quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O Sangue Será Uma Semente: Repúdio ao assassinato de Cleomar Rodrigues e apoio à luta camponesa se espalham

Divulgamos abaixo as notas de denúncia ao assassinato do dirigente camponês Cleomar Rodrigues e outras manifestações de solidariedade à sua luta, sua família e aos seus companheiros que lutam contra o latifúndio. Caso falte acrescentar alguma nota ou qualquer coisa relacionada, pedimos que nos informem.

Velório de Cleomar Rodrigues



CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos:



Órgãos de Governo e da justiça sabiam de ameaças de assassinato ao dirigente camponês Cleomar!

Cleomar Rodrigues de Almeida, de 46 anos é assassinado em Pedras de Maria da Cruz, no norte do estado de MG.

Cleomar já havia denunciado as ameaças aos órgãos de Governo e da justiça. Além de outras oportunidades, em recente audiência pública, havia dado nomes e sobrenomes dos fazendeiros e pistoleiros, figuras já conhecidas por seus inúmeros crimes. Mais uma vez a omissão e o cinismo marcaram as atitudes das instituições.

Em todo o Brasil, as seguidas ameaças a esses dirigentes são conhecidas antecipadamente pelo INCRA, MP, Ouvidoria Agrária, Secretarias de segurança e demais instituições de governo e justiça. Esses órgãos se omitem completamente, não tomam absolutamente nenhuma providência séria. Pelo contrário, são esses mesmos órgãos que, defendendo abertamente o latifúndio, seguem criminalizando os movimentos e aqueles que lutam pelo seu sagrado direito a terra.

O “registro legal” das terras no Brasil é um crime que toma formas absurdas. O estado do Pará tem terras “registradas” nas mãos de latifundiários, que equivalem a quatro vezes a área do próprio estado! Essa ilegalidade se repete em Rondônia. E é exatamente nesses dois estados que ocorre o maior número de dirigentes e lutadores camponeses assassinados. Isso se repete em todo o país. A concentração de terras e os registros ilegais, acobertados pela justiça e órgãos de governo, estão diretamente ligados aos crimes de torturas e assassinatos de camponeses. O latifúndio conta com a impunidade e o acobertamento para seguir cometendo esses crimes, sempre com apoio e ajuda de policiais e agentes do Estado.

Essa realidade não pode ser aceita, não pode ser permitida!
O CEBRASPO convoca todas as entidades que defendem os direitos do povo, os direitos humanos, democratas e lutadores, a exigir a apuração e punição dos assassinos de Cleomar Rodrigues de Almeida. De exigir essa apuração de forma imediata sem protelações e acobertamentos. Os filhos do povo não podem seguir sendo assassinados no campo e na cidade impunemente!



