Governo e universidades brasileiros mantém relações com universidades israelenses ligadas ao sionismo e Exército de Israel.
O governo federal brasileiro, a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) possuem 15 convênios e acordos científicos com universidades israelenses, revelou uma apuração de AND e um levantamento feito Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) do Brasil a pedido do mesmo jornal. O levantamento revelou que o Brasil mantém 7 acordos científicos com Israel, enquanto a apuração feita diretamente pelo AND no departamento internacional online das duas universidades mostrou que a USP possui 7 convênios e acordos com universidades israelenses, enquanto a UFMG possui três.
Algumas das universidades conveniadas possuem laços históricos e profundos com o Exército de Israel e o movimento sionista. Os acordos foram mantidos em vigência apesar do genocídio realizado por Israel contra o povo palestino desde o dia 7 de outubro, responsável pelo assassinato de mais de 34 mil palestinos.
A manutenção dos laços ignora, além dos números do genocídio, o chamado de intelectuais palestinos que denunciam o efeito da guerra sobre escolas e universidades, afirmam que as universidades israelenses são responsáveis pela matança e que elas deveriam ser isoladas internacionalmente.
A reportagem solicitou o posicionamento dos reitores das universidades e da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB) sobre a vigência, mas não obteve respostas, apesar do envio de relatórios dos acordos pelo MCTI e USP.
Os acordos
Dos acordos mantidos diretamente pelo governo federal, cinco são de “Cooperação Científica e Tecnológica”, um de “Cooperação Técnica” e um de “Energia Nuclear”. Os primeiros desses contratos podem ser rastreados até a década de 1960, quando o “Acordo Básico de Cooperação Técnica entre o Governo dos Estados Unidos do Brasil e o Governo de Israel” foi firmado em 1962.
Os termos do acordo, ainda em vigência, prevêem desde o intercâmbio de técnicos e cientistas até a organização de seminários e programas de treinamento, “o estudo conjunto de projetos experimentais, de qualquer natureza, e sua realização conjunta ou com a eventual participação de terceiro país ou entidade internacional, nos têrmos e condições que forem ajustados” e “quaisquer outras atividades de cooperação técnica e científica a serem acordadas entre os dois Governos”.
Três novos acordos foram firmados em 1963, 1966 e 1973. Daí, houve um hiato até que outros documentos foram assinados em 2007 e 2009. Um outro acordo, celebrado em 2019, está em fase de promulgação no Ministério das Relações Exteriores. Ele acorda, em termos bem amplos, o objetivo de “desenvolver, facilitar e maximizar a cooperação entre instituições científicas e tecnológicas de ambos os países com base nas prioridades nacionais no campo de C&T e nos princípios de igualdade, reciprocidade e benefício mútuo, e de acordo com as leis nacionais”.
A colaboração pode ir desde a pesquisa científica e tecnológica básica e aplicada até a troca de recursos científicos, com implementação de iniciativas como projetos, oficinas e treinamentos conjuntos. Dentre os termos está também a maior facilidade para entrada de pessoas, materiais, dados e equipamentos usados nesses projetos conjuntos.
No âmbito das universidades, a Universidade de São Paulo, tida como uma das maiores universidades do País, possui dois acordos de cooperação e quatro convênios acadêmicos vigentes com universidades e institutos israelenses. São eles a Hebrew University of Jerusalem (HUJI), a Ariel University, a University of Haifa, a Jerusalem School of Business Administration (ligada à HUJI) e o Consulado Geral de Israel em SP. Já a Universidade Federal de Minas Gerais possui dois acordos de cooperação e um convênio de intercâmbio com as Hebrew University of Jerusalem e a United Hatzalah of Israel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário