Reproduzimos matéria do Jornal A Nova Democracia:
"Sob pressão, Estado desapropria latifúndio Santa Lúcia em Pau D'arco, Pará.
Camponeses exigem justiça!
Da Redação de A Nova Democracia
Em reunião do Comitê de Decisão Regional do Incra de Marabá, realizada no SINTEP de Pau Darco no último dia 21 de dezembro, foi anunciada a compra do latifúndio Santa Lúcia pelo Estado brasileiro. O Incra se comprometeu a regularizar a posse das vítimas do covarde e criminoso massacre ocorrido no dia 24 de maio deste ano.
As terras já estão tomadas pelos camponeses, que se juntaram à Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins e retomaram as terras no dia 13 de junho, conforme noticiou à época A Nova Democracia:
"No dia 13/06, mais de cem famílias camponesas reocuparam as terras do latifúndio Santa Lúcia – fazenda onde ocorreu a Chacina de Pau D’Arco, crime que chocou o brasil e o mundo no qual dez camponeses foram barbaramente assassinados pelas forças policiais do velho Estado no dia 24 de maio deste ano – com o apoio da LCP do Pará e Tocantins, reerguendo o acampamento e mantendo a luta pelo sagrado direito à terra."
Até a decisão lavrada no último dia 21 de dezembro, foram realizadas dezenas de reuniões de cobrança com o Incra regional e nacional, e apesar de todas as pressões os camponeses não arredaram por um milímetro que fosse de sua posse na terra.
A reunião foi realizada no Sintep sub-sede de Pau Darco, mesmo local do histórico Encontro Camponês do Sul do Pará realizado nos dias 28 e 29 de outubro passado, com a presença de camponeses da região, representantes indígenas e quilombolas, representantes da ABRAPO, CEBRASPO, além de representantes de outros movimentos regionais e de caráter nacional.
Com a palavra, a Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres, a LCP do Pará e Tocantins e a Associação Nova Vitória do Acampamento Jane Júlia (nome dado pelos camponeses em homenagem a presidente anterior da associação assassinada na chacina) demonstraram que o Estado não estava dando nada, que esta foi uma vitória da luta, e cobraram justiça, uma vez que no dia 18 o Tribunal de Justiça do Pará concedeu habeas corpus para nove dos dezessete policiais acusados pela chacina.
O local da reunião estava repleto de faixas da Liga, bandeiras e o retrato dos 11 companheiros assassinados (10 na chacina e mais o camponês Josenildo, conhecido por "Negão", logo após a reconstituição do crime pela polícia federal). "
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