__________________________________



LIGA OPERÁRIA

O líder camponês CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA, 46 anos, um dos coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia foi emboscado em Pedras de Maria da Cruz e assassinado com um tiro de escopeta calibre 12 nas costas, por volta das 18 horas, do dia 22/10/2014, próximo a área revolucionária Unidos com Deus Venceremos, onde morava, lutava e trabalhava.
O companheiro Cleomar e a LCP há muito que denunciavam as ameaças que ele e vários trabalhadores que moram na região vinham sofrendo por parte do latifundiário Antônio Aureliano Ribeiro de Oliveira, seu gerente Marcos Marcos Ribeiro Gusmão, e outros latifundiários das fazendas Pedras de São João Agropecuária, e vizinhos Rodolfo e Iran de Moura. As ameaças eram constantes e haviam denunciado inclusive a participação de policiais e oficial de justiça na trama para expulsar os camponeses das terras e os pescadores das vazantes.
Denunciamos que crimes como esse tem aumentado e os gerentes desse podre e genocida Estado burguês-latifundiário não tomam a menor providência, ao contrário, criminalizam os camponeses que lutam por terra e protegem os grandes latifundiários. Enquanto o oportunismo está totalmente envolvido na farsa eleitoral, camponeses pobres e suas lideranças seguem sendo covardemente assassinados.
O camponês Cleomar sempre foi altivo, solidário e muito lutador, respeitado por todos que o conheceu. O seu exemplo de trabalho, de abnegação e de lutas sempre estará presente nas lutas do nosso povo.
Repudiamos mais essa morte perpetrada pelo latifúndio e a postura cúmplice dos oportunistas, como o megapelego Lula que disse em comício no Mato Grosso do Sul, berço dos latifundiários e terra onde índios e camponeses também estão sendo covardemente expulsos de suas terras e assassinados por pistoleiros: “Se todos colocassem a cabeça no travesseiro e analisassem o que era a vida deles (latifundiários) no tempo do Fernando Henrique Cardoso e o que é agora deveriam todos votar na Dilma”. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1536718-latifundiario-devia-votar-na-dilma-diz-lula-em-berco-do-agronegocio.shtml
Como diz a nota da LCP, “é gritante em todo o país a COMPLETA OMISSÃO E CUMPLICIDADE DAS autoridades, como, o MP, INCRA e OUVIDORIA AGRÁRIA com tantos crimes cometidos pelos latifundiários, enquanto criminalizam todos que lutam pela terra: camponeses pobres, quilombolas e indígenas!”
O caminho é lutar contra a repressão ao povo pobre seja onde for e destruir o latifúndio, que é mantido desde o tempo das sesmarias e determina as leis de propriedade das terras, que a cada ano se concentram cada vez mais nas mãos de uma minoria de privilegiados e exploradores das riquezas do nosso povo.
COMPANHEIRO CLEOMAR sempre estará presente, seu sangue não afoga as lutas, rega as sementes que germinarão num futuro não muito distante, que enterrará de vez essa exploração secular que assola todo o povo: o latifúndio.
Morte ao Latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Companheiro Cleomar! Presente na Luta!

_____________________________________



MARRETA - SINDICATO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE BH E REGIÃO


Belo horizonte, 28 de outubro de 2014

À Contricon
À Feticon
À todos os Sindicatos irmãos

Na tarde do último dia 22 de outubro, foi covarde e brutalmente assassinado o dirigente da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia Cleomar Rodrigues de Almeida.
Além de tudo o que está nos boletins que seguem em anexo e do que foi publicado na imprensa, nós gostaríamos de ressaltar aos companheiros nossa revolta e indignação, pois Cleomar era um dos dirigentes camponeses mais próximos do Marreta.
Nós apoiamos, junto com a Federação, a produção de mel da “Área Unidos com Deus Venceremos”, do qual ele e sua companheira eram os principais responsáveis. O time de futebol do Marreta jogou este ano contra o time deles, na comemoração do aniversário da “Área”; ele sempre participou dos nossos Congressos e atividades. Talvez nossa proximidade fosse tão grande pela sua história, pois Cleomar, jovem ainda, foi ser pedreiro em São Paulo, e depois retornou à sua terra natal, Pedras de Maria da Cruz, onde se juntou a LCP para conquistar seu pedaço de terra. Impossível não nos lembrarmos do companheiro Osmir falando...
Por estes motivos nós do Marreta estamos nos mobilizando para dar todo o apoio possível para os familiares e companheiros de Cleomar, pois os gastos são muito grandes; funeral, advogados para cobrar da justiça a apuração e punição do crime e também para apoiar a família a conseguir seus direitos; transporte de companheiros para participarem das mobilizações contra este crime bárbaro, bem como para estarem próximos e protegerem a vida de outros companheiros e parentes de Cleomar, que agora estão ameaçados.
Mesmo estando na hora mais difícil da campanha salarial, nós pedimos aos companheiros que nos ajudem nesta justa causa.
E mais, que todos se empenhem em cobrar das autoridades a exemplar punição deste crime, tantas vezes denunciado aos “ouvidos de mercador” da Ouvidoria Agrária Nacional, INCRA, ITER, etc.
Esclarecemos, em derradeiro, que estamos empreendendo esta luta não só por nossa decisão, mas porque sócios, funcionários e diretores do Sindicato não se cansam de expressar sua revolta e emoção diante dos fatos, posto que já há pelo menos cinco anos se acostumaram a comprar o mel do “Cleomar” e a perguntar por sua luta.
Contando com os companheiros,

