CEBRASPO
repudia “Operação Caçada Verde”
e
perseguição ao povo indiano
Desde 3 de dezembro de 2009 o governo indiano lançou a operação "Caçada Verde”. Esta operação de guerra que conta com 6 batalhões do exército indiano e mais 60 mil agentes de forças paramilitares, programada para durar cinco anos, tem como área de atuação o que denominam por “corredor maoísta”, que compreende os estados de Chhattisgarh, Orissa, Jharkhand e Bengala Ocidental, Andhra Pradesh e Maharashtra (região central da Índia), terras pertencente ao povo advasi e outras nacionalidades do extenso rol de populações oprimidas pelo Estado indiano.
A partir da data mencionada as populações que vivem naquelas
regiões vêm sofrendo duros ataques do exército e polícia indianos, assessorados
pelas forças armadas ianques. Seu objetivo central é deter a crescente
resistência popular, principalmente do povo adivasi, liderada há décadas pelo
PCI (M), Partido Comunista da Índia (Maoísta).
Os povos que vem sendo alvo desta operação “caçada verde” vivem em
territórios muito ricos. O território adivasi abrange muitas áreas florestais,
incluindo a floresta Dandakaranya, além de extensas jazidas minerais. Seus
milhões de adivasis - (Hindi, para o colono original, um termo genérico para
grupos étnicos e tribais, que estavam entre os habitantes originais do
subcontinente) - foram empurrados para regiões de florestas pelas ondas de
invasores e, foram excluídos do “sistema” da sociedade hindu. Eles têm uma
longa história de rebeliões e constantes revoltas contra o domínio colonial
britânico, começando com a revolta de Santal, em 1856/57, prosseguindo com
inúmeras revoltas menores, que têm sido uma importante base para a organização
da resistência popular.
As florestas onde os adivasis estão concentrados têm riquezas
minerais abundantes (ferro, carvão, bauxita, manganês, córidon, ouro, diamantes
e urânio). Ao longo dos últimos anos, empresas estrangeiras e indianas, com a
proteção do aparato do Estado indiano, vêm explorando-as e expulsando
violentamente os nativos de lá.
Foi justamente neste contexto que a resistência do povo adivasi
cresceu, e também a influência do PCI (M). Mesmo antes da operação “caçada
verde”, ações de repressão à luta dos adivasis eram freqüentes.
O PCI (M) tem ajudado a
liderar as tribos em suas lutas por justas reivindicações como pôr fim ao roubo
de suas terras feitas pelo governo indiano, lutar contra a fome, contra a
condição de ser reserva para o trabalho a ser enviado para todo o país e contra
os seqüestros, torturas e humilhações nas mãos da polícia e outras autoridades.
O PCI (M) também têm o
apoio entre os camponeses sem terra, incluindo aqueles que são muçulmanos,
entre os dalits (que são considerados impuros no sistema de castas hindu,
chamados de “intocáveis”) e outros.
Eles têm, inclusive, ajudado a organizar o povo para melhorar os
métodos de produção agrícola de subsistência, na construção de poços e na
educação e na luta contra as atrasadas práticas feudais (por exemplo, na
bárbara prática de punição de mulheres acusadas de bruxaria). Por tudo isso, o
PCI (M) foi rotulado de terrorista e é visto como a maior ameaça interna ao
Estado indiano.
Como a resistência dos adivasis mostrou-se inquebrantável, o
Estado indiano e o imperialismo, principalmente ianque, desencadearam esta
ofensiva que visa não só derrotar sua resistência, mas manter o monopólio das
riquezas minerais e da terra nas mãos das empresas transnacionais e dos
latifundiários indianos.
É contra mais esta agressão genocida contra o povo indiano que entidades
ligadas à defesa dos direitos do povo, movimentos políticos democráticos,
intelectuais e artistas progressistas e democratas estão se levantando em
protesto em todo mundo.
No dia 19 de fevereiro foi comunicado o lançamento da Campanha Internacional em Oposição à Guerra contra o Povo da Índia (ICAWPI — na sigla em inglês). A campanha visa coordenar o apoio internacional à resistência do povo indiano contra a ofensiva militar do Estado indiano desencadeada na operação "Caçada Verde".
O Cebraspo (Centro Brasileiro de Solidariedade ao Povos), vem se juntar a estas manifestações de solidariedade à resistência dos adivasis e exige:
1-
O fim imediato da operação
“caçada verde” e a perseguição ao povo adivasi, demais nacionalidades, e ao PCI
(M);
2-
O imediato cessar de todas
as operações armadas contra o povo indiano;
3-
A suspensão imediata do
roubo de terras e expulsão das populações locais, pelas empresas transnacionais
e pelo Estado indiano.
CEBRASPO
– Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos
Abril de 2010
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