Nesta quarta-feira o camponês Cleomar, coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia foi emboscado e morto em Pedra Maria da Cruz, próximo à Área Revolucionário Unidos com Deus Venceremos, onde morava, trabalhava e lutava com seus companheiros. Cleomar organizou a produção coletiva de mel na área, e com parte dessa produção ele e seus companheiros ajudaram manifestantes presos e perseguidos políticos no Rio de Janeiro, o que o deixava bastante feliz. Recentemente, Cleomar esteve presente no Congresso da Associação Internacional dos Advogados do Povo (IAPL) realizado no Rio de Janeiro.
Exigimos apuração e punição dos mandantes e executores de mais esse crime contra o povo!
Companheiro Cleomar! Presente na luta!
Reproduzimos abaixo nota da Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres:
Dirigente da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia é assassinado em Pedras de Maria da Cruz
Belo Horizonte, 23 de
outubro de 2014
O
companheiro Cleomar, Coordenador da Liga dos Camponeses Pobres do
Norte de Minas e Bahia, foi covardemente assassinado nesta
quarta-feira, 22 de outubro de 2014, após passar pela “cancela do
cascalho”, uma das primeiras do caminho para chegar à Área
Revolucionária Unidos com Deus Venceremos, onde o companheiro
morava, trabalhava e lutava pelo pedaço de terra junto com outros
companheiros.
Seu
corpo foi encontrado perfurado por arma de fogo, de acordo com as
primeiras informações de sua companheira que estava bastante
emocionada.
Estamos
enviando este comunicado para todos os que apóiam e acompanham a
luta pela terra, para que se manifestem repudiando mais este crime do
latifúndio e deste Estado podre e assassino, enquanto os
companheiros da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas recolhem
todas as informações e preparam uma honrosa despedida para este
mártir da luta do povo.
Conclamamos
a todos que (apesar da distância) possam se fazer presentes nas
despedidas ao companheiro, que o façam.
Cleomar
era humilde, dedicado, responsável, trabalhador, combativo,
inteligente, paciente, perspicaz, politizado. Marido e pai exemplar,
respeitador, sereno.
Cleomar
cansou de receber ameaças de morte, cansou de denunciar às
autoridades, sem que nenhuma providência fosse tomada.
O
roteiro do assassinato do companheiro Cleomar repete o de outras
centenas de emboscadas contra camponeses em luta pela terra: em uma
porteira, onde o companheiro tem de parar; e após uma audiência do
Ministério Público, no dia 09 de outubro, onde o companheiro cobrou
as estradas fechadas pelo latifúndio, a água de poços artesianos
prometidos e travados pelo CDR municipal, a desapropriação e a
entrega das terras que ocupava pelo INCRA, terras que já estavam
desapropriadas quando ele e as famílias entraram nelas, mas cujo
processo havia voltado à estaca zero, também como milhares neste
país nos últimos anos. Cleomar nesta audiência denunciou na cara
dos latifundiários as ameaças contra ele, conclamou à união de
camponeses, vazanteiros, pescadores e quilombolas contra o latifúndio
para conquistar a terra.
Cleomar
ajudou a fazer o corte popular em dezenas de áreas, Cleomar
organizou a produção de mel por um grupo coletivo, e imaginem a
felicidade que ele ficou quando viu o “seu” mel ajudando os
manifestantes presos políticos no Rio de Janeiro... Cleomar havia
participado no começo do ano do Congresso da Associação
Internacional dos Advogados do Povo, e seu interesse pelas lutas de
outros povos era contagiante. O Cleomar não queria só terra não, o
Cleomar queria o poder para a aliança operário-camponesa!
Levantemos
bem alto o nome, a consciência e a luta do companheiro Cleomar,
mártir do nosso povo!
Dor
e revolta, ódio, vingança! Contra os assassinos e os responsáveis
pelo assassinato do companheiro. Os primeiros, latifundiários e
pistoleiros; os segundos, esse Estado e seus gerentes ou candidatos a
gerentes, oportunistas, canalhas; esses dois candidatos que estão aí
poderiam ter evitado a morte do companheiro, se fizessem ao menos um
por cento do que diz essa constituição brasileira de ... O Cleomar
já estava com nojo de ir a audiências no Incra e ver a cara lavada
com que o gerente local mentia, ironizava e enrolava.
Dor
e revolta, ódio, vingança. Exigimos Justiça!
Honra
e glória aos mártires do nosso povo!
Viva
a luta pela terra! Viva a Revolução Agrária!
Companheiro
Cleomar, Presente na luta!
Comissão
Nacional das ligas de Camponeses Pobres
Nenhum comentário:
Postar um comentário