Transmitimos nota da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental sobre os 21 anos da Batalha de Santa Elina.
O Estado brasileiro foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por esta barbaridade, mas a justiça não foi feita. Numa farsa de julgamento, dois líderes camponeses e dois soldados da Polícia Militar foram condenados e presos. Em 2015, numa audiência com os camponeses de Santa Elina sobre indenizações, um juiz teve a cara de pau de dizer que não houve massacre e que os crimes já prescreveram. Até hoje os maiores culpados seguem impunes: José Ventura Pereira, tenente-coronel que comandou as tropas assassinas; capitão Mena Mendes, era comandante do batalhão de Vilhena, foi promovido; Valdir Raupp (PMDB), governador na época e comandante geral da PM; Antenor Duarte, latifundiário mandante que sequer foi a julgamento; e não podemos deixar de citar o Major Hélio Cysnero Pachá que comandou o COE, durante a ação e foi promovido, hoje é coronel da PM e segue comandando a repressão ao povo. Nesses dias está a frente da repressão (através do gabinete de integração da SESDEC) às famílias que ocuparam o latifúndio Bom Futuro em Serigueiras, e quer agora 21 anos depois, repetir o que fez em Corumbiara em 1995.
Em 2010, finalmente os camponeses começaram a fazer justiça. Após uma tentativa frustrada em 2008, famílias organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres e o CODEVISE (Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina) conseguiram retomar mais da metade da fazenda Santa Elina cumprindo uma promessa antiga ratificada em todos os congressos da LCP. Foi uma grande vitória, uma conquista histórica do movimento camponês brasileiro. E como tudo na vida do povo, só foi possível com muita luta. Os camponeses cortaram as terras por conta e distribuíram entre si através do Corte Popular. Rapidamente, cada família ocupou seu lote e começou as plantações e criações, construíram casas, estradas e pontes, tudo com seus próprios esforços. Quando o Incra apareceu, só deu prejuízos. O superintendente na época, Carlino Lima, do PT, prometeu mundos e fundos para as famílias saírem da área, mas não cumpriu nada. Desconsiderou o corte realizado pelas famílias, fez um novo corte, diminuindo o tamanho e mudando o sentido dos lotes. Carlino/PT e dirigentes de movimentos oportunistas espalharam mentiras e calúnias contra lideranças camponesas combativas, gerando confusão, desconfiança, desunião e desânimo entre os camponeses e causando a prisão injusta de um trabalhador, por 9 meses. Mesmo com tudo isto, as famílias nunca deixaram de resistir e trabalhar. Criaram associações, aumentaram a produção. A antiga fazenda Santa Elina, hoje áreas Renato Nathan, Zé Bentão, Alzira Monteiro, Alberico Carvalho, Maranata, tem cerca de 800 famílias vivendo e trabalhando nos seus lotes. E prosseguem a luta, aumentando sua união e organização. Os comerciantes de Corumbiara, Chupinguaia e Cerejeiras sempre agradecem aos camponeses, pois a retomada da fazenda Santa Elina e a maior presença de camponeses ajuda a desenvolver a economia da região.
Em 1995, a maior parte das terras estava concentrada nas mão de um punhado de latifundiários e ricaços. De lá pra cá essa situação piorou. No gerenciamento de Lula/Dilma/PT aumentou a concentração da terra, e o latifúndio expandiu cerca de 100 milhões de hectares, o dobro de todo o período do gerenciamento dos militares e 5 vezes mais que FHC. No gerenciamento do oportunismo foi colocada uma pedra em cima da já falida reforma agrária do governo, e como nunca antes se viu, intensificou a criminalização, repressão e assassinatos de camponeses e indígenas. E agora o gerenciamento tampão de Temer (PMDB) dá continuidade e agrava essa situação.
O próprio superintendente do Incra em Rondônia afirmou que não há dinheiro para a falida reforma agrária, e que o Incra não tem nem 1 centímetro de terra para “assentar” famílias. Mas por outro lado segue de vento em polpa as “regularizações” de terras da União roubadas pelos grileiros latifundiários (através do “Terra Legal”). Isso é parte de uma grande armação para entregar as terras brasileiras para o imperialismo, como vem sendo divulgado como medida para combater a crise. Sabem que os camponeses brasileiros, indígenas e quilombolas, verdadeiros donos destas terras, vão impor uma feroz resistência para defender o Brasil e seu único instrumento de trabalho, a terra, por isso não economizam e gastam rios de dinheiro com a repressão (veja o que estão fazendo agora nas olimpíadas) e realizam todo tipo de ataque as lideranças e organizações da luta camponesa, principalmente as mais combativas.
Em Rondônia está mais que provado que grupos de pistoleiros juntamente com policiais agem impunemente ao arrepio da lei como bandos armados, encorajados e acobertados por esse velho e desmoralizado Estado. Em Seringueiras, enquanto a polícia realiza verdadeira operação de guerra contra famílias camponesas, latifundiários estão agindo como verdadeiras quadrilhas, organizando bandos paramilitares, contratando pistoleiros e fazendo todo tipo de ameaça aberta e impunemente.
