quinta-feira, 26 de maio de 2022

FORA PM DAS FAVELAS! Chacina na Vila Cruzeiro é TERRORISMO DE ESTADO!


 

Chacina na Vila Cruzeiro é TERRORISMO DE ESTADO!


A política contra insurgente do Estado brasileiro deixou mais um lastro de terror e sangue, desta vez na favela Vila Cruzeiro, situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Seguindo a lógica de mando sobre a vida e a morte da população pobre e principalmente preta que reside nas favelas, 23 pessoas foram chacinadas numa operação conjunta do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar - RJ) e da Polícia Rodoviária Federal/PR, aterrorizando a população por mais de doze horas. Há relatos de moradores que mais de 30 corpos foram retirados de dentro de uma área de mata, com sinais de tortura e facadas  (os relatos podem ser lidos na reportagem do jornal A Nova Democracia no seguinte link: https://anovademocracia.com.br/noticias/17559-massacre-da-penha-no-rio-torturas-tiro-contra-moradores-e-execucoes-macabrash). 


Um ano após a maior chacina da história do Rio na favela do Jacarezinho, a atuação das forças de repressão do Estado continua sendo midiática, e seguindo a lógica reacionária de alta letalidade policial com requintes de crueldade e covardia. 


Somente no ano de 2021 foram mais de 1356 pessoas mortas pelas forças policiais, isso em números oficiais. De janeiro até abril deste ano foram registradas 16 chacinas e 85 mortos (Grupo de Estudos Novos Ilegalismos - GENI/UFF). Além das irreparáveis vítimas fatais em números assustadores e todos os impactos dessas mortes para familiares e pessoas das comunidades, cabe destacar as consequências dessas operações e incursões policiais para o povo das favelas, da interrupção de suas vidas, da impossibilidade de locomover-se até seus locais de trabalho, do fechamento de escolas, creches e serviços de saúde.


Na Vila Cruzeiro, assim como em todas as outras chacinas, as forças policiais rapidamente tratam de taxar as pessoas assassinadas como suspeitos, criminosos, bandidos e demais adjetivos que visam justificar a barbárie cometida. O Estado brasileiro segue a cartilha usada para descaracterizar as execuções cometidas por agentes estatais, justificando suas ações como resposta à agressão de criminosos, pressupondo a legítima defesa dos policiais.


Ocorre que para todos os efeitos são os policiais que investigam, julgam, sentenciam e executam a pena livremente. Cabem a essas forças exercerem tais poderes? As vítimas foram julgadas? Seus processos correram conforme o devido processo legal? Tiveram seu trânsito julgado? Como a polícia pode taxar que os indivíduos eram criminosos de toda sorte?


Dia após dia, a cada chacina que cometem, exercem tais poderes aos quais não são designados nem mesmo perante as leis burguesas! E para fechar o ciclo da barbárie não vemos punições para os crimes de Estado cometidos contra o povo pobre no Rio de Janeiro e no resto do país.


A mesma linha é seguida pelo monopólio da imprensa e seus jornalistas que criminalizam a pobreza, a juventude pobre e preta, buscando de toda a sorte legitimar esse morticínio. Como é possível que o monopólio da imprensa justifique as 25 mortes na favela da Vila Cruzeiro? Chamando de “operação planejada” mais esse genocídio contra nosso povo? 


O objetivo é legitimar as mortes e perpetuar a impunidade. Ao lado do Estado e seus representantes, o monopólio de imprensa e os agentes do sistema penal, promotores e juízes, são também responsáveis pelo extermínio, principalmente da juventude, devendo ser julgados por crimes de extermínio, execuções e crimes contra o povo.


A mesma Rede Globo que atualmente tenta ditar as pautas "progressistas" ao seu modo, vem construindo desde o final dos anos 80 um clima belicoso contra o povo das favelas, associando a pobreza e a cor com a criminalidade, o que justificaria qualquer barbárie a ser cometida em nome da suposta segurança pública.


Essa sequência de genocídios ocorre em total desacordo com um suposto “plano de redução da letalidade policial” sob a responsabilidade da maior corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF). Mais um plano protocolar e limitado, mesmo dentro do que preconizam as leis no chamado Estado Democrático de Direito, que jamais existiu de fato para as favelas e periferias do Rio de Janeiro. 


É sabido que tais ações do Estado não se justificam pelo combate ao tráfico de drogas e armas, pois não atingem nem a superfície desta lucrativa atividade, que rapidamente substitui eventuais baixas e remunera inúmeros setores da sociedade, políticos, burgueses, latifundiários, as polícias, e inclusive o Exército, que já teve membros envolvidos com tráfico internacional transportando quilos de cocaína num avião presidencial.  


Para que servem, então essas chacinas contra a população residente nas favelas e periferias? Para aterrorizá-las, mantê-las sob o domínio do medo para que não possam se rebelar contra o ataque diário aos seus direitos civis e as condições de vida que levam, cada vez mais precárias com a crise econômica insolúvel do país. 


Cabe aos democratas, organizações progressistas e todos os verdadeiros defensores dos direitos povo repudiar de modo veemente esses massacres que se tornam uma política permanente do governo do Estado do Rio de Janeiro e que serve de laboratório para o resto do país. E mais do que nunca devemos sair em defesa do direito do povo se organizar para se defender de todos os tipos de atrocidades cometidas contra ele diuturnamente.



FORA PM DAS FAVELAS!

ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO!


Assinam a nota:

Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO)

Associação Brasileira de Advogados do Povo - Gabriel Pimenta (ABRAPO)

Fórum de Saúde do Rio de Janeiro



Assista a reportagem especial produzida pelo jornal A Nova Democracia:





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