduruku deram início ao processo de autodemarcação de sua terra. Quatro quilômetros já foram abertos na mata. A ocupação do prédio da Funai foi precipitada depois que os indígenas acharam mais de 300 garimpeiros explorando as fronteiras de seu território, em um local considerado sagrado para eles. Os garimpeiros disseram que só vão sair depois que a área for demarcada. "Queremos que Brasília demarque logo nossa terra porque nós sabemos cuidar dela muito melhor que o Ibama ou ICMBio", disse o cacique Juarez Saw Munduruku, ao que foi saudado por cerca de 40 indígenas com os gritos de "Sawe" - o que, na tradição Munduruku, é o equivalente a aplausos.
Antes da ocupação, os Munduruku divulgaram uma carta denunciando o conflito iminente entre eles e os garimpeiros. Eles escrevem que se a demarcação não for concretizada, a Funai "estará provocando um conflito com proporções inimagináveis entre Munduruku e invasores".

Carta dos Munduruku divulgada antes da ocupação.
A Agência Pública está dentro do prédio, cobrindo a ação. Enquanto não houver um retorno de Brasília, os funcionários não podem sair. Eles e os Munduruku dialogam pacificamente, enquanto todos aguardam uma resposta de Brasília. Na última ligação, a presidência da Funai informou que recorreria ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

Via: Agência Pública - https://www.facebook.com/agenciapublica?fref=nf

A crença no espírito do projeto – Resenha crítica sobre o Livro “Os Donos do Morro”

O CEBRASPO reproduz abaixo a resenha crítica sobre o livro "Os Donos do Morro", escrita por Guilherme Moreira, professor de sociologia de escolas públicas do Rio de Janeiro localizadas em comunidades militarizadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras. Guilherme é também militante do MOCLATE, Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação.

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 No dia 14 de outubro, no auditório onde se realizaria um “debate” de lançamento do   livro “Os Donos do Morro”, os organizadores da pesquisa foram surpreendidos pelo   legítimo protesto realizado por estudantes da UERJ. Após o chamado escracho,   organizado em repúdio à presença do comandante das Unidades de Policia Pacificadora   (UPPs), Frederico Caldas, um dos responsáveis gerais pela aplicação da política   opressora de ocupação, Dawid Bartelt, representante no Brasil da Fundação Heinrich   Böll (apoiadora da pesquisa), respondeu ao Jornal O Estado de São Paulo em tom de   lamento: “Eles não leram a obra e acharam que fosse um livro de apologia às UPP’s”.  Sobre esta declaração, depois de ler todo livro, podemos afirmar sem dúvida que, se for   verdadeira a hipótese levantada por Bartelt, os estudantes estão com a sensibilidade   aguçada e em dia, ou simplesmente enxergaram na capa, onde Policiais Militares são   retratados como donos do morro, a evidência da defesa ao projeto. É inegável que os   autores manifestam críticas às UPPs, em contrapartida deve-se lembrar de que todas são   apresentadas como equívocos e percalços a serem superados no sentido de aprimorá-las   ou, nas palavras dos autores, “aperfeiçoa-las”. Sendo assim, as críticas se mostram   institucionais, transparecendo que de um modo geral faz-se a defesa do projeto. 


Foto do protesto contra a política das UPPs e a presença do Coronel Frederico Caldas  na UERJ



Logo na apresentação, ao supor a existência (num passado recente) de apoio unanime ao   projeto das UPPs, os responsáveis pela pesquisa demonstram a grande confiança que   guardam – ou ao menos guardavam – em relação ao plano de ocupação. Entretanto, a   realidade contradiz essa impressão, visto que desde o anúncio da aplicação da “nova”   política de segurança pública, setores da intelectualidade, da imprensa popular, dos   movimentos sociais e da sociedade civil em geral, posicionaram-se radicalmente contra   o projeto da gerência estadual do Rio de Janeiro. O ato de ignorar absolutamente esse   movimento crítico – ao dizer ser “algo impensável poucos anos atrás” reivindicar o fim   do projeto – nos revela um possível caráter promocional na pesquisa. Jamais foi   impensável exigir o fim imediato do plano de ocupação e controle militarizado das   favelas cariocas, ao não enxergar o combate às UPPs, que sempre existiu, Cano  transparece certa unilateralidade na sua avaliação, causando uma cegueira   epistemológica que o leva inevitavelmente ao equívoco. 

Os pesquisadores expõem com entusiasmo os dados que apontam uma redução  expressiva no índice de mortes violentas em locais com UPPs instaladas, principalmente   as que ocorrem em virtude de confrontos com policiais. Apesar de que, também na   apresentação, são obrigados pela realidade a, frustrados, lembrar que tais índices, dois   anos depois da conclusão do trabalho, caminham na contramão do que havia se   verificado. Desaparecimentos, execuções perpetradas pela Policia Militar, confrontos   extensos e demais violações de direitos, deixaram de ser pauta exclusiva da Imprensa   Popular /Independente e pela constância desses fatos, nem mesmo os monopólios dos   meios de comunicação, formados por entidades afinadas com o projeto, puderam   ignorar a crise da falácia da pacificação.  



Dançarino Douglas, DG, no programa "Esquenta".
Foto de DG onde é possível ver a marca da perfuração do projétil que o acertou, a princípio negada pela Polícia Civil

 

Quando, a partir de alguns depoimentos de moradores da Cidade de Deus, demonstram   que há uma alteração na relação de identidade e orgulho com o local de moradia,   exaltam o que caracterizam como “um dos indicadores mais marcantes de sucesso do   programa”. Nesta perspectiva, Os donos do morro são representados como as   cegonhas da dignidade, promotores da provável extinção do constrangimento de se   morar em favela e da libertação relacionada ao estigma da facção, garantindo aos   moradores livre circulação pela cidade, inclusive por outras favelas, onde se abriria a   possibilidade de frequentar o desejado baile funk – proibido no seu local de moradia   pela Polícia Militar. Um verdadeiro sucesso! 

 Outro relevante fenômeno apreciado e classificado como “vitória” pelos autores, desta vez no campo simbólico, refere-se à substituição da referência. As crianças e os jovens   estariam no período pós-UPP se distanciando do fascínio que o varejo do tráfico poderia   exercer sobre eles e, numa relação inversamente proporcional, aproximando-se da   influência das forças policiais. Se é que isso ocorre em grandes dimensões nas favelas   ocupadas, ainda assim, só pode se caracterizar como vitória do ponto de vista das   classes dominantes, até porque o exercício mais perfeito da dominação se realiza   justamente quando se consegue fazer do opressor um espelho para oprimido. Trata-se da   dominação subjetiva, não pelo medo, mas pela admiração, formas complementares à   violência objetiva e física. Como bem diz um dos policiais entrevistados: “não só para   matar e prender, mas também para ajudar”.  