Obs.: 1 - sugiro que todos os diretores da efetiva assinem, ou os que desejarem
2 – esta carta pode ser enviada ao Cloves, Zé Antonio, Paulo Borracheiro, frentistas e outros

________________________________________



Bloco de Re-Existência de Camaçari/BA


O Bloco de Re-Existência de Camaçari vem por meio desta nota expressar sua solidariedade aos companheiros da LCP e à família do companheiro CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA, valoroso e combativo coordenador da Liga, por esta perda irreparável.

Neste momento de pesar e indignação, lembramos da música de Chico Buarque “Funeral de um Lavrador”, onde ele diz que uma cova pequena em palmos medida, é a parte do latifúndio que cabe ao lavrador, infelizmente essa vem sendo a realidade dos valorosos camponeses pobres, quilombolas e indígenas brasileiros, que a cada ano vem sofrendo com o aumento da violência dos latifundiários apoiados nas forças de repressão, justiça e gerentes de turno municipais, estaduais e federais.

A indignação com mais este brutal assassinato se torna ainda maior, quando percebemos que já existiam denúncias de ameaças por parte dos latifundiários da região, aos companheiros camponeses e nada foi feito. E por que não foi feito? Porque simplesmente a justiça e os gerentes de turno, são aliados destes verdadeiros bandidos que são os grandes proprietários de terra, bandidos estes que se perpetuam como senhores das terras brasileiras, desde à época das capitanias hereditárias.

O crime ocorreu em meio a grande farsa eleitoral, que acabou levando ao cargo de gerente de turno mais uma vez o oportunismo petista, oportunismo este que ao subir em palanques com a porta voz do agronegócio Kátia Abreu, mostrou descaradamente qual será sua política para aqueles que travam a justa batalha pela terra no Brasil.

A luta do companheiro Cleomar não será esquecida, sua morte e a de todos outros companheiros que foram mortos por este podre estado genocida deve servir de inspiração e forças para construirmos a aliança operário camponesa e assaltarmos os céus, conquistando todo o poder para os trabalhadores, finalizamos a nota citando O Risco, outra importante canção do movimento camponês que diz:

“Nós estamos em guerra
Lado de lá já decretou
Pois já pagou pistoleiros
Pra matar trabalhador
É a nossa proposta,
Pois a gente quer ganhar.
Se matarem um daqui,
Dez de lá vamos matar...”

Morte ao Latifúndio! Viva a Revolução Agraria!!
Companheiro Cleomar Presente!!!
Bloco de Re-Existência de Camaçari/BA


____________________________________________



MEPR - Movimento Estudantil Popular Revolucionário:

