Segundo informações divulgadas em várias páginas e portais de apoio a luta pela libertação de Gorges Abdallah, no sábado, 24 de Outubro, mais de 600 pessoas marcharam até aos portões da prisão de Lannemezan para exigir a libertação imediata de Georges Ibrahim Abdallah, comunista árabe libanês e lutador pela Palestina que se encontra preso em França desde 1984. Pelo 10º ano consecutivo, a manifestação trouxe o maior número de participantes de sempre, apesar da pandemia e da limitação do toque de recolher.
Delegações de Toulouse, Bordeaux, Pau, Auch, Tarbes, Paris, Lille, Lyon, Grenoble, Marselha, Martigues, Annecy, Montpellier e outros locais fizeram a viagem. Jaldia Abubakra, representando Samidoun España e a presidente da Alkarama Palestinian Women's Mobilization, viajou para assistir à manifestação a partir de Madrid.
Numerosos grupos de solidariedade palestinas e comitês de apoio a Georges Abdallah estiveram presentes, incluindo Collectif Palestine Vaincra, Samidoun, a Campanha Unitária para a Libertação de Georges Abdallah, Courserans-Palestine, UJFP, ISM-França, CAPJPO-EuroPalestine, comités BDS, filiais AFPS, Collectif 65 para a libertação de Georges Abdallah, Free Georges 33, e outros). Grupos de esquerda também estiveram presentes, incluindo Jeunes Révolutionnaires, UJDL/PCL, JC/PCF, FI, NPA, Lutte Ouvriere, UCL, Secours Rouge, Eunomia, PRCF, ANC, PCRF, PCOF, JR, PCM, DIP, Partizan, Libertat, Partido de los trabajadores, Rete dei Comunisti. Sindicatos, incluindo as secções SUD e CGT e o Sindicato Sindicale Solidaires participaram, assim como organizações anti-racistas e antifascistas, incluindo ATIK, FUIQP, AFA Pau, AFA Paris-Banlieue, AFA Tolosa, AFA 79, DAR Harraga, Toulouse Anti-CRA, Comité Vérité et Justice 31.
Organizações como os Jeunes Révolutionnaires (Jovens Revolucionários) se fizeram presentes
Collectif Palestine Vaincra, organizou um contingente em torno do slogan: "Libertem Georges Abdallah! Free Palestine!". Muitas bandeiras palestinas, do Collectif e Samidoun foram brandidas juntamente com duas grandes bandeiras apelando à liberdade para Georges Abdallah e para Ahmad Sa'adat, o Secretário Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, preso nas prisões israelitas.
Os participantes entoaram cânticos de solidariedade com Georges Abdallah, o povo palestiniano e a sua resistência, incluindo "Palestine vivra, Palestine vaincra! Liberez Georges Abdallah"! (A Palestina vive, a Palestina vencerá! Libertem Georges Abdallah!) e "Vive la lutte du peuple palestinien!" (Viva a luta do povo palestino!)
A manifestação, que marchou da estação de Lannemezan até aos portões da prisão, terminou com uma homenagem aos ativistas da campanha de solidariedade que morreram recentemente. Seguiu-se uma declaração de Georges Abdallah especificamente para este evento. Ele assinalou: "Mais do que nunca, as massas palestinianas, apesar das traições da burguesia, assumem o seu papel como o verdadeiro garante dos interesses do povo. Perante a ocupação e a barbárie do ocupante, a primeira resposta legítima que deve ser dada acima de tudo é a solidariedade, toda a solidariedade, com aqueles que, com o seu sangue, enfrentam os exércitos de ocupação. As condições de detenção nas prisões sionistas estão a piorar de dia para dia e, como sabem camaradas, para os confrontar, a solidariedade internacional está a revelar-se uma arma essencial. Naturalmente, as massas populares palestinianas e as suas vanguardas revolucionárias podem sempre contar com a vossa mobilização e solidariedade ativa".
Uma declaração conjunta de várias organizações e comités de apoio, assinado também pelo CEBRASPO, foi lida durante o ato (leia a declaração completa abaixo). "Lutar por Georges Abdallah e com Georges Abdallah... é lutar ao lado da resistência palestina, pela realização de todos os direitos do povo palestiniano, incluindo o direito de regresso de todos os refugiados, em apoio da Intifada, pela juventude palestiniana, pelos heróis da resistência mantidos em cativeiro nas prisões sionistas; é apoiar a revolução palestiniana e lutar contra a normalização e todas as formas de liquidação. É claramente para se posicionar contra todas as formas de prevaricação, compromisso, negociações e ilusões infindáveis que apenas visam liquidar o movimento de libertação nacional palestiniano ou reduzi-lo a uma simples questão humanitária. Significa apoiar a resistência por todos os meios em benefício dos interesses do povo palestiniano e dos povos da região".
Leia abaixo a declaração em sua íntegra:
LIBERDADE PARA GEORGES ABDALLAH!
Caros camaradas e amigos,
Aqui estamos, pelo décimo ano consecutivo, em frente ao centro penitenciário de Lannemezan. Dez anos já, durante os quais, aqui e em toda parte, denunciamos a detenção do nosso camarada Georges Abdallah, exigimos a urgência da sua libertação e reafirmamos o nosso apoio incondicional ao grande resistente que é e às lutas que nunca deixou de travar ao longo de sua vida.
