quarta-feira, 6 de maio de 2020

TURQUIA: MAIS UM PRESO POLÍTICO MORRE EM GREVE DE FOME

Repercutimos a denúncia de mais um preso político do velho estado turco que morreu durante greve de fome, 20 dias após a morte da artista turca do grupo musical Grup Yorum, Helin Bolek, que morreu no dia 03 de abril após uma greve de fome de 288 dias. Desta vez foi Mustafa Koçak, preso político do velho Estado turco, que morreu em 23 de abril, com 29 kg, no 297° dia de sua greve de fome em luta por liberdade. Preso em 23 de setembro de 2017 e sentenciado à prisão perpétua em dia 11 de julho de 2019 por "violação da ordem constitucional" do velho Estado turco, o vendedor de sanduíches, de 28 anos, em forma de protesto, iniciou a greve de fome já no terceiro dia do mesmo mês. 

 Mustafa Koçak e sua mãe (Fonte: Free Grup Yorum)

Mustafa foi acusado por um informante policial de ter “traficado armas” para um grupo revolucionário de esquerda. Detido dia 23 de setembro de 2017 e levado ao Departamento de Polícia de Istambul, de acordo com o relato escrito por Mustafa, os policiais colocaram um documento à sua frente e disseram que desse uma declaração de acordo com o documento, para “dar o fora” ou que “o prenderiam e ele não voltaria a ver a luz do dia”. Por não se sujeitar a tamanha injustiça, ele foi submetido a uma série de torturas físicas. Ameaçaram ele, sua mãe, seu pai e sua irmã. Ameaçaram estuprar sua irmã grávida. Ele foi torturado durante 12 dias, até ser preso no dia 4 de outubro. No dia 3 de julho de 2019 ele começou uma greve de fome, com uma série de demandas (liberdade, um processo justo, o fim das torturas). 

No seu processo do dia 11 de julho de 2019, as únicas "provas" oferecidas pelo velho Estado foram testemunhas forjadas. Uma delas, inclusive, declarou que sua afirmativa não era verdade, e que só a fez sob ameaça.

Já no dia 12 de março de 2020, ele foi levado forçadamente ao hospital. Lá ele foi submetido à soros que violavam sua greve de fome, algo que a Anistia Internacional declara uma forma de tortura. Ele foi preso lá por cinco dias, onde o amarraram com cordas, colocaram objetos em sua boca para não gritar, agiram com violência física e sexual. Ele relatou que não apenas médicos, mas inclusive figuras policiais estavam envolvidas nesses atos. Ele heroicamente mordia as agulhas do soro e as arrancava.

Cabe destacar que o informante policial que acusou Mustafa em 2017, Berk Ercan, foi o mesmo que acusou Mahir Mete Kul, um estudante de ciência da computação de 21 anos, de Istambul, que morreu após ser preso por dez meses, acusado de participar de um grupo de esquerda. Ele foi solto com controle judicial que o proibia de muitas coisas, inclusive de estudar. Após sua soltura, o jovem tentou escapar do regime sanguinário de Erdogan numa viagem a barco arriscada pelo rio Maritsa até a Grécia, mas sofreu um acidente e seu corpo só foi achado por "autoridades" gregas só no mês seguinte.


O CEBRASPO vem através desta postagem prestar sua solidariedade aos presos políticos democráticos e revolucionários da Turquia, denunciar a situação desumana e ilegal sob a qual são submetidos os prisioneiros, sem acesso a julgamentos justos e aos direitos democráticos mais básicos. Exigimos, principalmente em tempos de pandemia, liberdade imediata para os presos políticos e extinção desses processos criminosos promovidos pelo estado fascista da Turquia!

Com informações de Jornal A Nova Democracia e do Blog Dazibao Rojo

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