Identificam uma contradição interessante entre o discurso dos oficiais sobre o projeto –  alinhado com as perspectivas formais do mesmo – e o discurso extremamente crítico de   alguns subordinados. Os oficiais, talvez somente para satisfazer a opinião pública e/ou   manterem seus cargos, defendem uma nova lógica de atuação da polícia, no sentido de   “reformá-la” e assim tirá-la dos trilhos da prática de guerra, além de convertê-la   milagrosamente em instituição garantidora de direitos fundamentais (ir e vir, liberdade   de expressão...). Entretanto, os soldados e demais policiais de baixa patente, apresentam   uma série de reclamações que se distanciam das aspirações formais do projeto e exigem,   de maneira mais ou menos direta, a guerra ou melhores condições de se inserir nesta.   Partindo das críticas aos uniformes, do ponto de vista destes, inadequados à rotina   policial por serem trajes sociais, passando pela amargura da limitação da sua capacidade   de reprimir em caso de tensões e conflitos, até declararem a profunda insatisfação em   trabalhar no regime de UPPs.  

Capa do livro "Os Donos do Morro"

Reside nessa questão (subliminarmente) uma velha prática da secular Polícia Militar,   que corresponde exatamente ao que é essencialmente o Estado. Devemos compreender   os fenômenos a partir da maneira como se expressam na história e não a partir do que   gostaríamos que fossem, sendo assim, como nos ensina a tradição marxista, o Estado  constitui-se enquanto instrumento de dominação de uma ou mais classes sobre outra(s).   Nessa perspectiva, uma estrutura fundamental são as forças armadas que, por meio da   coerção, garantem a ordem em benefício das classes dominantes. Ordem esta que, num   plano ilusório, aparece como interesse de todos, mas como pode haver interesse geral   em sociedades conformadas por classes sociais de aspirações, em última análise,   antagônicas, na medida em que uma sustenta sua vida por meio de apropriação da   riqueza produzida pela outra?  


O que a gerência estadual PMDB realiza, com grande apoio dos monopólios dos meios   de comunicação, é a venda do projeto de ocupação e controle das favelas do Rio como   uma iniciativa de interesse global. Em nome da “paz”, da “ordem” e da “liberdade”,   gerenciam a pobreza no bico do fuzil. Em consequência, quando algum policial recorre   a métodos violentos (muitas vezes ilegais) para manutenção da “saudável paz”, apesar   do comando plenamente consciente de que algo semelhante necessariamente ocorrerá,   tratam de expor à opinião pública como se fosse um “caso isolado”, de responsabilidade   exclusiva do indivíduo, como ação fora dos limites do planejamento, algo a ser   superado e modificado. Não precisa ser um grande cientista social para identificar na   repetição dos chamados “casos isolados”, o que é na verdade, a prática institucional da   corporação – camuflada no discurso da promoção do “bem geral”.

Moradores do Morro do Cantagalo denunciaram que por trás da fachada de UPP, policiais organizavam uma milícia na comunidade ocupada.

A sensação gerada pela leitura de “Os Donos do Morro” é a de que, mesmo pontuando   alguns problemas, sustenta-se uma fé no espírito do projeto. A crença num possível   processo de reforma da Policia Militar, capaz de tornar a genocida entidade em   protagonista da tarefa de se fazer da favela um espaço de direito, integrado e próspero   em qualidade de vida, beira a ingenuidade. Confiar na probabilidade das UPPs   promoverem uma participação maior e mais autônoma dos moradores nas Associações é   contar com o azar. Julgar viável que a atuação da PM possa algum dia, como conduta   padrão, “empoderar os moradores, ao invés de decidir por eles” é patinar na ilusão.   Considerar que o programa acena ou pode se apresentar como um “círculo virtuoso de   pacificação, investimento e integração”, mesmo no ápice de seu “sucesso”, é   negligenciar os reais interesses de quem promove, estimula e financia tal política. A   serviço de quem está a pacificação? Quem realmente se beneficia? Quando existe, qual   é a natureza da tal integração?  


Amarildo está desaparecido desde que foi detido para averiguação por policiais da UPP da Rocinha. Tudo indica que após ser torturado e assassinado, policiais ocultaram seu cadáver e ainda intimidam sua família e outros moradores.
A política de ocupação militarizada dos morros cariocas, longe de representar o   abandono do paradigma da guerra às drogas, ergue-se justamente como seu   aprofundamento, pois ao se pintar a figura do varejista do tráfico como “inimigo da   sociedade” a ser combatido, o que se pretende justificar é a aplicação do que na   realidade sabemos ser a guerra aos pobres. Infeliz é aquele que supõe que a   criminalidade se reduzirá com tal política, que com o tráfico varejista pressionado,   novas alternativas de vida se abrirão, não percebe este, que a tática das classes   dominantes de gestão da pobreza é justamente sua criminalização. Não há um círculo   virtuoso, mas sim um ciclo penal e vicioso. O que ocorre é um programa de controle   dos que podem de uma forma ou de outra – através de manifestações dos mais variados   tipos – atrapalhar o projeto de cidade forjado pelo grande capital. A sensação de   segurança gerada ao se bradar mil vezes por dia na imprensa que se “conteve o inimigo   no1 da cidade”, mesmo que falsa, garante a realização dos megaeventos (Copa do   Mundo, Jogos Olímpicos, Visita do Papa...), grandes negócios às empreiteiras, à   especulação imobiliária e aos empresários do transporte; traça-se um horizonte   multimilionário aos monopólios dos meios de comunicação banhados de ouro pelos   patrocinadores desses eventos, que por sua vez também se beneficiam pela exposição   das marcas (o que explica tanta apologia); além é claro das grandes empresas do setor   de turismo. Entram no balaio da ocupação a concessionária de distribuição de energia   elétrica, os representantes de vendas das empresas de TV a cabo, bancos e grandes lojas.  

Um Estado conciliador de interesses de classes inconciliáveis, só existe enquanto falácia   no discurso de quem domina. Um militar enxerga antes um inimigo que cidadão. Os   bancos e empresas que se inserem nas favelas unidos ao processo de ocupação não   enxergam cidadania no morador, mas sim potencial de consumo que, diga-se de   passagem, muitos não possuem no nível que se espera, gerando assim manifestações.   Quem lhes garantirá a dignidade? O Estado os torna culpados até que se consiga provar   a inocência, vide “mandado coletivo de busca e apreensão no complexo de favelas da   maré”, onde todos são convertidos em suspeitos. A revista policial limita o direito de ir   e vir que alguns insistem em dizer ser garantido pela política das UPPs; impõe-se um   regime semiaberto onde as celas passam a ser o portão de casa; as manifestações   culturais e políticas são constantemente reprimidas; a sensação de confiança do   morador, que como a própria pesquisa identifica é relativamente frágil, esvai-se na   primeira ação truculenta, no primeiro cerceamento de direito, ou seja, na primeira vez   que o projeto revela sua verdadeira face. 

