Policia realiza blitz ilegal no cruzamento da estrada que dá acesso ao Acampamento Manoel Ribeiro

Uma ilegal campanha de perseguição e criminalização tem afligido moradores das áreas camponesas vizinhas ao Acampamento Manoel Ribeiro, região onde em 1995 policiais guaxebas* e pistoleiros cometeram o odioso crime de Estado conhecido como “Massacre de Santa Elina”, que assassinou 11 camponeses pais de família e a pequena Vanessa do Santos de 7 anos de idade.

Professores das crianças das áreas camponesas Zé Bentão, Renato Nathan e Maranatã I e II tiveram seu domicílio invadido na calada da noite por policiais a paisana, na madrugada do dia 16 de abril.

Segundo testemunhas, em atitude bandidesca e intimidatória, os “agentes” arrombaram porta e reviraram pertences pessoais dos profissionais de educação deixando bilhete com o recado “Estive aqui. Dúvida vá a delegacia”, o que aponta para a participação direta das forças de repressão locais em mais estes crimes de arrombamento e invasão.

Bilhete intimidatório deixado na casa invadida

Policiais arrombam porta e invadem casa de moradores

Moradores relataram que horas antes do arrombamento, estes mesmos “agentes”, se fazendo passar por funcionários do Incra e se dizendo à serviço da “reforma agrária”, estiveram na localidade em busca de trabalhadores da região.

Denúncias dão conta ainda de que estes mesmos policiais à paisana, por vezes portando armas de grosso calibre, têm circulando em duas caminhonetes pretas descaracterizadas abordando e interrogando moradores em seus lotes e exigindo informações a respeito de camponeses acampados e apoiadores do Acampamento Manoel Ribeiro.

Em momento algum mandados ou qualquer documento oficial foi apresentado pelos policiais que fazem essas diligências clandestinas, o que reforça a natureza das ilegalidades cometidas.

Na ensandecida campanha criminalizadora, inclusive fotos de alguns camponeses e moradores armazenadas nos celulares dos policiais têm sido mostrados na odiosa caçada por efetuar prisões notoriamente ilegais, como se os trabalhadores fossem criminosos.

Dentre os camponeses que foram submetidos à intimidação e interrogatórios estão sobreviventes e familiares das vítimas de Santa Elina.

A conversa é sempre a mesma. Mentindo serem pessoas que querem ajudar no processo jurídico e na regularização de terras para “reforma agrária”, os policiais armados, vestindo roupas comuns, fazem uma série de perguntas, exigem respostas, dizendo estar em busca de algumas pessoas no intento de ajudá-las, para invadirem casas durante a noite e cometerem todo tipo de detenções arbitrárias.

Alguns moradores denunciaram inclusive ter tido seus celulares hackeados e recebido ameaças através de telefonemas por parte de policiais.

Chamada telefônica intimidadrora realizada por policiais contra camponeses de Corumbiara

Os relatos afirmam também que vários camponeses estão constantemente tendo a privacidade de seus lotes violadas por viaturas que durante a noite lançam focos de luz fortes em direção às casas e terrenos dos trabalhadores, como se as famílias estivessem cometendo algum crime. Isso para além das frequentes blitze que humilham o povo na região em busca de informações sobre supostas lideranças e ativistas. (Veja aqui as denúncias)

A intensificação da perseguição contra moradores e vítimas de Santa Elina, orquestrada pelo governador reacionário Marcos Rocha e seu comparsa, o Secretário de Segurança José Hélio Cysneiros Pachá, ocorre no mesmo momento em que o judiciário determinou a suspensão por tempo indeterminado do despejo das famílias do Acampoamento Manoel Ribeiro que por mais de uma semana repeliram heroicamente todos os covardes ataques das tropas policiais e impediram a invasão das terras ocupadas. (Assista os vídeos aqui)

A perseguição contra os apoiadores das famílias que lutam pelo seu sagrado direito à terra é a forma baixa com que o governo e o latifúndio se utilizam afim de tentar isolar os camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro para assim atacá-los mais facilmente.

Porém, os sucessivos crimes do governo só têm exposto cada vez mais o verdadeiro caráter antipovo do reacionário Marcos Rocha e suas polícias que rasgam as leis quando se trata de defender latifundiários ladrões de terra e atacar famílias trabalhadoras.

