terça-feira, 16 de julho de 2019

JANUÁRIA: LCP DENUNCIA TERROR CONTRA FAMÍLIAS CAMPONESAS

Repercutimos grave denúncia que recebemos da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia sobre uma operação de guerra realizado pela Polícia Militar contra as famílias camponesas que moram na Comunidade Barra do Mirador em Miravânia nos dias 9 e 10 de julho. 

Segundo a LCP, a operação ocorreu a mando do latifúndio, contou com cerca de 120 homens fortemente armados, isolando os moradores, fechando a cidade e pegando os moradores de surpresa. A LCP denuncia ainda que agentes do Velho Estado coagiram e ameaçaram os moradores para que assinassem um absurdo acordo de "compra e venda" das terras, fazendo com que alguns dos moradores assinassem tal acordo para não terem suas casas e demais construções derrubadas no momento da operação.

Compartilhamos, na íntegra, a nota divulgada pela LCP sobre a operação ocorrida:




Operação de guerra em Miravânia não foi reintegração de posse:
É Grilagem de Terras, Perseguição Política e Vingança!

Nos dias 09 e 10 de julho o 30 o batalhão da PM de Januária, sob o comando do tenente-coronel Rubens Pereira fez uma operação de guerra à serviço do latifundiário Walter Arantes Santana (dono do supermercado BH, preso na operação Lavajato por corrupção), contra as famílias de camponeses pobres na Comunidade Barra do Mirador em Miravânia.
A mega operação policial que custou o olho da cara (enquanto o hospital de Januária tá quase fechando por falta de verbas) contou com mais de 15 viaturas da PM, 3 viaturas do corpo de bombeiros, caminhonetes do latifundiário, trator de Edvan Canabrava de Miravânia, caminhões e viaturas locais e reuniu aproximadamente 120 homens fortemente armados para criar o terror contra os camponeses que resistiam há 6 meses à grilagem de suas terras, onde vivem e produzem ha 19 anos.

Covardia e crimes contra o povo: ameaças, chantagens, roubos e destruição a serviço da grilagem

Pela madrugada do dia 09, a tropa da PM cercou a cidade e bloqueou a passagem para a comunidade,
impedindo que apoiadores, advogados, organizações populares e moradores pudessem circular para saber o que estava ocorrendo.
Enquanto isso, o oficial de justiça Antonio Dourado Fraga, o Ivanilton (pistoleiro do Waltinho que
indicava quem eram os alvos preferenciais), junto com o comando da PM e a advogada Débora Uchoa, que atuaram como capitães do mato do latifundiário “Waltinho” foram à caça dos camponeses que mesmo sob diversas ameaças e chantagens, ainda não haviam assinado um absurdo contrato de “Compra e venda”. Neste infame contrato, chamado ironicamente de “acordo” e “de boa fé”, os camponeses entregavam suas terras, casas e construções e assumiriam todas as dívidas, inclusive do antigo latifundiário como multas ambientais.
O ataque de surpresa pegou algumas casas sem moradores, pois alguns se preparavam para irem à
audiência pública dos Direitos Humanos que ocorrera na ALMG no dia 10, onde seriam contestadas as ilegalidades da reintegração de posse que ameaçava a comunidade, assinada pelo juiz da Vara Agrária de MG Walter Zwicker Esbaille Jr.
As casas e sítios destruídos foram uma vingança contra as pessoas que fincaram pé que não assinariam tal contrato, das que denunciaram a grilagem das terras, que reuniram farta documentação comprovando o direito das famílias sobre a terra e particularmente das que denunciaram o prefeito Raimundo Luna/ DEM como representante do latifundiário, por encabeçar criminoso esbulho.
Isolados, cercados e ameaçados de prisão, alguns camponeses foram obrigados a assinarem tal contrato ou senão teriam suas casas, cercas e todas as construções derrubadas naquele momento. O tratorista covardemente roncava o motor ameaçando executar a ordem, e a caneta ou estojo de tinta eram oferecidos como única saída para evitar tal atrocidade. Algumas casas foram violadas antes de serem destruídas, parte de seus pertences arrancados, transportados e jogados na cidade e há vários objetos e animais desaparecidos.

Nenhum terror vai parar a luta pela terra

Este velho e podre Estado brasileiro de burgueses e latifundiários, com suas instituições e poderes
decadentes, está caindo aos pedaços e o governo reacionário de generais já declarou guerra contra o povo, dando rédea solta para os latifundiários contra os camponeses, quilombolas e indígenas, enquanto executam tenebroso plano de entrega da nação aos monopólios estrangeiros e de guerra total ao povo.
Ao longo de séculos no Brasil, os camponeses tem resistido contra o latifúndio e lutado por um pedaço de terra para trabalhar e viver com dignidade e nenhum terror conseguiu deter esta legítima luta. 
Toda covardia como esta cometida em Miravânia e o sangue derramado de tantos heróis e heroínas como do companheiro Cleomar Rodrigues assassinado em Pedras de Maria da Cruz em 2014, será cobrado em alta conta como parte da dívida histórica do latifúndio e do velho Estado para com o povo brasileiro. Como diz a canção popular: “o risco que corre o pau, corre o machado...”

Abaixo a PM covarde e serviçal do bandido Waltinho!
As terras da Barra do Mirador são dos camponeses pobres!
Cleomar Vive! Morte ao latifúndio! Viva a Revolução Agrária!

Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia

Abaixo a operação de guerra covarde contra os camponeses pobres!

Repudiamos o covarde ataque contra as famílias camponesas de Miravânia e o sinistro plano de
Walter Arantes (testa de ferro de Newton Cardoso) de se adonar de todas as terras dos camponeses,
quilombolas e indígenas do Norte de Minas, com cobertura da PM dos reacionários Zema e Bolsonaro.
Conclamamos ao povo norte mineiro, aos honestos e de bem, as camponeses, quilombolas e povo
Xakriabá, aos professores, estudantes, comerciantes, trabalhadores da cidade e do campo, aos verdadeiros democratas a manifestar seu repúdio a esta covarde ação e apoio à legitima luta dos camponeses de Miravânia e região por terra para quem nela vive e trabalha!


Imagens mostram o antes e o depois da operação realizada

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