As UPPs são a vigilância diária, ou seja, a policialização e judicialização da vida, mas   não de todos, apenas dos pobres. A intenção é converter todo problema em problema de polícia, desde o lazer, passando pela educação escolar, até chegar à educação familiar.   Os PMs enquanto donos do morro não representam uma etapa de transição para um   futuro de liberdade, levantar essa esperança, ao se propor recomendações, é gritar no   vácuo. Tem-se montado um Estado Policial. Pretende-se concretamente, em favelas   “curiosamente” controladas pela mesma “empresa” – aspecto muito bem observado pela   socióloga Vera Malaguti Batista –, resgatar para o Estado o monopólio da violência e   não acabar com a mesma, até porque não há maior violência que a quebra geral dos   direitos do povo, a precarização da vida e a sua criminalização. Pode parecer fácil dizer   isso neste momento de “crise das UPPs”, mas não é de agora que se fala.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ATO INTERNACIONAL PELA LIBERTAÇÃO DE G.N. SAIBABA

Convidamos todos para o ato internacional pela libertação do professor de inglês G.N. Saibaba, docente da Universidade de Delhi – India, que encontra-se preso desde 09 de maio de 2014.


Capturado em operação de forças policiais dentro do campus da universidade, Saibaba foi vendado e imediatamente levado para o Estado de Maharashtra, sem poder ser acompanhado por qualquer advogado e permanecendo incomunicável por vários dias. Desde então encontra-se preso em condições desumanas em um presídio que não possui as mínimas condições para abrigar indivíduos portadores de necessidades físicas especiais, tal como Saibaba.

Acusado pelo Estado indiano de possuir vínculos com os maoístas desse país, Saibaba tem sua trajetória marcada pelo apoio a luta dos povos tribais adivasi, sendo o secretário-adjunto da Frente Democrática Revolucionária (RDF) e um dos organizadores centrais do "Fórum Contra a Guerra ao Povo", que mobilizou a opinião pública na Índia e no exterior contra a vergonhosa “Operação Caçada Verde” – operação político-militar que visa remover as populações adivasi de seus territórios nativos para a entrega dessas áreas à exploração de minérios e demais recursos naturais a monopólios nacionais e internacionais.


Saibaba esteve no Brasil em 2012, realizando palestras em algumas universidades, dentre elas a palestra “Em Busca de um ‘Sujeito em Movimento’ na obra de Arundhati Roy ‘O Deus das Pequenas Coisas’ e na literatura Dalit em Telugu”, realizada na Universidade Federal Fluminense.

Intelectuais progressistas, professores, associações de luta pelos direitos humanos e movimentos democráticos por todo o mundo tem rechaçado de forma veemente esta prisão que viola os direitos constitucionais da Índia e também os diversos tratados internacionais de direitos humanos.



Aqui no Brasil, nos juntamos a campanha internacional pela libertação do Dr. Saibaba, exigindo sua libertação incondicional e imediata, como parte de uma luta maior pela libertação dos presos políticos de todo mundo. Condenamos o Estado fascista reacionário na Índia por transformar o país inteiro em uma prisão para os seus povos oprimidos e as minorias nacionais e religiosas.

Liberdade já para G.N. Saibaba!

Abaixo a Operação Caçada Verde!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Carta de Mumia Abu-Jamal sobre o desaparecimento dos 43 estudantes no México



Carta completa:

No México, o fogo arde, tanto literal como metaforicamente. Isto se passa porque milhares de jovens sentem uma calorosa indignação contra seu corrupto governo, como ficou demonstrado na resistência, que inclui a queima de edifícios do governo no dia 13 de outubro em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero, México. Porque queimaram os prédios? Os manifestantes estavam cobrando o prazo não cumprido para que os oficiais do governo apresentassem com vida os quarenta e três estudantes detidos e desaparecidos por um grupo de policiais corruptos.

Manifestantes incendeiam sede do governo no México

No dia 26 e 27 de setembro, agentes da polícia municipal de Iguala, Guerrero, abriram fogo contra três ônibus cheios de estudantes na Escola Rural Normal de Ayotzinapa. Seis pessoas – três estudantes e outras três pessoas que passavam pelo local – foram assassinadas! Mais 25 pessoas foram feridas! Os quarenta e três estudantes foram levados por veículos da polícia e nunca mais foram vistos.


A cada dia, as cidades do país são convulsionadas por dezenas de manifestações, fechamentos de avenidas e outras ações que exigem o regresso com vida dos 43 estudantes.

A raiva expressa nos protestos contra a polícia terrorista e brutal não tem se aplacado, mas tem se tornado mais forte. Em 22 de outubro, centenas de milhares de pessoas no México e por todo o mundo se manifestaram pelo regresso dos 43 desaparecidos.

Na Escola Rural Normal de Ayotzinapa e por todo o México, os filhos dos camponeses tem a oportunidade de receber uma boa educação que os preparam para ser professores. Mas, assim como nos Estados Unidos, a política neoliberal aplica reformas educacionais no México que estabelecem o fim das escolas normais rurais criadas nos anos 30 do século passado. Por que? Porque estas escolas desafiam a hegemonia do neoliberalismo ao ensinar aos estudantes a pensar de maneira crítica e a questionar a atual situação do mundo.


Quando os normalistas resistiram a desapropriação de suas escolas, o governo respondeu com terror policial e agora com a desaparição dos próprios estudantes.

Mas os protestos seguem e se radicalizam. É interessante e revelador que, quando um grupo islâmico sequestrou centenas de meninas na Nigéria, o mundo se enfureceu. Mas, quando um grupo de policiais corruptos e brutais massacraram a um grupo de estudantes, sequestraram a 43 destes e se negam a dizer onde estes se encontram, a imprensa corporativa neoliberal encobre suas ações.

No México, o povo segue exigindo a apresentação com vida dos estudantes desaparecidos. A luta segue.

Desde a nação encarcerada sou Mumia Abu-Jamal.

1 de novembro de 2014.

Frente Polisário ameaça regresso à luta armada pela libertação do Saara Ocidental

No discurso que assinalou o aniversário da anexação do Saara Ocidental, o rei marroquino disse que ela ia durar para sempre. O responsável pela diplomacia sarauí diz que a atitude de Marrocos e a cumplicidade do resto do mundo não deixam outro caminho para além das armas.

Via: esquerda.net


Face ao desrespeito de Marrocos pela legalidade internacional e à inércia da comunidade internacional, o povo sarauí “não terá outra escolha senão regressar à luta armada”, avisou o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Árabe Sarauí Democrática aos microfones da Radio Algérienne.

“O discurso do soberano marroquino veio demolir a credibilidade dos argumentos usados por aqueles que, no Conselho de Segurança da ONU e noutros lados, estão  empenhados em fazer crer à comunidade internacional que a parte marroquina está a cooperar nas negociações com vista a uma solução pacífica” do conflito, acusou Ould Salek.
“Marrocos tem todas as características de um Estado colonial e as suas tentativas de se furtar aos compromissos e decisões colocaram-no num isolamento sem precedentes e em confronto com as instâncias internacionais dos diretos humanos”, acrescentou Ould Salek.
As declarações do responsável pela diplomacia sarauí são a resposta ao discurso de Mohamed VI na semana passada, quando assinalou a passagem do 39º aniversário da anexação do Saara Ocidental por Marrocos. “Marrocos vai continuar no seu Saara e o Saara vai continuar a fazer parte de Marrocos até ao fim dos tempos”, afirmou o monarca marroquino.
“O discurso do soberano marroquino veio demolir a credibilidade dos argumentos usados por aqueles que, no Conselho de Segurança da ONU e noutros lados, estão  empenhados em fazer crer à comunidade internacional que a parte marroquina está a cooperar nas negociações com vista a uma solução pacífica” do conflito, acusou Ould Salek.
É justamente o desrespeito pelo acordado nas negociações que previam o direito à autodeterminação do povo sarauí que tem feito aumentar “a pressão exercida pelos sarauís para o regresso à luta armada para obter a liberdade e a independência”, afirmou o responsável pela diplomacia sarauí. Salek voltou a apelar à União Africana e aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que assumam as suas responsabilidades de encerrar o processo de descolonização do Saara Ocidental, permitindo ao povo sarauí exercer o seu direito à autodeterminação

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O Sangue Será Uma Semente: Repúdio ao assassinato de Cleomar Rodrigues e apoio à luta camponesa se espalham

Divulgamos abaixo as notas de denúncia ao assassinato do dirigente camponês Cleomar Rodrigues e outras manifestações de solidariedade à sua luta, sua família e aos seus companheiros que lutam contra o latifúndio. Caso falte acrescentar alguma nota ou qualquer coisa relacionada, pedimos que nos informem.

Velório de Cleomar Rodrigues



CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos:



Órgãos de Governo e da justiça sabiam de ameaças de assassinato ao dirigente camponês Cleomar!

Cleomar Rodrigues de Almeida, de 46 anos é assassinado em Pedras de Maria da Cruz, no norte do estado de MG.

Cleomar já havia denunciado as ameaças aos órgãos de Governo e da justiça. Além de outras oportunidades, em recente audiência pública, havia dado nomes e sobrenomes dos fazendeiros e pistoleiros, figuras já conhecidas por seus inúmeros crimes. Mais uma vez a omissão e o cinismo marcaram as atitudes das instituições.

Em todo o Brasil, as seguidas ameaças a esses dirigentes são conhecidas antecipadamente pelo INCRA, MP, Ouvidoria Agrária, Secretarias de segurança e demais instituições de governo e justiça. Esses órgãos se omitem completamente, não tomam absolutamente nenhuma providência séria. Pelo contrário, são esses mesmos órgãos que, defendendo abertamente o latifúndio, seguem criminalizando os movimentos e aqueles que lutam pelo seu sagrado direito a terra.

O “registro legal” das terras no Brasil é um crime que toma formas absurdas. O estado do Pará tem terras “registradas” nas mãos de latifundiários, que equivalem a quatro vezes a área do próprio estado! Essa ilegalidade se repete em Rondônia. E é exatamente nesses dois estados que ocorre o maior número de dirigentes e lutadores camponeses assassinados. Isso se repete em todo o país. A concentração de terras e os registros ilegais, acobertados pela justiça e órgãos de governo, estão diretamente ligados aos crimes de torturas e assassinatos de camponeses. O latifúndio conta com a impunidade e o acobertamento para seguir cometendo esses crimes, sempre com apoio e ajuda de policiais e agentes do Estado.

Essa realidade não pode ser aceita, não pode ser permitida!
O CEBRASPO convoca todas as entidades que defendem os direitos do povo, os direitos humanos, democratas e lutadores, a exigir a apuração e punição dos assassinos de Cleomar Rodrigues de Almeida. De exigir essa apuração de forma imediata sem protelações e acobertamentos. Os filhos do povo não podem seguir sendo assassinados no campo e na cidade impunemente!



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LIGA OPERÁRIA

O líder camponês CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA, 46 anos, um dos coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia foi emboscado em Pedras de Maria da Cruz e assassinado com um tiro de escopeta calibre 12 nas costas, por volta das 18 horas, do dia 22/10/2014, próximo a área revolucionária Unidos com Deus Venceremos, onde morava, lutava e trabalhava.
O companheiro Cleomar e a LCP há muito que denunciavam as ameaças que ele e vários trabalhadores que moram na região vinham sofrendo por parte do latifundiário Antônio Aureliano Ribeiro de Oliveira, seu gerente Marcos Marcos Ribeiro Gusmão, e outros latifundiários das fazendas Pedras de São João Agropecuária, e vizinhos Rodolfo e Iran de Moura. As ameaças eram constantes e haviam denunciado inclusive a participação de policiais e oficial de justiça na trama para expulsar os camponeses das terras e os pescadores das vazantes.
Denunciamos que crimes como esse tem aumentado e os gerentes desse podre e genocida Estado burguês-latifundiário não tomam a menor providência, ao contrário, criminalizam os camponeses que lutam por terra e protegem os grandes latifundiários. Enquanto o oportunismo está totalmente envolvido na farsa eleitoral, camponeses pobres e suas lideranças seguem sendo covardemente assassinados.
O camponês Cleomar sempre foi altivo, solidário e muito lutador, respeitado por todos que o conheceu. O seu exemplo de trabalho, de abnegação e de lutas sempre estará presente nas lutas do nosso povo.
Repudiamos mais essa morte perpetrada pelo latifúndio e a postura cúmplice dos oportunistas, como o megapelego Lula que disse em comício no Mato Grosso do Sul, berço dos latifundiários e terra onde índios e camponeses também estão sendo covardemente expulsos de suas terras e assassinados por pistoleiros: “Se todos colocassem a cabeça no travesseiro e analisassem o que era a vida deles (latifundiários) no tempo do Fernando Henrique Cardoso e o que é agora deveriam todos votar na Dilma”. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1536718-latifundiario-devia-votar-na-dilma-diz-lula-em-berco-do-agronegocio.shtml
Como diz a nota da LCP, “é gritante em todo o país a COMPLETA OMISSÃO E CUMPLICIDADE DAS autoridades, como, o MP, INCRA e OUVIDORIA AGRÁRIA com tantos crimes cometidos pelos latifundiários, enquanto criminalizam todos que lutam pela terra: camponeses pobres, quilombolas e indígenas!”
O caminho é lutar contra a repressão ao povo pobre seja onde for e destruir o latifúndio, que é mantido desde o tempo das sesmarias e determina as leis de propriedade das terras, que a cada ano se concentram cada vez mais nas mãos de uma minoria de privilegiados e exploradores das riquezas do nosso povo.
COMPANHEIRO CLEOMAR sempre estará presente, seu sangue não afoga as lutas, rega as sementes que germinarão num futuro não muito distante, que enterrará de vez essa exploração secular que assola todo o povo: o latifúndio.
Morte ao Latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Companheiro Cleomar! Presente na Luta!