DIRIGENTE CAMPONÊS DA LCP É ASSASSINADO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Um dia antes do revoltante assassinato do dirigente camponês da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia, Cleomar Rodrigues de Almeida, por pistoleiros a mando do latifúndio, no município de Pedras de Maria da Cruz/MG, no último dia 22 de outubro, afirmávamos em nossa página na internet:
“O governo da frente oportunista e eleitoreira encabeçada pelo PT foi quem mais atacou os camponeses pobres, quilombolas e povos indígenas desde o fim do regime militar fascista. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, somente neste ano, 29 pessoas foram assassinadas em conflitos pela terra, desde 2011 o número chega a 128. A participação de policiais militares, civis e federais junto a grupos de pistoleiros a soldo do latifúndio são uma constante...”
Cleomar há quase dois anos era ameaçado de morte pelo latifúndio no norte de Minas. Nada de concreto foi feito pelo Incra, Ministério Público, Ouvidoria Agrária, ou por qualquer órgão do velho Estado, no sentido de proteger a vida do companheiro. Pelo contrário, Cleomar foi assassinado apenas duas semanas após participar de uma audiência pública em Maria da Cruz que teve como único resultado concreto a certeza da impunidade da parte dos latifundiários.
Tivemos a honra de conviver com o companheiro Cleomar Rodrigues em várias ocasiões. Ativistas do MEPR de Goiânia e Brasília visitaram a Área Revolucionária Unidos com Deus Venceremos onde Cleomar vivia. O companheiro era um grande entusiasta da produção coletiva e o mel que produzia em sua área junto a outras famílias estava sendo utilizado na campanha de arrecadação de recursos para a defesa jurídica dos presos políticos no Rio de Janeiro.
Estivemos junto ao companheiro em diversas manifestações e atividades do movimento popular revolucionário, como no primeiro de maio classista em São Paulo no ano de 2011, no ato contra a Operação Caçada Verde e em solidariedade a luta revolucionária dos camponeses e povos advasis indianos em 2010, no Congresso Internacional dos Advogados do Povo e na ocupação da sede do INCRA em BH no ano passado.
Cleomar era uma pessoa simples, extremamente dedicado à luta popular, abnegado, inteligente e alegre. Sempre sorrindo, enfrentava com serenidade e bom humor as enormes dificuldades inerentes a luta pela terra. Ouvia a todos com atenção e se interessava muito pela luta dos estudantes na cidade. Quando a juventude combatente se colocou a frente dos protestos populares iniciados com as jornadas de junho/julho de 2013 o companheiro sustentou com firmeza a necessidade de espalhar as chamas dos manifestações populares que incendiavam as grandes cidades para o campo, organizando inúmeros fechamentos de rodovias contra as criminosas ações de despejo movidas pelo podre poder judiciário a serviço do latifúndio.
Cleomar era um autêntico revolucionário que colocava os interesses do povo e da Revolução sempre acima dos seus interesses pessoais. O companheiro trabalhava dia e noite pela causa da Revolução Agrária. Tombou na luta assassinado por defender os interesses não apenas dos camponeses, mas de todo o nosso povo, pela construção de uma Nova Democracia em nosso país a serviço da revolução proletária mundial.
Esta é a verdadeira face da falsa democracia da grande burguesia e do latifúndio, serviçais do imperialismo, principalmente ianque. Com uma mão acenam democracia, constrangendo e chantageando o povo a participar da sua farsa eleitoral podre e corrupta. Com a outra, tratam a ferro e fogo todos aqueles que se opõe a seus desmandos e injustiças.
Dilma Roussef e Aécio Neves disputam quem continuará mantendo intactas toda a secular estrutura de poder do velho Estado brasileiro, quem comandará as policias e a Força Nacional na repressão aos protestos populares na cidade e na luta pela terra contra camponeses, quilombolas e povos indígenas.
O revoltante assassinato de nosso querido companheiro Cleomar é mais uma prova do caráter farsante da democracia brasileira. É um chamado a todos aqueles que acreditam num pais mais justo sobre a necessidade de destruir este Estado reacionário e construir uma verdadeira democracia para os trabalhadores da cidade e do campo, fortalecendo a aliança operário-camponesa e impulsionando a Revolução Agrária em curso, que foi o próprio sentido da vida do companheiro Cleomar.
Reafirmamos nosso compromisso de dar continuidade a luta do companheiro Cleomar, mantendo erguidas as bandeiras da destruição do latifúndio e pela distribuição de todas as terras para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Nos empenharemos, cada vez mais, para apoiar e participar de forma ativa da Revolução Agrária em nosso país, fazendo repercutir nas escolas e universidades a luta camponesa combativa e participando da organização dos Comitês de Apoio, Escolas Populares e Assembléias Populares.
Estão enganados aqueles que pensam poder afogar em sangue a luta pela terra. Nenhuma repressão, por mais terrível que seja, será capaz de conter o avanço da tormentosa luta pela terra. A destruição do latifúndio e de todo o atraso e miséria que sua existência representa para o nosso povo e nação é uma premissa incontornável para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática em nosso país. Com diz o hino da Revolução Agrária: “por mais que demore, vamos triunfar!”
Exigimos a punição de todos os envolvidos, mandantes e executores, no assassinato do companheiro Cleomar Rodrigues de Almeida!

