Conforme
é do conhecimento de todos, o sr. Daniel Dantas adquiriu milhares de
hectares de terras no sul do estado do Pará, formando o maior
rebanho bovino do mundo. A empresa que administra todas estas terras
usa o nome de Fazendas Santa Bárbara. Esta empresa mantém milícias
que exibem armas ostensivamente e fazem até blitz nas estradas para
identificar lideranças camponesas. Essas milícias agem livremente
em toda a região, com a conivência do governo de Ana Julia Carepa
(PT).
No
dia 23 de agosto, por volta das 21hs, um carro da empresa Santa
Bárbara e outro da "escolta armada" - denunciado pelos
camponeses como sendo o carro do gerente de uma das fazendas e uma
caminhonete Hailux, que pertencem a uma empresa que também faz a
"segurança" das fazendas, estavam a espreita em uma
estrada por onde os camponeses diariamente passam para ir a Vila
Betel, próximo a cidade de Eldorado dos Carajás, já que na área
do acampamento não há água suficiente para o uso das famílias.
Logo saíram em perseguiçao a um carro onde ia uma das lideranças
dos camponeses, Adilson mais conhecido como blindado. Ao se
aproximarem fizeram vários disparos contra o veículo atingindo e
matando o jovem Wagner Nascimento Silva, de apenas 21 anos. Os tiros
atingiram também outro campones de nome Constantino.
A
delegacia de Eldorado em princípio queria remover o corpo do local,
o que foi prontamente recusado pelos familiares e companheiros que
exigiram a presençca do IML, que só chegou as 3 da manhã. Com
dezenas de testemunhas a polícia ainda não convocou os suspeitos
alegando que precisa de reforços para fazê-lo. Enquanto isso o
grupo Santa Bárbara vai ganhando tempo para sumir com os
responsáveis e com as provas do crime.
Essa
morte mais uma vez evidencia a impunidade do latifúndio - que
assassina abertamente no sul do Pará; a presença das milícias, já
várias vezes denunciadas pela Liga dos Camponeses Pobres e a
conivência de todas as estrtuturas do governo do estado do Pará com
esses crimes.
Em
ato realizado no dia 12 de setembro, em Eldorado dos Carajás, cerca
de 800 camponeses se reuniram na entrada da cidade com faixas
cartazes, cantando músicas de luta e gritando palavras de ordem em
protesto contra essa situação e numa clara demonstração de
disposição de enfrentar o grupo Santa Bárbara, do banqueiro Daniel
Dantas e manter as terras já conquistadas.
A
família de Wagner, mesmo muito abalada pelo acontecimento, estava
presnte exigindo justiça. A irmã do camponês assassinado se
pronunciou dizendo que seu exemplo de esperança, de solidariedade,
testemunhado por muitos dos presentes, seria seguido por todos
aqueles jovens ali presentes, que seguirão na luta pela terra e por
justiça. Diversas lideranças se pronunciaram denunciando detalhes
das perseguições da segurança do grupo Santa Bárbara, das
provocações vindas de homens armados, das blitz realizadas por
esses serguranças em toda a extensão da rodovia PA 150, que liga
Eldorado a Marabá. Tudo isso acontece com pleno conhecimento do
governo do estado que nada faz para impedir essas arbitrariedades.
O
ato foi realizado num clima de muita comoção, mas além disso, o
que marcou esta atividade foi a demonstração de uma massa com muita
disposição de luta!
No
dia 07 de setembro, em desfile montado pela prefeitura de Redenção,
todas as escolas da cidade fdoram convidadas a participar. Os temas
eram ecológicos, exaltavam as riquezas da Amazônia, grandesa do
Brasil, contando até mesmo com anacrônicos personagens de Wall
Disney. Até temas de leis de trânsito foram apresentados por várias
escolas. O objetivo era repetir seguidamente o nome do prefeito e
falar da criação do estado de Carajás, de forma que qualquer coisa
apresentada valia para justificar o desfile como um ato "cívico"
a favor do novo estado.
Tudo
isso num clima de exaltação ao prefeito, representante do
latifúndio cuja cidadela principal no sul do Pará é justamente
Redenção. Seguido também de uma intensa propaganda da criação do
estado de Carajás, onde o latifúndio pretende construir um estado
sob seu exclusivo comando, ou seja, com a instituição de alta
concentração da terra, da repressão, dos assassinatos de
camponeses, a expressão do feudalismo, da escravidão e violência
aberta e contra os camponeses.
Em
meio a todo esse quadro, a passsagem da escola Palma Muniz, uma das
maiores da cidade, com cerca de 1000 alunos, apresentou como tema a
situação social do povo. Com destaque de uma de suas alas que fazia
uma homenagem ao camponês Luis Lopes, assassinado há 2 meses na
fazenda Batente, próximo a Conceição do Araguaia. Os estudantes
desfilaram com grandes cartazes com a foto do campones Luis Lopes.
Bem na cara do prefeito e todo o seu séquito. O aplauso caloroso do
povo de Redenção no momento dessa homenagem demonstrou que muitos
percebiam claramente a manipulação daquele ato e a simpatia e o
respeito que o povo tem com os seus lutadores e heróis.
O
Cebraspo convoca todos os democratas e lutadores a denunciar mais
este crime cometido contra o povo pobre em luta, exigir apuração e
prisao dos culpados, denunciar a ação do grupo Santa Bárbara e a
omissão criminosa do governo do estado do Pará.
CEBRASPO
15
de setembro, 2009
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