Há 21 anos atrás, os latifundiários queriam aterrorizar os camponeses e parar a luta pela terra com um banho de sangue, mas foi em vão. As tomadas de terra continuaram, com mais organização e mais preparação. Aquela batalha despertou a atenção de operários, professores, outros trabalhadores e estudantes em luta para a importância e urgência da luta camponesa. Trabalhadores da cidade e do campo se uniram, fizeram um balanço profundo desta experiência e tiraram importantes lições. A heroica Batalha de Santa Elina deixou claro os dois caminhos para a luta camponesa, de um lado, o caminho da conciliação, do pacifismo, da negociação, da reforma e das eleições podres e corruptas, onde não conseguimos nada além de migalhas. De outro lado, o caminho da luta combativa e da organização independente, único caminho para a conquista da terra.
Hoje, mesmo com os ataques sistemáticos do latifúndio e do velho Estado os camponeses estão ainda mais dispostos a persistir no único caminho possível para conquistarem um pedaço de terra, o caminho encetado pelos camponeses de Corumbiara, o caminho da Revolução Agrária tomando todas as terras do latifúndio, entregando a terra a quem nela vive e trabalha, cortando por conta e distribuir os lotes entre si, produzindo de forma cada vez mais cooperada e decidindo coletivamente, em Assembleias Populares, tudo o que lhes diz respeito. Este é o início de uma grande revolução que vai mudar verdadeiramente o país, conquistar os direitos do povo, justiça e uma verdadeira democracia.
Honra e glória aos heróis de Corumbiara!
VIVA A HEROICA RESISTÊNCIA CAMPONESA DE CORUMBIARA!
Há 21 anos atrás, no dia 9 de agosto de 1995 ocorreu a Batalha de Santa Elina, também conhecida como Massacre de Corumbiara. 600 famílias camponesas sem terra montaram acampamento para conseguirem o sagrado direito à terra para nela viverem e trabalharem. Antenor Duarte, latifundiário vizinho, organizou outros grandes fazendeiros, contratou e armou pistoleiros e ordenou o ataque brutal contra os trabalhadores. Policiais da PM e do COE fortemente armados atacaram o acampamento de madrugada, juntamente com pistoleiros. Os camponeses resistiram bravamente com as armas que tinham: paus, foices e espingardas. Depois de rendidos, foram humilhados, espancados, torturados e executados. Vários camponeses foram assassinados ou morreram dias depois, outros desapareceram, dentre os assassinados estava a menina Vanessa, de apenas 7 anos. A maioria dos trabalhadores tem sequelas até hoje e muitos morreram ao longo destes 21 anos por doenças que poderiam ter sido evitadas ou tratadas, caso as famílias tivessem recebido indenização e tratamento de saúde adequado.
Na época, a heroica resistência em Corumbiara teve grande repercussão no país e no exterior, o que obrigou o governo FHC a “assentar” parte das famílias. A direção oportunista da CUT e PT/RO que traficava com os interesses das famílias de Santa Elina aceitou a proposta do governo de dividir as famílias em 3 áreas, sendo todas fora da Santa Elina. Assim uma parte das famílias foi para Rio Preto, próximo de Porto Velho, outras para Guarajús na região de Corumbiara e a maior parte para a região onde hoje é Palmares do Oeste.
O Estado brasileiro foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por esta barbaridade, mas a justiça não foi feita. Numa farsa de julgamento, dois líderes camponeses e dois soldados da Polícia Militar foram condenados e presos. Em 2015, numa audiência com os camponeses de Santa Elina sobre indenizações, um juiz teve a cara de pau de dizer que não houve massacre e que os crimes já prescreveram. Até hoje os maiores culpados seguem impunes: José Ventura Pereira, tenente-coronel que comandou as tropas assassinas; capitão Mena Mendes, era comandante do batalhão de Vilhena, foi promovido; Valdir Raupp (PMDB), governador na época e comandante geral da PM; Antenor Duarte, latifundiário mandante que sequer foi a julgamento; e não podemos deixar de citar o Major Hélio Cysnero Pachá que comandou o COE, durante a ação e foi promovido, hoje é coronel da PM e segue comandando a repressão ao povo. Nesses dias está a frente da repressão (através do gabinete de integração da SESDEC) às famílias que ocuparam o latifúndio Bom Futuro em Serigueiras, e quer agora 21 anos depois, repetir o que fez em Corumbiara em 1995.