______________________________________



ESTUDANTES DO CHILE



____________________________




Centro Acadêmico Josué de Castro – CAGeo. - Centro Acadêmico de Geografia da UERJ

Dia 22 de outubro, um dia após o debate que realizamos na UERJ sobre a questão agrária e a situação da luta pela terra no Brasil, recebemos a triste notícia do assassinato de Cleomar Rodrigues de Almeida, camponês e Dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Quando retornava para a área onde vivia, em Pedras de Maria da Cruz (MG), Cleomar foi covardemente baleado à queima roupa por pistoleiros.

Há muito tempo Cleomar e a LCP denunciavam que latifundiários da região o ameaçavam. Portanto, o Estado brasileiro, embora não tenha apertado o gatilho, é o verdadeiro culpado por mais um assassinato no campo. Cleomar se somou aos outros 23 mortos só neste ano pelo latifúndio. A morte do companheiro é mais uma demonstração cabal da gravidade do problema da terra no Brasil e da falência da reforma agrária do PT.

Lula, antes de assumir a presidência, disse que se pudesse fazer apenas uma coisa durante seu governo, seria a reforma agrária. Mais de uma década após sua subida ao topo do Estado brasileiro, ficam cada vez mais transparentes os compromissos do PT com o latifúndio: mortes, aumento da concentração fundiária, compromissos com o Agronegócio e a bancada ruralista, etc.

Porém, onde há opressão também há resistência. Vemos entusiasmados que, mesmo com toda a repressão, o bravo campesinato brasileiro continua lutando por um pedaço de terra para viver e trabalhar. As ilusões com a reforma agrária do PT estão, pouco a pouco, sendo quebradas, e os camponeses percebem que só através da luta combativa podem conquistar um pedaço de chão.

O companheiro Cleomar era um autêntico representante desse heroico campesinato. Militante abnegado, dedicou sua vida a causa da luta pela terra dando seu mais precioso bem, o próprio sangue. Via como poucos a importância da aliança entre os que vivem no campo e na cidade. Expressão disso foi que doou uma remessa de mel produzido na área que vivia e trabalhava para ajudar na campanha de libertação dos presos e perseguidos políticos, entre os quais dois companheiros do nosso Centro Acadêmico.

Nós, estudantes de Geografia, que entendemos a importância da luta pela terra como parte fundamental da luta do povo brasileiro por transformações profundas na sociedade, inclinamos respeitosamente nossas cabeças à memória do companheiro Cleomar, seus familiares, amigos e a LCP. A morte dele não foi em vão, temos certeza.

Companheiro Cleomar! Presente na luta!
Centro Acadêmico Josué de Castro
Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2014


______________________________________________





ABRAPO - Associação Brasileiro dos Advogados do Povo:


Advogados do Povo denunciam assassinato de líder camponês no Norte de Minas Gerais:
Justiça para Cleomar!
Belo Horizonte, 26 de outubro de 2014

A Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABRAPO) vem denunciar o assassinato extrajudicial do camponês Cleomar Rodrigues de Almeida, de 46 anos, no passado dia 22 de outubro, quando retornava à sua moradia no Norte de Minas Gerais. Cleomar era Coordenador Político da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia.
De acordo com informações recebidas e denúncias do próprio Cleomar, amplamente divulgadas, ele já havia sofrido ameaças dos latifundiários da Fazenda Pedras de São João Agropecuária e latifundiários vizinhos. Cleomar vinha denunciando as ameaças de morte sofrida ao Ministério Público Federal, INCRA e Ouvidoria agrária e ainda a participação de Policiais Militares, Civis e de um oficial de Justiça nas ameaças.
No dia 9 de outubro, Cleomar havia participado de uma audiência pública, convocada pelo MPF - Montes Claros, onde novamente denunciou, diante dos latifundiários da região, a atuação de bandos armados e as ameaças que ele e outros camponeses vinham sofrendo.
A Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia distribuiu panfleto onde denuncia os seguintes fatos:
“Em uma audiência pública realizada nesta
cidade no dia 9 deste mês, envolvendo mais de 30 comunidades, mais de 300 pescadores e camponeses repetiram as denúncias de graves violações dos direitos do povo nesta região, que vem sendo cometidas desde 2004 por um bando que envolve latifundiários, empresários, pistoleiros e policiais contra pescadores e camponeses ribeirinhos.”
Mais adiante, o panfleto diz expressamente: “ameaças são feitas à luz do dia por capangas armados, como o próprio Marquinho, elemento conhecido na região pela prática da pistolagem, o qual se sentiu encorajado a comparecer à audiência, rindo dos camponeses enquanto estes repetiam pela milésima vez as denúncias ao Ministério Público”.
Cleomar e os camponeses pobres do Norte de Minas Gerais são exemplos de luta do povo brasileiro, organizando por seus próprios esforços uma nova vida, comprometidos não só com a destruição do latifúndio, mas com a produção nas terras que ocupam. Cleomar organizava um grupo coletivo para a produção de mel

nas suas terras, e participava das tarefas da comunidade. O mel produzido na Área Revolucionária Unidos com Deus Venceremos, onde morava com mais
35 famílias, foi levado a várias regiões do país e
comercializado de maneira solidária. Em fevereiro de 2014, Cleomar levou seu trabalho e seu exemplo de luta ao 5º Congresso da Associação Internacional dos Advogados do Povo, e distribuiu uma bolsa com produtos da luta camponesa a cada um dos membros das delegações internacionais.

A ABRAPO denuncia assim o assassinato de Cleomar e manifesta sua solidariedade com seus familiares e companheiros de luta. Exigimos providências da Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério Público Federal, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Que os responsáveis pelo assassinato de Cleomar sejam apontados e punidos, e que haja reparação integral aos familiares e à comunidade onde ele vivia, incluindo a apuração de todas as denúncias realizadas pelos camponeses contra os latifundiários da região, e que lhes seja assegurado o direito à terra e a uma vida digna.

__________________________________________



RECC - Rede Estudantil Classista Combativa

Não Esquecemos, nem perdoamos: mais um camponês assassinado!   No último 22 de outubro, mais um camponês é assassinado pelo latifúndio no Brasil. Cleomar Rodrigues de Almeida, dirigente da Liga dos Camponeses Pobres vinha sofrendo ameaças por parte de latifundiários na região norte do estado de Minas Gerais. A Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) que compõe o Fórum de Oposições pela Base (FOB), vem através desta nota declarar repúdio ao genocídio de trabalhadores do campo e à cumplicidade e omissão do Ministério Público, INCRA e Ouvidoria Agrária com relação às ameaças e inúmeras mortes de trabalhadores e lutadores do campo. No ano de 2013, a Comissão Patoral da Terra (CPT) divulgou o aumento das mortes por conflitos no campo em mais de 10,3%. O Estado e os governos do PT, submissos ao agronegócio estão manchados de sangue camponês, indígena e quilombola, desta forma, a RECC/FOB presta solidariedade à LCP e aos familiares do camarada Cleomar.     Companheiro Cleomar: presente! Toda solidariedade à luta camponesa combativa! Construir a aliança camponesa/operária/estudantil Todo poder ao povo!

________________________________________________



Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ

Em nome da Comissão de Direitos Humanos da OAB RJ quero emprestar aos amigos e familiares de Cleomar toda nossa solidariedade nesse momento de dor e angústia decorrente do assassinato desse lutador social e popular. A posse e a produção da e na terra pelos camponeses e humildes trabalhadores tem custado suor e sangue. É preciso dar um basta à opressão e morticínio do nosso povo pobre e explorado. Os culpados por mais essa morte precisam ser identificados e punidos com todo o rigor. A reforma agrária deve ser realizada a todo custo. Terra para quem precisa e nela trabalha e vive. Não esmorecemos um palmo. Cleomar VIVE!