Dez anos já, mas também 36 anos de prisão e uma vida inteira de luta por essa consciência inabalável que Georges Abdallah expressa em cada uma das suas declarações - e que fazemos nossas - de que outro mundo não só é possível mas necessário.
Porque sabemos bem, ouvindo ou lendo com atenção cada uma das suas declarações - como acaba de ser feito - lutar por Georges Abdallah e com Georges Abdallah, é, nesta guerra de classe contra classe:
lutar contra o sistema capitalista, imperialista, colonialista e neocolonialista, sinônimo de ocupação, exploração e dominação, que já não é – como diz o nosso próprio camarada – nada além de "barbárie", "destruição do Homem e “desperdício de recursos”.
É lutar para cobrar as contas daqueles que se achavam e se acham intocáveis.
É lutar ao lado das massas e dos bairros populares que denunciam com vigor e determinação as injustiças, a violência policial e a repressão, a corrupção, o descaso das autoridades e que lutam implacavelmente, às vezes em levantes quase insurrecionais, por suas conquistas e seus direitos.
É lutar contra todas as formas de repressão que, sob o manto de regimes de exceção, devotam plenos poderes à Union Sacrée, aos estados de emergência, às leis antiterroristas, às leis contra um suposto separatismo, aos toques de recolher, reprimem com [o artigo] 49-3 [da Constituição] e com ordens permanentes nossas liberdades fundamentais e dão carta branca às forças repressivas policiais judiciais.
Lutar por Georges Abdallah e com Georges Abdallah, também o sabemos muito bem, é também se opor a todas as formas de nacionalismo reacionário e suas conotações nauseantes - particularmente perceptíveis nos últimos dias - a um internacionalismo impecável.
Significa estar ao lado dos povos ao redor do mundo e apoiar, com plena e total solidariedade, suas lutas e resistências.
É lutar ao lado da resistência palestina, pela realização de todos os direitos do povo palestino, incluindo o direito de retorno de todos os “refugiados”, em apoio à Intifada, à juventude palestina, aos heróis da resistência, aos prisioneiros nas masmorras sionistas; é apoiar a revolução palestina e lutar contra a normalização e todas as formas de liquidacionismo. É claramente posicionar-se contra todas as formas de tergiversações, compromissos, negociações e ilusões sem fim que visam apenas liquidar o movimento de libertação nacional palestino e reduzi-lo a uma simples questão humanitária. É apoiar a resistência por todos os meios em benefício dos interesses do povo palestino e dos povos da região.
Por essa linha vermelha que ele traça com cada uma de suas declarações e que devemos imperativamente manter como uma marca do que é progressista e revolucionário e do que não é, Georges Abdallah é nosso camarada! Pela reivindicação plenamente assumida de que se de fato existe um direito justo e legítimo hoje, esse é o direito à revolta, Georges Abdallah é nosso camarada!
Georges Abdallah, suas lutas são nossas e se há uma em que cada vez somos mais numerosos em toda a França e no mundo é a da exigência de sua libertação. Milhares de iniciativas de solidariedade florescem em toda parte para fazer essa exigência e para lembrar ao alto escalão do Estado da necessidade imperativa dirigida ao Ministro do Interior de que “ele tem que assinar”.
Munidos da vossa consciência, sabemos muito bem que sempre, e especialmente no seu caso, é na esfera das autoridades políticas que tudo se decide - longe do jogo jurídico de cartas marcadas, sobretudo a serviço da classe dominante. Providos de sua visão, sabemos bem que a decisão de não o libertar é uma decisão política e é por isso que lutamos no terreno político.
Essa jornada para a libertação e a liberdade é longa, cheia de armadilhas e contradições, mas aqui novamente se há uma afirmação de nosso camarada Georges Abdallah que fazemos nossa, é na imperiosa necessidade da luta e da resistência, na diversidade de nossas expressões e na convergência de nossos compromissos para que se traduza enfim em ato a libertação do nosso camarada e porque “é juntos e somente juntos que nós venceremos" na “vitória ou vitória!”.
ABDALLAH, ABDALLAH, SEUS CAMARADAS ESTÃO AQUI!
ELE É NOSSA LUTA, SOMOS SEU COMBATE!
LIBERDADE PARA GEORGES ABDALLAH!
Lannemezan, 24 de outubro de 2020.
Assinaturas:
- Campanha unitária para a libertação de Georges Abdallah;
– Le Cri Rouge;
- C.L.G.I.A.;
– Coletivo Palestine vaincra (Palestina Vencerá);
– Samidoun Palestinian Prisoner Solidarity Network (Samidoun rede de solidariedade aos prisioneiros palestinos);
– Coletivo de apoio à resistência palestina, Lille;
– Solidariedade Georges Abdallah, Lille;
– Comitê de ações e de apoio às lutas do povo marroquino.
- Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO)
Mais informações podem ser lidas nos seguintes endereços:
https://samidoun.net/2020/10/over-600-people-march-in-lannemezan-to-free-georges-abdallah/
https://www.facebook.com/detouteurgence/posts/3333994306655216
https://www.facebook.com/liberation.george.abdallah/posts/1778115155673310
https://www.facebook.com/associationnationaledescommunistes/posts/1496240640764086
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