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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O estado policial e a morte de Jozelita de Souza





A repressão que assassina os jovens pobres filhos do povo também atinge de forma violenta suas famílias. Na quinta feira, dia 07 de julho, depois de muitos meses lutando por justiça, morreu Jozelita de Souza de falência múltipla dos órgãos, hospitalizada há vários sem comer, decorrente de uma profunda depressão desde o assassinato de seu filho mais novo.  Ela era a mãe de Roberto de Souza Penha, o Betinho de 16 anos, assassinado com mais de dez tiros na chacina de Costa Barros em novembro de 2015. Ao todo os PMs naquele dia dispararam 111 tiros somente no carro onde estava Betinho e outros quatro jovens.

Jozelita é vítima dessa política de extermínio da população pobre. Ela sentia uma grande tristeza com a saudade do filho e como disse uma das mães: “Só quem sente, sabe que mata!”. Mas, além disso, existia a indignação, a revolta com toda a humilhação, com o descaso e o desprezo, com o escárnio com que as instituições desse Estado tratam o povo. Jozelita é vítima também dessa “justiça” de classe, que está sempre procurando acobertar a ação criminosa dos policiais e que suspendeu a prisão preventiva dos quatro PMs que cometeram esse crime hediondo. Em seguida essa mesma “justiça” soltou os cinco policiais que foram filmados, por um morador da Providência, assassinando e disparando novo tiro com a arma colocada na mão do jovem Felipe depois de este ter sido morto por eles. Vídeos como esse, que flagram policiais assassinando jovens desarmados e já rendidos, existem dezenas na internet. Não são “casos isolados”.

É essa a realidade instalada no Brasil, e particularmente no Rio de Janeiro. Agora nova onda de violência é anunciada, porque assim como em 2013 e 2014, o Rio é entregue novamente para a farra financeira de grandes grupos econômicos. Enquanto os que governam decretam para todos os serviços públicos o estado de calamidade pública ao mesmo tempo jogam bilhões nas olimpíadas. Um rebotalho de políticos que representam a apodrecida natureza de classe desse velho Estado da grande burguesia, do latifúndio e serviçal do imperialismo, que mergulhado em imensa crise, cobra dos países dominados todos os recursos. E cobram consequentemente também a suspenção das leis e a instauração do Estado de exceção. Promovem uma deliberada “Guerra de Baixa Intensidade” contra as massas mais pobres a fim de impedir que estas conheçam sua verdadeira força e lutem pelos seus direitos.

Mesmo assim o povo se revolta e responde a tudo isso indignado, luta contra o fechamento dos hospitais, contra a destruição da educação com estudantes ocupando e defendendo suas escolas, professores lutando por seus salários e a dignidade da profissão. Mas para esses governantes mafiosos, a vida dos que lutam, da juventude e do povo pobre não tem nenhum valor. O surrado discurso de que os assassinatos de jovens pobres nas nossas comunidades são casos isolados não engana ninguém. Não existe polícia “despreparada”, existe a polícia preparada para fazer exatamente o que faz. Os massacres como o de Costa Barros, do Chapadão, do Alemão, da Maré e muitos outros se repetem continuadamente.

O povo do Rio conhece bem essa prática de como os policiais agem nas favelas, perseguem, assassinam jovens filhos do povo, alteram as cenas dos crimes, e ainda ameaçam familiares e mães, como no caso do policial que matou o pequeno Eduardo de 10 anos no Complexo do Alemão. Neste episódio, diante dos gritos da sua mãe a ameaçaram: “matei ele e posso matar você também”.
Os batalhões da PM têm um extenso histórico de crimes, assassinatos e genocídios. O hino do Bope deixa essa prática bem clara. Os agentes das forças policiais matam ora fardados em exercício da profissão, ora como milícias ou grupos de extermínio. Assassinam a juventude nas regiões metropolitanas, assim como fazem no campo como pistoleiros do latifúndio para assassinar índios e camponeses que lutam por suas terras.
Parte ativa em tudo isso é o trabalho do monopólio de imprensa, com a Rede Globo na cabeça, cumprindo o criminoso papel de apresentar os assassinatos cometidos diariamente pela polícia como fatalidade. Os filhos do povo nunca aparecem como vítimas, no sentido de serem eles sempre o alvo das atrocidades praticadas pela polícia.  Esses meios repetem seguidamente que todos os jovens assassinados “tem relação com o tráfico”. Todas as acusações forjadas pela polícia, as armas plantadas, a deformação das cenas dos crimes são apresentadas como verdade. Nos seus noticiários abordam a violência como se surgisse sempre no meio das comunidades pobres, repetindo mil vezes que as matanças dos jovens pobres fazem parte da “guerra às drogas”.  Faz ampla cobertura defendendo as ações de “pacificação” dos morros via UPPs, e quando morrem policiais chamam de “assassinato”, mas quando se trata dos jovens pobres e negros, a campanha é claramente de criminalização. Estes são imediatamente acusados de marginais e traficantes e as mortes são sempre justificadas com a culpa sendo colocada neles próprios.  O alarmismo é feito para logo em seguida pedirem “mais segurança”, mais repressão.
O povo não se esquece dessa criminalização da pobreza feita pelo monopólio de comunicação, mesmo em determinados momentos quando a realidade dos crimes contra a juventude comove e choca a sociedade e esse monopólio se aproveita da comoção, colocando manchetes como a “tristeza profunda de Jozelita” ou apresentando as mães no seu “Criança esperança”, usando o profundo sentimento de dor dessas mães como se eles se sensibilizassem com esse sofrimento. Todos sabem o papel que cumprem a Rede Globo, Record, SBT, entre outros, para esconder seu verdadeiro e sinistro objetivo de justificar e defender a repressão e o terror contra o povo pobre e trabalhador.
Na segunda audiência sobre a chacina de Costa Barros Jozelita estava na frente do Fórum exigindo justiça e participando da luta. Muitas mães dizem que esse foi o 112º tiro dessa chacina. Enquanto esse velho Estado segue destruindo as famílias pelas balas, pelo desprezo, pela humilhação e pela absoluta falta de justiça, a luta das mães segue crescendo. Neste caso a campanha de criminalização de seus filhos que foram vítimas passa a ser combustível para a participação das mães nessa luta que segue tomando força. Assim elas se unem cada vez mais para serem as vozes de seus filhos e cobrarem justiça. E essa já é a decisão de uma grande parte dessas mães.
Dessa forma convocamos a população a se juntar às mães de vítimas da violência do Estado para exigir punição para os assassinos de seus filhos e para denunciar as violências e atrocidades que diariamente são cometidas nas comunidades e bairros pobres da cidade.

Punição para todos os mandantes e assassinos dos filhos do povo!
ABAIXO AO TERRORISMO DE ESTADO!

Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos - CEBRASPO  

cebraspo@gmail.com

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