Em 2010, finalmente os camponeses começaram a fazer justiça. Após uma tentativa frustrada em 2008, famílias organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres e o CODEVISE (Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina) conseguiram retomar mais da metade da fazenda Santa Elina cumprindo uma promessa antiga ratificada em todos os congressos da LCP. Foi uma grande vitória, uma conquista histórica do movimento camponês brasileiro. E como tudo na vida do povo, só foi possível com muita luta. Os camponeses cortaram as terras por conta e distribuíram entre si através do Corte Popular. Rapidamente, cada família ocupou seu lote e começou as plantações e criações, construíram casas, estradas e pontes, tudo com seus próprios esforços. Quando o Incra apareceu, só deu prejuízos. O superintendente na época, Carlino Lima, do PT, prometeu mundos e fundos para as famílias saírem da área, mas não cumpriu nada. Desconsiderou o corte realizado pelas famílias, fez um novo corte, diminuindo o tamanho e mudando o sentido dos lotes. Carlino/PT e dirigentes de movimentos oportunistas espalharam mentiras e calúnias contra lideranças camponesas combativas, gerando confusão, desconfiança, desunião e desânimo entre os camponeses e causando a prisão injusta de um trabalhador, por 9 meses. Mesmo com tudo isto, as famílias nunca deixaram de resistir e trabalhar. Criaram associações, aumentaram a produção. A antiga fazenda Santa Elina, hoje áreas Renato Nathan, Zé Bentão, Alzira Monteiro, Alberico Carvalho, Maranata, tem cerca de 800 famílias vivendo e trabalhando nos seus lotes. E prosseguem a luta, aumentando sua união e organização. Os comerciantes de Corumbiara, Chupinguaia e Cerejeiras sempre agradecem aos camponeses, pois a retomada da fazenda Santa Elina e a maior presença de camponeses ajuda a desenvolver a economia da região.
Em 1995, a maior parte das terras estava concentrada nas mão de um punhado de latifundiários e ricaços. De lá pra cá essa situação piorou. No gerenciamento de Lula/Dilma/PT aumentou a concentração da terra, e o latifúndio expandiu cerca de 100 milhões de hectares, o dobro de todo o período do gerenciamento dos militares e 5 vezes mais que FHC. No gerenciamento do oportunismo foi colocada uma pedra em cima da já falida reforma agrária do governo, e como nunca antes se viu, intensificou a criminalização, repressão e assassinatos de camponeses e indígenas. E agora o gerenciamento tampão de Temer (PMDB) dá continuidade e agrava essa situação.
O próprio superintendente do Incra em Rondônia afirmou que não há dinheiro para a falida reforma agrária, e que o Incra não tem nem 1 centímetro de terra para “assentar” famílias. Mas por outro lado segue de vento em polpa as “regularizações” de terras da União roubadas pelos grileiros latifundiários (através do “Terra Legal”). Isso é parte de uma grande armação para entregar as terras brasileiras para o imperialismo, como vem sendo divulgado como medida para combater a crise. Sabem que os camponeses brasileiros, indígenas e quilombolas, verdadeiros donos destas terras, vão impor uma feroz resistência para defender o Brasil e seu único instrumento de trabalho, a terra, por isso não economizam e gastam rios de dinheiro com a repressão (veja o que estão fazendo agora nas olimpíadas) e realizam todo tipo de ataque as lideranças e organizações da luta camponesa, principalmente as mais combativas.
Em Rondônia está mais que provado que grupos de pistoleiros juntamente com policiais agem impunemente ao arrepio da lei como bandos armados, encorajados e acobertados por esse velho e desmoralizado Estado. Em Seringueiras, enquanto a polícia realiza verdadeira operação de guerra contra famílias camponesas, latifundiários estão agindo como verdadeiras quadrilhas, organizando bandos paramilitares, contratando pistoleiros e fazendo todo tipo de ameaça aberta e impunemente.
Há 21 anos atrás, os latifundiários queriam aterrorizar os camponeses e parar a luta pela terra com um banho de sangue, mas foi em vão. As tomadas de terra continuaram, com mais organização e mais preparação. Aquela batalha despertou a atenção de operários, professores, outros trabalhadores e estudantes em luta para a importância e urgência da luta camponesa. Trabalhadores da cidade e do campo se uniram, fizeram um balanço profundo desta experiência e tiraram importantes lições. A heroica Batalha de Santa Elina deixou claro os dois caminhos para a luta camponesa, de um lado, o caminho da conciliação, do pacifismo, da negociação, da reforma e das eleições podres e corruptas, onde não conseguimos nada além de migalhas. De outro lado, o caminho da luta combativa e da organização independente, único caminho para a conquista da terra.
Hoje, mesmo com os ataques sistemáticos do latifúndio e do velho Estado os camponeses estão ainda mais dispostos a persistir no único caminho possível para conquistarem um pedaço de terra, o caminho encetado pelos camponeses de Corumbiara, o caminho da Revolução Agrária tomando todas as terras do latifúndio, entregando a terra a quem nela vive e trabalha, cortando por conta e distribuir os lotes entre si, produzindo de forma cada vez mais cooperada e decidindo coletivamente, em Assembleias Populares, tudo o que lhes diz respeito. Este é o início de uma grande revolução que vai mudar verdadeiramente o país, conquistar os direitos do povo, justiça e uma verdadeira democracia.
Honra e glória aos heróis de Corumbiara!
Tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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