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MARRETA - SINDICATO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE BH E REGIÃO


Belo horizonte, 28 de outubro de 2014

À Contricon
À Feticon
À todos os Sindicatos irmãos

Na tarde do último dia 22 de outubro, foi covarde e brutalmente assassinado o dirigente da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia Cleomar Rodrigues de Almeida.
Além de tudo o que está nos boletins que seguem em anexo e do que foi publicado na imprensa, nós gostaríamos de ressaltar aos companheiros nossa revolta e indignação, pois Cleomar era um dos dirigentes camponeses mais próximos do Marreta.
Nós apoiamos, junto com a Federação, a produção de mel da “Área Unidos com Deus Venceremos”, do qual ele e sua companheira eram os principais responsáveis. O time de futebol do Marreta jogou este ano contra o time deles, na comemoração do aniversário da “Área”; ele sempre participou dos nossos Congressos e atividades. Talvez nossa proximidade fosse tão grande pela sua história, pois Cleomar, jovem ainda, foi ser pedreiro em São Paulo, e depois retornou à sua terra natal, Pedras de Maria da Cruz, onde se juntou a LCP para conquistar seu pedaço de terra. Impossível não nos lembrarmos do companheiro Osmir falando...
Por estes motivos nós do Marreta estamos nos mobilizando para dar todo o apoio possível para os familiares e companheiros de Cleomar, pois os gastos são muito grandes; funeral, advogados para cobrar da justiça a apuração e punição do crime e também para apoiar a família a conseguir seus direitos; transporte de companheiros para participarem das mobilizações contra este crime bárbaro, bem como para estarem próximos e protegerem a vida de outros companheiros e parentes de Cleomar, que agora estão ameaçados.
Mesmo estando na hora mais difícil da campanha salarial, nós pedimos aos companheiros que nos ajudem nesta justa causa.
E mais, que todos se empenhem em cobrar das autoridades a exemplar punição deste crime, tantas vezes denunciado aos “ouvidos de mercador” da Ouvidoria Agrária Nacional, INCRA, ITER, etc.
Esclarecemos, em derradeiro, que estamos empreendendo esta luta não só por nossa decisão, mas porque sócios, funcionários e diretores do Sindicato não se cansam de expressar sua revolta e emoção diante dos fatos, posto que já há pelo menos cinco anos se acostumaram a comprar o mel do “Cleomar” e a perguntar por sua luta.
Contando com os companheiros,

Obs.: 1 - sugiro que todos os diretores da efetiva assinem, ou os que desejarem
2 – esta carta pode ser enviada ao Cloves, Zé Antonio, Paulo Borracheiro, frentistas e outros

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Bloco de Re-Existência de Camaçari/BA


O Bloco de Re-Existência de Camaçari vem por meio desta nota expressar sua solidariedade aos companheiros da LCP e à família do companheiro CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA, valoroso e combativo coordenador da Liga, por esta perda irreparável.

Neste momento de pesar e indignação, lembramos da música de Chico Buarque “Funeral de um Lavrador”, onde ele diz que uma cova pequena em palmos medida, é a parte do latifúndio que cabe ao lavrador, infelizmente essa vem sendo a realidade dos valorosos camponeses pobres, quilombolas e indígenas brasileiros, que a cada ano vem sofrendo com o aumento da violência dos latifundiários apoiados nas forças de repressão, justiça e gerentes de turno municipais, estaduais e federais.

A indignação com mais este brutal assassinato se torna ainda maior, quando percebemos que já existiam denúncias de ameaças por parte dos latifundiários da região, aos companheiros camponeses e nada foi feito. E por que não foi feito? Porque simplesmente a justiça e os gerentes de turno, são aliados destes verdadeiros bandidos que são os grandes proprietários de terra, bandidos estes que se perpetuam como senhores das terras brasileiras, desde à época das capitanias hereditárias.

O crime ocorreu em meio a grande farsa eleitoral, que acabou levando ao cargo de gerente de turno mais uma vez o oportunismo petista, oportunismo este que ao subir em palanques com a porta voz do agronegócio Kátia Abreu, mostrou descaradamente qual será sua política para aqueles que travam a justa batalha pela terra no Brasil.

A luta do companheiro Cleomar não será esquecida, sua morte e a de todos outros companheiros que foram mortos por este podre estado genocida deve servir de inspiração e forças para construirmos a aliança operário camponesa e assaltarmos os céus, conquistando todo o poder para os trabalhadores, finalizamos a nota citando O Risco, outra importante canção do movimento camponês que diz:

“Nós estamos em guerra
Lado de lá já decretou
Pois já pagou pistoleiros
Pra matar trabalhador
É a nossa proposta,
Pois a gente quer ganhar.
Se matarem um daqui,
Dez de lá vamos matar...”

Morte ao Latifúndio! Viva a Revolução Agraria!!
Companheiro Cleomar Presente!!!
Bloco de Re-Existência de Camaçari/BA


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MEPR - Movimento Estudantil Popular Revolucionário:

DIRIGENTE CAMPONÊS DA LCP É ASSASSINADO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Um dia antes do revoltante assassinato do dirigente camponês da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia, Cleomar Rodrigues de Almeida, por pistoleiros a mando do latifúndio, no município de Pedras de Maria da Cruz/MG, no último dia 22 de outubro, afirmávamos em nossa página na internet:
“O governo da frente oportunista e eleitoreira encabeçada pelo PT foi quem mais atacou os camponeses pobres, quilombolas e povos indígenas desde o fim do regime militar fascista. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, somente neste ano, 29 pessoas foram assassinadas em conflitos pela terra, desde 2011 o número chega a 128. A participação de policiais militares, civis e federais junto a grupos de pistoleiros a soldo do latifúndio são uma constante...”
Cleomar há quase dois anos era ameaçado de morte pelo latifúndio no norte de Minas. Nada de concreto foi feito pelo Incra, Ministério Público, Ouvidoria Agrária, ou por qualquer órgão do velho Estado, no sentido de proteger a vida do companheiro. Pelo contrário, Cleomar foi assassinado apenas duas semanas após participar de uma audiência pública em Maria da Cruz que teve como único resultado concreto a certeza da impunidade da parte dos latifundiários.
Tivemos a honra de conviver com o companheiro Cleomar Rodrigues em várias ocasiões. Ativistas do MEPR de Goiânia e Brasília visitaram a Área Revolucionária Unidos com Deus Venceremos onde Cleomar vivia. O companheiro era um grande entusiasta da produção coletiva e o mel que produzia em sua área junto a outras famílias estava sendo utilizado na campanha de arrecadação de recursos para a defesa jurídica dos presos políticos no Rio de Janeiro.
Estivemos junto ao companheiro em diversas manifestações e atividades do movimento popular revolucionário, como no primeiro de maio classista em São Paulo no ano de 2011, no ato contra a Operação Caçada Verde e em solidariedade a luta revolucionária dos camponeses e povos advasis indianos em 2010, no Congresso Internacional dos Advogados do Povo e na ocupação da sede do INCRA em BH no ano passado.
Cleomar era uma pessoa simples, extremamente dedicado à luta popular, abnegado, inteligente e alegre. Sempre sorrindo, enfrentava com serenidade e bom humor as enormes dificuldades inerentes a luta pela terra. Ouvia a todos com atenção e se interessava muito pela luta dos estudantes na cidade. Quando a juventude combatente se colocou a frente dos protestos populares iniciados com as jornadas de junho/julho de 2013 o companheiro sustentou com firmeza a necessidade de espalhar as chamas dos manifestações populares que incendiavam as grandes cidades para o campo, organizando inúmeros fechamentos de rodovias contra as criminosas ações de despejo movidas pelo podre poder judiciário a serviço do latifúndio.
Cleomar era um autêntico revolucionário que colocava os interesses do povo e da Revolução sempre acima dos seus interesses pessoais. O companheiro trabalhava dia e noite pela causa da Revolução Agrária. Tombou na luta assassinado por defender os interesses não apenas dos camponeses, mas de todo o nosso povo, pela construção de uma Nova Democracia em nosso país a serviço da revolução proletária mundial.
Esta é a verdadeira face da falsa democracia da grande burguesia e do latifúndio, serviçais do imperialismo, principalmente ianque. Com uma mão acenam democracia, constrangendo e chantageando o povo a participar da sua farsa eleitoral podre e corrupta. Com a outra, tratam a ferro e fogo todos aqueles que se opõe a seus desmandos e injustiças.
Dilma Roussef e Aécio Neves disputam quem continuará mantendo intactas toda a secular estrutura de poder do velho Estado brasileiro, quem comandará as policias e a Força Nacional na repressão aos protestos populares na cidade e na luta pela terra contra camponeses, quilombolas e povos indígenas.
O revoltante assassinato de nosso querido companheiro Cleomar é mais uma prova do caráter farsante da democracia brasileira. É um chamado a todos aqueles que acreditam num pais mais justo sobre a necessidade de destruir este Estado reacionário e construir uma verdadeira democracia para os trabalhadores da cidade e do campo, fortalecendo a aliança operário-camponesa e impulsionando a Revolução Agrária em curso, que foi o próprio sentido da vida do companheiro Cleomar.
Reafirmamos nosso compromisso de dar continuidade a luta do companheiro Cleomar, mantendo erguidas as bandeiras da destruição do latifúndio e pela distribuição de todas as terras para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Nos empenharemos, cada vez mais, para apoiar e participar de forma ativa da Revolução Agrária em nosso país, fazendo repercutir nas escolas e universidades a luta camponesa combativa e participando da organização dos Comitês de Apoio, Escolas Populares e Assembléias Populares.
Estão enganados aqueles que pensam poder afogar em sangue a luta pela terra. Nenhuma repressão, por mais terrível que seja, será capaz de conter o avanço da tormentosa luta pela terra. A destruição do latifúndio e de todo o atraso e miséria que sua existência representa para o nosso povo e nação é uma premissa incontornável para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática em nosso país. Com diz o hino da Revolução Agrária: “por mais que demore, vamos triunfar!”
Exigimos a punição de todos os envolvidos, mandantes e executores, no assassinato do companheiro Cleomar Rodrigues de Almeida!

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ESTUDANTES DO CHILE



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Centro Acadêmico Josué de Castro – CAGeo. - Centro Acadêmico de Geografia da UERJ

Dia 22 de outubro, um dia após o debate que realizamos na UERJ sobre a questão agrária e a situação da luta pela terra no Brasil, recebemos a triste notícia do assassinato de Cleomar Rodrigues de Almeida, camponês e Dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Quando retornava para a área onde vivia, em Pedras de Maria da Cruz (MG), Cleomar foi covardemente baleado à queima roupa por pistoleiros.

Há muito tempo Cleomar e a LCP denunciavam que latifundiários da região o ameaçavam. Portanto, o Estado brasileiro, embora não tenha apertado o gatilho, é o verdadeiro culpado por mais um assassinato no campo. Cleomar se somou aos outros 23 mortos só neste ano pelo latifúndio. A morte do companheiro é mais uma demonstração cabal da gravidade do problema da terra no Brasil e da falência da reforma agrária do PT.

Lula, antes de assumir a presidência, disse que se pudesse fazer apenas uma coisa durante seu governo, seria a reforma agrária. Mais de uma década após sua subida ao topo do Estado brasileiro, ficam cada vez mais transparentes os compromissos do PT com o latifúndio: mortes, aumento da concentração fundiária, compromissos com o Agronegócio e a bancada ruralista, etc.

Porém, onde há opressão também há resistência. Vemos entusiasmados que, mesmo com toda a repressão, o bravo campesinato brasileiro continua lutando por um pedaço de terra para viver e trabalhar. As ilusões com a reforma agrária do PT estão, pouco a pouco, sendo quebradas, e os camponeses percebem que só através da luta combativa podem conquistar um pedaço de chão.

O companheiro Cleomar era um autêntico representante desse heroico campesinato. Militante abnegado, dedicou sua vida a causa da luta pela terra dando seu mais precioso bem, o próprio sangue. Via como poucos a importância da aliança entre os que vivem no campo e na cidade. Expressão disso foi que doou uma remessa de mel produzido na área que vivia e trabalhava para ajudar na campanha de libertação dos presos e perseguidos políticos, entre os quais dois companheiros do nosso Centro Acadêmico.

Nós, estudantes de Geografia, que entendemos a importância da luta pela terra como parte fundamental da luta do povo brasileiro por transformações profundas na sociedade, inclinamos respeitosamente nossas cabeças à memória do companheiro Cleomar, seus familiares, amigos e a LCP. A morte dele não foi em vão, temos certeza.

Companheiro Cleomar! Presente na luta!
Centro Acadêmico Josué de Castro
Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2014


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ABRAPO - Associação Brasileiro dos Advogados do Povo:


Advogados do Povo denunciam assassinato de líder camponês no Norte de Minas Gerais:
Justiça para Cleomar!
Belo Horizonte, 26 de outubro de 2014

A Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABRAPO) vem denunciar o assassinato extrajudicial do camponês Cleomar Rodrigues de Almeida, de 46 anos, no passado dia 22 de outubro, quando retornava à sua moradia no Norte de Minas Gerais. Cleomar era Coordenador Político da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia.
De acordo com informações recebidas e denúncias do próprio Cleomar, amplamente divulgadas, ele já havia sofrido ameaças dos latifundiários da Fazenda Pedras de São João Agropecuária e latifundiários vizinhos. Cleomar vinha denunciando as ameaças de morte sofrida ao Ministério Público Federal, INCRA e Ouvidoria agrária e ainda a participação de Policiais Militares, Civis e de um oficial de Justiça nas ameaças.
No dia 9 de outubro, Cleomar havia participado de uma audiência pública, convocada pelo MPF - Montes Claros, onde novamente denunciou, diante dos latifundiários da região, a atuação de bandos armados e as ameaças que ele e outros camponeses vinham sofrendo.
A Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia distribuiu panfleto onde denuncia os seguintes fatos:
“Em uma audiência pública realizada nesta
cidade no dia 9 deste mês, envolvendo mais de 30 comunidades, mais de 300 pescadores e camponeses repetiram as denúncias de graves violações dos direitos do povo nesta região, que vem sendo cometidas desde 2004 por um bando que envolve latifundiários, empresários, pistoleiros e policiais contra pescadores e camponeses ribeirinhos.”
Mais adiante, o panfleto diz expressamente: “ameaças são feitas à luz do dia por capangas armados, como o próprio Marquinho, elemento conhecido na região pela prática da pistolagem, o qual se sentiu encorajado a comparecer à audiência, rindo dos camponeses enquanto estes repetiam pela milésima vez as denúncias ao Ministério Público”.
Cleomar e os camponeses pobres do Norte de Minas Gerais são exemplos de luta do povo brasileiro, organizando por seus próprios esforços uma nova vida, comprometidos não só com a destruição do latifúndio, mas com a produção nas terras que ocupam. Cleomar organizava um grupo coletivo para a produção de mel

nas suas terras, e participava das tarefas da comunidade. O mel produzido na Área Revolucionária Unidos com Deus Venceremos, onde morava com mais
35 famílias, foi levado a várias regiões do país e
comercializado de maneira solidária. Em fevereiro de 2014, Cleomar levou seu trabalho e seu exemplo de luta ao 5º Congresso da Associação Internacional dos Advogados do Povo, e distribuiu uma bolsa com produtos da luta camponesa a cada um dos membros das delegações internacionais.

A ABRAPO denuncia assim o assassinato de Cleomar e manifesta sua solidariedade com seus familiares e companheiros de luta. Exigimos providências da Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério Público Federal, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Que os responsáveis pelo assassinato de Cleomar sejam apontados e punidos, e que haja reparação integral aos familiares e à comunidade onde ele vivia, incluindo a apuração de todas as denúncias realizadas pelos camponeses contra os latifundiários da região, e que lhes seja assegurado o direito à terra e a uma vida digna.

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RECC - Rede Estudantil Classista Combativa

Não Esquecemos, nem perdoamos: mais um camponês assassinado!   No último 22 de outubro, mais um camponês é assassinado pelo latifúndio no Brasil. Cleomar Rodrigues de Almeida, dirigente da Liga dos Camponeses Pobres vinha sofrendo ameaças por parte de latifundiários na região norte do estado de Minas Gerais. A Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) que compõe o Fórum de Oposições pela Base (FOB), vem através desta nota declarar repúdio ao genocídio de trabalhadores do campo e à cumplicidade e omissão do Ministério Público, INCRA e Ouvidoria Agrária com relação às ameaças e inúmeras mortes de trabalhadores e lutadores do campo. No ano de 2013, a Comissão Patoral da Terra (CPT) divulgou o aumento das mortes por conflitos no campo em mais de 10,3%. O Estado e os governos do PT, submissos ao agronegócio estão manchados de sangue camponês, indígena e quilombola, desta forma, a RECC/FOB presta solidariedade à LCP e aos familiares do camarada Cleomar.     Companheiro Cleomar: presente! Toda solidariedade à luta camponesa combativa! Construir a aliança camponesa/operária/estudantil Todo poder ao povo!

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Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ

Em nome da Comissão de Direitos Humanos da OAB RJ quero emprestar aos amigos e familiares de Cleomar toda nossa solidariedade nesse momento de dor e angústia decorrente do assassinato desse lutador social e popular. A posse e a produção da e na terra pelos camponeses e humildes trabalhadores tem custado suor e sangue. É preciso dar um basta à opressão e morticínio do nosso povo pobre e explorado. Os culpados por mais essa morte precisam ser identificados e punidos com todo o rigor. A reforma agrária deve ser realizada a todo custo. Terra para quem precisa e nela trabalha e vive. Não esmorecemos um palmo. Cleomar VIVE!

Marcelo Chalreo
Presidente

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REVISTA OPERA




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ANONYMOUS RIO

Quando falamos que somos uma legião é sobre isso que estamos falando: somos todas as vozes anônimas massacradas por esse sistema opressor.

Companheiro Cleomar, da Liga dos Camponeses Pobres, foi assassinado ontem por pistoleiros em uma emboscada. Ele, um produtor rural que lutava contra os latifúndios, foi mais um anônimo assassinado, mas mesmo que não esteja mais aqui não será calado.

A LCP tem ajudado os movimentos populares do Rio de Janeiro por meio da Comissão dos Pais e Familiares dos Presos e Perseguidos Políticos - RJ, que vende seus produtos para o levantamento de fundo contra a perseguição do Estado aos ativistas presos e processados.

A luta de Cleomar reside em cada um de nós. A carne pode ter ido, mas as ideias ficam. Poque ideias são a prova de balas.

Cleomar, PRESENTE!

Não esquecemos.
Não perdoamos.