Imprensa-lixo do latifúndio espalha mentiras e ajuda na criminalização

Além das inúmeras ilegalidades, a infâme campanha criminalizadora conta com o auxílio da imprensa-lixo do latifúndio para espalhar mentiras e difamação contra os camponeses em luta pelas últimas terras ainda não cortadas da antiga Fazenda Santa Elina.

Veículos do monopólio de imprensa e os jornalecos locais porta-vozes do latifúndio têm espalhado mentiras proferidas pelo próprio carniceiro de Santa Elina Cysneiros Pachá – atual Secretário de Segurança e comandante responsável pelas torturas e assassinatos na antiga Fazenda Sante Elina em 1995 – de que famílias estariam sendo ameaçadas pelos próprios acampados a não sair do acampamento.

Ora, se existem ameaças e intimidações contra as famílias acampadas, todas elas são perpetradas pelo próprio governo bandido que têm mantido um cerco contra o acampamento, mandado diariamente suas polícias dispararem balas de borracha e bombas contra mulheres e crianças. Policiais estes que durante tentativa de invasão do acampamento disseram, inclusive, que fariam um novo massacre igual ao de 1995. Mesma polícia esta que conformou o bando paramilitar guaxeba que atacou o Acampamento Manoel Ribeiro por 6 meses, conforme ficou comprovado em investigação a pedido do Ministério Público Estadual (MPE). (Entenda mais sobre o caso clicando aqui)

Estas são as únicas ameaças que existem! Porém, estas ameaças o cínico carniceiro Pachá não se atreve a admitir, uma vez que fazer isso implicaria em assumir crimes, dos quais este covarde assassino está tão acostumado a se afugentar – vide a Heroica Resistência do Camponeses de Corumbiara, na qual, o carniceiro comandou a tortura e execussão dos posseiros após estes terem sido rendidos.

A natureza dos crimes do carniceiro Cysneiros Pachá é tão vil que nem mesmo situações de guerra permitem o cometimento de tais atrocidades, sendo penalizadas em tribunais internacionais!

Os pseudo-jornalistas puxa-saco de latifundiários que dizem prezar pela imparcialidade não se envegonham ao veicular informações como estas.

Alguns destes, de tão desesperados em lamber as botas de seus ricos chefes latifundiários chegaram mesmo a afirmar o absurdo de que a Fazena Nossa Senhora seria um anexo e não parte da antiga Fazenda Santa Elina.

Para pôr fim a mais esta mentira e desinformação, repercutimos a seguir uma matéria bastante esclarecedora do portal Gente de Opinião do ano de 2010, na qual fazendo referência a um decreto publicado no Diário Oficial da União em 16/04/2010, afirma que as terras da Fazenda Nossa Senhora Aparecida foram declaradas “de interesse social para fins de reforma agrária.”.

“A Superintendência Regional do Incra em Rondônia esclarece que o imóvel denominado “Fazenda Santa Elina”, atuais fazendas: Maranata, Nossa Senhora Aparecida e Água Viva, localizado no município de Chupinguaia, estado de Rondônia, teve sua área declarada de interesse social para fins de reforma agrária, através do Decreto s/no, de 15.04.2010, publicado no Diário Oficial da União, em 16.04.2010. Assim, esta Superintendência Regional
realizará todos os procedimentos técnicos e administrativos necessários à concretização da determinação.”

Mas, se enganam estes bandidos do governo, suas polícias e imprensa vendida se pensam que vão fazer parar a luta pela terra com mentiras, difamações e perseguições. Todo esse aparato só mostra o desespero dos ladrões de terra e seus sócios que frente à luta organizada das famílias, veêm os seus dias de crimes e enriquecimento ilícito contados para o fim.

*Guaxeba: termo popular usado em Rondônia e região para designar pistoleiros, homens armados contratados pelos latifundiários para fazer a vigilância das terras roubadas e cometer crimes, principalmente contra camponeses.

Veja a nota em sua integra: https://resistenciacamponesa.com/luta-camponesa/policia-intimida-vitimas-de-santa-elina-e-invade-casas-de-professores-em-corumbiara/