Marcelo Chalreo
Presidente

_______________________________________________



REVISTA OPERA




_________________________________



ANONYMOUS RIO

Quando falamos que somos uma legião é sobre isso que estamos falando: somos todas as vozes anônimas massacradas por esse sistema opressor.

Companheiro Cleomar, da Liga dos Camponeses Pobres, foi assassinado ontem por pistoleiros em uma emboscada. Ele, um produtor rural que lutava contra os latifúndios, foi mais um anônimo assassinado, mas mesmo que não esteja mais aqui não será calado.

A LCP tem ajudado os movimentos populares do Rio de Janeiro por meio da Comissão dos Pais e Familiares dos Presos e Perseguidos Políticos - RJ, que vende seus produtos para o levantamento de fundo contra a perseguição do Estado aos ativistas presos e processados.

A luta de Cleomar reside em cada um de nós. A carne pode ter ido, mas as ideias ficam. Poque ideias são a prova de balas.

Cleomar, PRESENTE!

Não esquecemos.
Não perdoamos.


____________________________________________



FRENTE INDEPENDENTE POPULAR - FIP-RJ

Saudações combatentes ao companheiro Cleomar, mártir da luta pela terra no Brasil!

Foi com profundo pesar que a Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ) recebeu a notícia do assassinato do companheiro Cleomar, coordenador da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Norte de Minas e Bahia. Mais uma vez o Estado brasileiro mostra sua face mais horrenda, assassinando aqueles que ousam levantar-se contra a miséria, os desmandos e a brutal repressão estabelecida sobre nosso povo. Se nas cidades, as polícias aplicam sistemática política de extermínio da juventude pobre; se nas cidades os governantes reprimem com brutalidade as manifestações populares, e processam e encarceram ativistas, vimos claramente como no campo a repressão já chegou (há muito tempo) ao nível de eliminação seletiva de lideranças reconhecidas do nosso povo. Segundo dados oficiais, a cada três dias ocorrem “conflitos” no campo brasileiro, e a cada 15 dias um camponês sem terra ou com pouca terra é assassinado em decorrência da luta por um pedaço de chão.
Os que negam a existência do problema agrário-camponês no nosso país são cúmplices dessa realidade. Realidade que é a da monocultura para exportação e do poder intocado dos latifundiários, muitos dos quais, além das polícias, contam ainda com verdadeiros exércitos de pistoleiros. O governo do PT, da senhora Dilma, não é apenas omisso, senão que incentiva e é protagonista das mortes no campo. Cada vez mais o famigerado “agronegócio” domina a economia nacional, largamente financiado pelo velho Estado, e atropela camponeses e povos indígenas em seu caminho. Vimos como Kátia Abreu, líder da assassina bancada ruralista do Congresso Nacional, senadora por Tocantins pelo PMDB, compõe a base aliada do governo federal. Assim como as oligarquias Collor, Barbalho, Calheiros, Sarney, para ficar nas mais representativas de tudo o que há de podre nesse país. Durante toda a campanha eleitoral se discutiu tudo –menos a luta pela terra, e nem sequer uma referência inofensiva à reforma agrária foi feita. Claro, porque o governo ruralista, o Congresso ruralista, o Judiciário ruralista não farão qualquer reforma agrária.
O povo terá que conquistar a terra com suas próprias mãos! Estamos convencidos, como a LCP, que isso não será por meio de uma reforma, senão por uma revolução!
Enviamos nossas saudações e nosso pesar aos familiares de Cleomar, aos seus companheiros e companheiras de luta, à Liga dos Camponeses Pobres e a todos os camponeses do nosso país. Recentemente recebemos doação de mel produzido nas áreas revolucionárias onde atuava o companheiro Cleomar, como parte da campanha de arrecadação de fundos para sustentar a campanha pela libertação de todos os presos políticos e extinção dos processos. Esse foi mais um exemplo da solidariedade militante que deve ser a norma nas relações entre movimentos combativos e revolucionários. Exemplo comovente da aliança que devemos construir, mais e mais, entre os que lutam na cidade e os que lutam no campo. Unidade entre os que não se renderam às promessas e benesses da “esquerda” oficial no governo há 11 anos, e que apenas seguiu administrando o sofrimento, a miséria e a morte do nosso povo. Sabemos que a luta tem um preço, mas enganam-se nossos inimigos de classe se pensam que não estaremos dispostos a paga-lo, em prol da nossa emancipação.
Uma vez mais, curvamos nossas cabeças ante a memória do companheiro Cleomar, mártir da luta pela terra no Brasil. Como canta uma canção sua, que temos levado à juventude combatente aqui no Rio, “o risco que corre o pau corre o machado, não há o que temer; aqueles que mandam matar também têm que morrer”. Na próxima manifestação de massas que ocorrer aqui, um estandarte com seu nome e foto estará entre nós.

