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sexta-feira, 2 de abril de 2010

PNDH 3 é conciliação com torturadores e assassinos do regime militar fascista!


Abril de 2010
            
     Este ano ganhou espaço no debate político brasileiro a questão dos mortos e desaparecidos durante o gerenciamento militar fascista das décadas de 1960, 1970 e 1980 no Brasil. A discussão voltou à tona com a publicação do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, o PNDH 3, elaborado pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, na figura do seu secretário Paulo Vannuchi, sob a chancela do então Ministro da Justiça Tarso Genro.
           
            O ponto mais polêmico do plano foi justamente aquele referente à questão do período do regime militar no Brasil. Como “grande” forma de “passar o passado à limpo” o texto do plano propunha, entre outras coisas, a criação de uma Comissão Nacional da Verdade, que recuperasse a história do período, incluindo aí quem foi torturado e assassinado pelos militares.

            Que significado tem esse plano neste momento?

1-    Este plano nada mais é que a reedição de acordos passados, notoriamente a Lei da Anistia de 1979, que anistiou fundamentalmente os militares que mataram e torturaram naquele período. É a nova edição de um acordo entre o oportunismo (agora no governo), os militares e a direita para possibilitar a continuidade do gerenciamento do assim chamado “Estado Democrático de Direito”, ou seja, a ditadura das classes dominantes hoje.

2-    A publicação deste plano, que depende da aprovação do reacionário e corrupto Congresso Nacional, serviu para projetar os nomes de seus principais defensores, Tarso Genro e Vannuchi, em vistas das eleições deste ano, além de adiantar um debate que seria posto na mesa contra a candidata do governo, Dilma Roussef, cujo  fato de ter pego em armas contra o regime no passado não inspira confiança nos setores mais reacionários do Brasil. Assim, Luís Inácio e a própria Dilma, ao se posicionarem a favor do plano, mas contra a punição aos torturadores e assassinos do regime militar, ganhariam pontos neste setor, neutralizando a reação contra sua candidatura.

3-    Ao mesmo tempo, as discussões que se seguiram serviram para atiçar uma ofensiva da extrema direita contra aqueles que combateram naquele período. As entrevistas do Cabo Anselmo, de Sebastião Curió, o site de Brilhantre Ulstra e a recente entrevista do General Leônidas Pires Gonçalves ao Globonews, todos livres e dando a sua “versão” dos fatos relacionados àquele período, mostram que os fascistas estão aí e tem grande influência na mídia e nos governos.

            Em nenhum momento desta discussão se aventou a possibilidade de punição aos torturadores e assassinos do regime militar fascista. A criação da Comissão Nacional da Verdade é um grande engodo destinado a pôr a culpa dos assassinatos daquele período nos revolucionários, como foi o caso do Peru, em que esta mesma comissão colocou a culpa da maior parte das mortes do período no Partido Comunista do Peru.
           
            Em nenhum momento se pensou na memória dos heróicos combatentes que tombaram lutando contra um regime opressor, nem nos milhares de presos políticos que passaram anos na cadeia e até hoje tem sequelas das torturas dos porões da ditadura.
           
            Não se pensou também na situação nos familiares: viúvas, filhos, netos que clamam e anseiam por justiça para seus entes queridos!
           
            Por isto, o CEBRASPO repudia o PNDH 3! Este plano não passa de conciliação com os torturadores e assassinos do regime militar fascista!
           
            Repudia também o avanço do fascismo no Brasil, que tem, justamente na gerência do oportunismo, encontrado terreno fértil para disseminação de suas ideias, enquanto o Estado desencadeia uma feroz repressão aos pobres de maneira geral e em particular aos movimentos populares.
           
            Neste momento, é preciso que todos os democratas, progressistas e familiares dos mortos e desaparecidos políticos naquele sombrio período não deixem que mais esta covarde traição àqueles que deram sua vida, foram torturados ou presos por defenderem intransigentemente os direitos do povo brasileiro se concretize, agora com o demagógico nome de 3º Plano Nacional de Direitos Humanos.


CEBRASPO

Abril, 2010

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