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FRENTE INDEPENDENTE POPULAR - FIP-RJ

Saudações combatentes ao companheiro Cleomar, mártir da luta pela terra no Brasil!

Foi com profundo pesar que a Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) recebeu a notícia do assassinato do companheiro Cleomar, coordenador da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Norte de Minas e Bahia. Mais uma vez o Estado brasileiro mostra sua face mais horrenda, assassinando aqueles que ousam levantar-se contra a miséria, os desmandos e a brutal repressão estabelecida sobre nosso povo. Se nas cidades, as polícias aplicam sistemática política de extermínio da juventude pobre; se nas cidades os governantes reprimem com brutalidade as manifestações populares, e processam e encarceram ativistas, vimos claramente como no campo a repressão já chegou (há muito tempo) ao nível de eliminação seletiva de lideranças reconhecidas do nosso povo. Segundo dados oficiais, a cada três dias ocorrem “conflitos” no campo brasileiro, e a cada 15 dias um camponês sem terra ou com pouca terra é assassinado em decorrência da luta por um pedaço de chão.
Os que negam a existência do problema agrário-camponês no nosso país são cúmplices dessa realidade. Realidade que é a da monocultura para exportação e do poder intocado dos latifundiários, muitos dos quais, além das polícias, contam ainda com verdadeiros exércitos de pistoleiros. O governo do PT, da senhora Dilma, não é apenas omisso, senão que incentiva e é protagonista das mortes no campo. Cada vez mais o famigerado “agronegócio” domina a economia nacional, largamente financiado pelo velho Estado, e atropela camponeses e povos indígenas em seu caminho. Vimos como Kátia Abreu, líder da assassina bancada ruralista do Congresso Nacional, senadora por Tocantins pelo PMDB, compõe a base aliada do governo federal. Assim como as oligarquias Collor, Barbalho, Calheiros, Sarney, para ficar nas mais representativas de tudo o que há de podre nesse país. Durante toda a campanha eleitoral se discutiu tudo –menos a luta pela terra, e nem sequer uma referência inofensiva à reforma agrária foi feita. Claro, porque o governo ruralista, o Congresso ruralista, o Judiciário ruralista não farão qualquer reforma agrária.
O povo terá que conquistar a terra com suas próprias mãos! Estamos convencidos, como a LCP, que isso não será por meio de uma reforma, senão por uma revolução!
Enviamos nossas saudações e nosso pesar aos familiares de Cleomar, aos seus companheiros e companheiras de luta, à Liga dos Camponeses Pobres e a todos os camponeses do nosso país. Recentemente recebemos doação de mel produzido nas áreas revolucionárias onde atuava o companheiro Cleomar, como parte da campanha de arrecadação de fundos para sustentar a campanha pela libertação de todos os presos políticos e extinção dos processos. Esse foi mais um exemplo da solidariedade militante que deve ser a norma nas relações entre movimentos combativos e revolucionários. Exemplo comovente da aliança que devemos construir, mais e mais, entre os que lutam na cidade e os que lutam no campo. Unidade entre os que não se renderam às promessas e benesses da “esquerda” oficial no governo há 11 anos, e que apenas seguiu administrando o sofrimento, a miséria e a morte do nosso povo. Sabemos que a luta tem um preço, mas enganam-se nossos inimigos de classe se pensam que não estaremos dispostos a paga-lo, em prol da nossa emancipação.
Uma vez mais, curvamos nossas cabeças ante a memória do companheiro Cleomar, mártir da luta pela terra no Brasil. Como canta uma canção sua, que temos levado à juventude combatente aqui no Rio, “o risco que corre o pau corre o machado, não há o que temer; aqueles que mandam matar também têm que morrer”. Na próxima manifestação de massas que ocorrer aqui, um estandarte com seu nome e foto estará entre nós.

Companheiro Cleomar, presente na luta!
Honra e glória aos mártires do nosso povo!
Não esqueceremos, não perdoaremos!
Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ),
outubro de 2014.


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COMISSÃO DAS MÃES E FAMILIARES DE PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS - RJ

NOTA DE SOLIDARIEDADE A LCP E A FAMÍLIA DE CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA

A Comissão dos Pais e Familiares dos Presos e Perseguidos Políticos – RJ vem por meio desta nota se solidarizar com a Liga dos Camponeses Pobres e com a família do Cleomar. A LCP tem sido uma fonte de força e inspiração para a luta desta comissão que depois de sentirem na pele a perseguição sofrida contra seus filhos e filhas abraçou suas causas.

Nossos filhos foram presos por lutar por todo o povo, e imediatamente a LCP se colocou ao nosso lado em solidariedade. O mel fornecido pela LCP e o qual a produção foi organizada pelo companheiro Cleomar tem sido extremamente importante para essa comissão lutar, conforme possível for, pelos direitos de nossos filhos e filhas e por todos os filhos e filhas lutadores do povo que conseguirmos. Somos, hoje, mães, pais e parentes de todo lutador do povo. A perda de Cleomar também é para nós a perda de um filho, um irmão, um amigo, um companheiro de luta.

Nós, a Comissão dos Pais e Familiares dos Pesos e Perseguidos Políticos – RJ, não chegamos a conhecer o companheiro Cleomar, mas reconhecemos o apoio dele e da LCP à luta de nossos filhos e filhas e de nossa própria luta. Recebemos a notícia de seu assassinato com profunda dor e revolta. A dor dos companheiros da LCP é a nossa dor, a revolta da LCP também é nossa revolta.

Daqui do Rio de Janeiro acompanhamos as lutas do campo e a forte luta da LCP contra o latifúndio que domina nosso país, vocês não estão sozinhos nessa luta. Campo e cidade estão unidas pela luta, dor e esperança de dias melhores e condições iguais para todo o povo.

A mão suja do latifúndio pode ter tirado a presença física do companheiro Cleomar do meio de nós, mas as ideias e ideais carregados por ele não podem ser tirados de nós. As sementes plantadas pela LCP não brotam somente no campo, elas também brotam cada vez mais nas cidades e nós e nossos filhos e filhas espalharemos cada vez mais a semente da revolução agrária pela qual a LCP luta e que o companheiro Cleomar também trabalhava.

Exigimos uma investigação exemplar por parte da polícia de Minas Gerais para se chegar aos mandantes e aos assassinos do companheiro Cleomar e de todos os companheiros assassinados no campo. Também exigimos que todas as denúncias de ameaças e perseguição feitas por nossos companheiros da LCP sejam exemplarmente investigadas.

Deixamos nossos sentimentos aos companheiros e companheiras da LCP e a família de Cleomar. E, além dos nossos sentimentos, deixamos nossa luta!

Companheiro Cleomar, PRESENTE!