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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Denúncia: mais crimes da PM contra camponeses

Em Cabixi, camponeses sofrem patrulha abusiva da polícia comandada pelos fascistas Confúcio e Ênedy

Camponeses do Acamamento Igarapé Preto denunciaram que no último dia 26 de março, 8 policiais das polícias militar e de fronteira, em duas viaturas, realizaram blitze abusiva no entorno do acampamento. De forma agressiva eles abordaram quem passava na estrada e tentaram humilhar e intimidar dizendo calúnias e ofensas do tipo: “São vocês que estão indo levar dinheiro para manter o acamamento de pinga?”, “Então você faz parte daquela máfia, daquela bandidagem, daqueles vagabundos?” Toda esta ação criminosa ocorreu em frente a uma igreja de uma área de posseiros vizinha ao acampamento e assustou os moradores que assistiam à missa.

Quatro camponeses foram levados para a delegacia e liberados em seguida. Segundo notícia na imprensa vendida, um deles estava portando um revólver. Nenhuma palavra sobre os bandos de pistoleiros que atuam a serviço dos latifundiários da região. E como sempre, a polícia não vistoriou as sedes dos latifúndios, provando mais uma vez que o governador Confúcio Moura (PMDB) e o comandante geral da PM Ênedy Dias e suas tropas são cães de guarda do latifúndio em Rondônia.

Latifundiário, gerente e pistoleiros da fazenda acumulam crimes, mas seguem impunes

Os camponeses do Acampamento estão lutando pela fazenda Igarapé Preto / Pontal do Cabixi, conhecida como Codrasa, de15.241 hectares, localizada no município de Comodoro (MT). Sabe-se que antes da fazenda, as terras eram se seringueiros. Léo Manieiro, empresário que mora em Cajamar/SP, é quem se diz o dono da fazenda. Comenta-se na região que o gerente da fazenda transformou-a num ponto de tráfico. Anos atrás, o Exército encontrou uma pista de pouso, droga, arma e avião escondidos no mato, fato inclusive noticiado na imprensa.

Também há denúncias de ex-funcionários da fazenda que não receberam direitos trabalhistas. E que Léo Manieiro também tinha uma mineradora no estado de São Paulo, onde igualmente não pagou direitos trabalhistas aos funcionários.

Em novembro de 2008, o Incra realizou uma vistoria preliminar, onde consta: “Por estar em faixa de fronteira, cabe à União (Incra) verificar se os títulos dominiais que deram origem ao imóvel foram expedidos corretamente. MT efetuou milhares de alienações e concessões de terras devolutas na faixa de fronteira, comumente denominadas de 'a non domino' daí porque carecem de convalidação estabelecida na lei 4947/66.” A fazenda faz fronteira com a Bolívia.

Em audiência em Comodoro, o gerente Silvino afirmou que a fazenda tinha apenas 30 alqueires de pasto formado, o resto era de pasto nativo, e que tinha apenas gado arrendado. A vistoria confirmou, atestando se tratar de grande propriedade improdutiva, com apenas 219 novilhas, 5 equinos, 6 asinino, 2 muares. Mas terminou dando parecer contrário à desapropriação do imóvel para reforma agrária.

Vizinhos comentam que os técnicos do Incra sequer foram na fazenda fazer a vistoria, ficaram churrasqueando numa fazenda vizinha, acompanhados da PF e Exército. Foram apenas numa parte da fazenda, uma ilha, onde acharam muitas armas. Policiais federais não quiseram apreendê-las, alegando não estarem ali para isso e os soldados do exército foram coniventes. O caseiro comentou sobre isso na cidade e cerca de 3 dias depois, apareceu morto. A conclusão dos camponeses é que o parecer foi contrário à destinar as terras para reforma agrária para favorecer outros latifundiários vizinhos que já vinham tentando grilar as terras de Léo Manieiro para incluí-las em suas propriedades, como reserva em bloco delas .

Camponeses denunciam que já ocorreram várias mortes na fazenda, mesmo antes da primeira invasão, a maioria de funcionários. Um dos corpos foi encontrado por pescadores. Mas nenhum dos crimes foi investigado e ninguém foi preso.

Comenta-se na região, que em 2004, José Paulo de Souza virou chefe de pistolagem da fazenda em troca de 20% da área. Ele também arrendou o pasto da fazenda. José Paulo foi um dos pistoleiros assassinos da Batalha de Santa Elina, conhecida como Massacre de Corumbiara.

Tomar todas as terras do latifúndio!

No final de 2002, mais de 200 famílias invadiram a fazenda pela primeira vez, cortaram as terras por conta, construíram casas, estradas e criaram a Associação Pequenos Produtores do Igarapé Preto. Os camponeses derrubaram e queimaram cerca de 1.200 alqueires, onde produziram vários tipos de roças e criações.

Em outubro de 2004 policiais militares e oficiais da “justiça” foram cumprir uma ordem de reintegração, derrubaram os barracos, despejaram cereais, queimaram pilhas de arroz. O latifundiário colocou 30 pistoleiros defendendo a área. Os camponeses acamparam no município vizinho, Cabixi, no Cone Sul de Rondônia, mas como estavam na beira da estrada, uma a uma, as famílias foram desanimando e abandonaram até acabar o acampamento.

Em 2016, apoiados pela LCP, várias daquelas famílias, e outros camponeses sem terra ou com pouca terra, se organizaram para retomar a luta pelo direito sagrado à terra, com mais consciência, organização e combatividade.

Conclamamos a todos camponeses, estudantes, professores, trabalhadores em geral, pequenos e médios comerciantes, especialmente do Cone Sul de Rondônia para apoiarem os camponeses do Acampamento Igarapé Preto e para denunciar mais um crime comandados pelos fascistas Confúcio e Ênedy.

Lutar pela terra não é crime!
Terra para quem nela vive e trabalha!

Jaru, 05 de abril de 2017
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

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