Ambientalista assassinado na porta de casa no Tocantis sofria ameaças de grileiros da região.
No último dia 15 de junho, o ambientalista Sidinei de Oliveira Silva foi executado com dois tiros de calibre doze na porta de sua casa, na Ilha do Bananal, em Formoso do Araguaia, na região sudoeste do estado de Tocantis. Nenê, como era conhecido, trabalhava no programa do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e era presidente da Associação de Brigadistas da Brigada Federal (Brif) Nordeste do Ibama. Por sua postura crítica aos crimes ambientais praticados pelo latifúndio, Sidinei vinha sendo ameaçado por grileiros justamente por exercer seu trabalho de impedir queimadas na região.
O ambientalista deu apoio logístico à Funai na Mata do Mamão durante o avistamento do povo indígena isolado Avá-Canoeiro que era dado como extinto. Descendente do Povo Karajá, Nenê conhecia profundamente a região e conquistou grande respeito dos povos do campo na região por sua denúncia contra o latifúndio e seus crimes.
O diretor da Associação dos Servidores do Ibama, Wallace Lopes, afirmou que a Ilha do Bananal, onde Sidinei atuava, está passando por um processo de conflito capitaneado pelos latifundiários criadores de gado. “A ilha hoje está praticamente toda cercada por pastos, por cercas. Coisas que não tinham até poucos anos atrás”, afirmou Wallace à Agência Brasil. Em 2007, centenas de milhares de cabeças de gado foram retiradas, mas o Ministério Público (MP) realizou um acordo que permitiu o retorno.
Sidinei chegou a prestar depoimento ao MP sobre invasão de latifundiários em terras indígenas na ilha. Até o momento, o MP não se pronunciou.
Nos últimos 40 anos, mais de 199 milhões de hectares (quase 1/4 do território brasileiro) pegaram fogo ao menos uma vez. Trata-se principalmente de incêndios à vegetação nativa (68,4%), atingindo principalmente o Cerrado e a Amazônia, que juntos representam 86% da área total queimada. Só nos cinco primeiros meses de 2024, incêndios no Pantanal registraram aumento de 1.000%. A técnica é usada principalmente para beneficiar os grandes proprietários de terra. Juntamente ao crime ambiental, para expandir seus territórios também utilizam do terror latifundista contra camponeses e defensores do povo. No ano de 2023 foi registrado um novo recorde no número de conflitos no campo: 2.203. É o maior registro desde 1985. A região Norte lidera, com 810 conflitos, e o Nordeste é a segunda (665).
Todos os indícios apontam para mais um crime realizado por latifundiários ou seus bandos armados, portanto.
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