Companheiro Cleomar, presente na luta!
Honra e glória aos mártires do nosso povo!
Não esqueceremos, não perdoaremos!
Frente Independente Popular do Rio de Janeiro (FIP-RJ),
outubro de 2014.


_____________________________________________



COMISSÃO DAS MÃES E FAMILIARES DE PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS - RJ

NOTA DE SOLIDARIEDADE A LCP E A FAMÍLIA DE CLEOMAR RODRIGUES DE ALMEIDA

A Comissão dos Pais e Familiares dos Presos e Perseguidos Políticos – RJ vem por meio desta nota se solidarizar com a Liga dos Camponeses Pobres e com a família do Cleomar. A LCP tem sido uma fonte de força e inspiração para a luta desta comissão que depois de sentirem na pele a perseguição sofrida contra seus filhos e filhas abraçou suas causas.

Nossos filhos foram presos por lutar por todo o povo, e imediatamente a LCP se colocou ao nosso lado em solidariedade. O mel fornecido pela LCP e o qual a produção foi organizada pelo companheiro Cleomar tem sido extremamente importante para essa comissão lutar, conforme possível for, pelos direitos de nossos filhos e filhas e por todos os filhos e filhas lutadores do povo que conseguirmos. Somos, hoje, mães, pais e parentes de todo lutador do povo. A perda de Cleomar também é para nós a perda de um filho, um irmão, um amigo, um companheiro de luta.

Nós, a Comissão dos Pais e Familiares dos Pesos e Perseguidos Políticos – RJ, não chegamos a conhecer o companheiro Cleomar, mas reconhecemos o apoio dele e da LCP à luta de nossos filhos e filhas e de nossa própria luta. Recebemos a notícia de seu assassinato com profunda dor e revolta. A dor dos companheiros da LCP é a nossa dor, a revolta da LCP também é nossa revolta.

Daqui do Rio de Janeiro acompanhamos as lutas do campo e a forte luta da LCP contra o latifúndio que domina nosso país, vocês não estão sozinhos nessa luta. Campo e cidade estão unidas pela luta, dor e esperança de dias melhores e condições iguais para todo o povo.

A mão suja do latifúndio pode ter tirado a presença física do companheiro Cleomar do meio de nós, mas as ideias e ideais carregados por ele não podem ser tirados de nós. As sementes plantadas pela LCP não brotam somente no campo, elas também brotam cada vez mais nas cidades e nós e nossos filhos e filhas espalharemos cada vez mais a semente da revolução agrária pela qual a LCP luta e que o companheiro Cleomar também trabalhava.

Exigimos uma investigação exemplar por parte da polícia de Minas Gerais para se chegar aos mandantes e aos assassinos do companheiro Cleomar e de todos os companheiros assassinados no campo. Também exigimos que todas as denúncias de ameaças e perseguição feitas por nossos companheiros da LCP sejam exemplarmente investigadas.

Deixamos nossos sentimentos aos companheiros e companheiras da LCP e a família de Cleomar. E, além dos nossos sentimentos, deixamos nossa luta!

Companheiro Cleomar, PRESENTE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário