No dia 9 de dezembro deste ano, foi cometido mais um crime contra os camponeses pobres do Brasil. Os coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Elcio Machado (Sabiá) e Gilson Gonçalves foram seqüestrados por pistoleiros, às 14:00 horas, na estrada que liga o acampamento de Rio Alto a Buritis (RO).
Após o seqüestro, as duas lideranças camponesas foram torturadas com requintes de crueldade tendo suas unhas e também pedaços de pele arrancados. Em seguida ambos foram assassinados. No mesmo dia de manhã outros dois camponeses já haviam sido perseguidos na mesma estrada.
Gilson havia sido entrevistado, em 2008, pela delegação da Associação Internacional de Advogados do Povo que realizou uma Missão de investigação sobre os abusos e a violência do Estado e do latifúndio contra os camponeses pobres de Rondônia.
Esta não foi a primeira vez que os camponeses de Rio Alto foram vítimas do terror promovido pelos latifundiários da região. Em julho do ano passado camponeses foram sequestrados tiveram suas mãos amarradas e sofreram espancamentos.
Antes disto, a polícia esteve no mesmo acampamento com a desculpa de realizar busca e apreensão de armas. É importante dizer que esta “busca e apreensão” se deu ilegalmente, visto que os policiais não tinham mandado para tal. Os camponeses reconheceram vários policiais, que dias antes haviam estado no acampamento em missão oficial, na ação dos pistoleiros em julho de 2008.
Sem dúvida, esta atitude serviu como senha para os ataques do latifúndio, visto que esta terra é de interesse do latifundiário e grileiro Edílson Cadalto, que negociou mais de R$ 1,5 milhão em madeira com o vice-prefeito e representante dos madeireiros de Buritis Correa.
Na época os camponeses denunciaram tudo isto as autoridades de Porto Velho e a ouvidora agrária Márcia do Nascimento Correa, que simplesmente deu de ombros e disse que não se importava se as famílias dos camponeses fossem mortas pela pistolagem. Assim, nada foi feito.
Para completar, no último dia 3 de dezembro foi realizada uma reunião no Incra em Porto Velho onde o Ouvidor Agrário Gercino José da Silva Filho, junto com o latifundiário Dílson Cadalto e o comandante da PM de Buritis, lançaram um documento dizendo que os camponeses serão punidos por “ilegalidades”, pedindo a atuação da PM para defender as propriedades, “confiando” que os latifundiários nada farão contra os camponeses de Rondônia. Nesta ocasião o comandante da PM, Major Antônio Matias de Alcântara aproveitou para requentar as mentirosas e infundadas acusações feitas pela revista Istoé em março de 2007, acusando a LCP de usar táticas guerrilheiras. Entretanto, o mesmo major nada disse sobre o fato de seus comandados treinarem os bandos armados que atuam nos interesses dos grandes latifundiários e madeireiros da região.
Nesta mesma reunião participaram 4 pistoleiros da fazenda que identificaram o Sabiá, manobra antiga que o Incra sempre usou para cumprir seu sujo papel de polícia a serviço do latifúndio.
Este tem sido o papel da Ouvidoria Agrária Nacional e de sua Comissão Nacional de Combate a Violência no Campo: criminalizar a justa luta pela terra enquanto trata latifundiários bandidos e assassinos como “senhores de respeito”.
Responsabilizamos o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva Filho, o Incra de Rondônia e as autoridades que atuam junto com o latifúndio da região por mais estes terríveis assassinatos cometidos contra os camponeses pobres do país.
O CEBRASPO se solidariza a Liga dos Camponeses Pobres, exige a imediata apuração e punição destes crimes, e exige também o fim de toda a violência cometida contra os camponeses pobres de Rondônia e de todo o país, que tem como base o monopólio da terra pelos latifundiários, representado por este velho e carcomido Estado de grandes latifundiários e burgueses do país, serviçais, estes, do imperialismo.
CEBRASPO
11/12/2009
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