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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

BOLETIM INFORMATIVO CEBRASPO - EDIÇÃO Nº 16

BOLETIM CEBRASPO: SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL E A LUTA DOS POVOS NO BRASIL E NO MUNDO. DEFESA DA LIBERDADE DOS PRESOS POLÍTICOS

CEBRASPO - Defender o direito do povo lutar pelos seus direitos!

Edição nº 16 - Agosto, 2019






Ativistas estadunidenses, canadenses, irlandeses, austríacos, alemães e brasileiros realizaram diversas atividades em solidariedade ao camarada Théo, revolucionário francês e preso político. Os ativistas exigem ainda a sua libertação imediata do cárcere. Imagens das ações, especialmente pichações, foram publicadas pelo jornal popular francês Cause du Peuple. O militante foi preso em seu local de trabalho no dia 22 de julho, em Nantes. Ele foi acusado de pichar a casa de um ex-ministro localizada em Orvault e de participar de protestos contra as mudanças nas leis trabalhistas em 2016. A campanha internacional também exige a liberdade para outros dois ativistas do movimento dos coletes amarelos, Téo e Tristan, 
INTERNACIONAL:

No dia 4 de julho, o governo reacionário de Martín Vizcarra autorizou as Forças Armadas peruanas a intervirem para reprimir a greve de tempo indeterminado que está ocorrendo na região de Arequipa, contra o projeto de mineração de cobre conhecido como “Tia Maria”. A medida autorizou que as Forças Armadas apoiem militarmente a Polícia Nacional Peruana por 30 dias visando “o mantimento da ordem” no porto de Matarani, um dos locais que seria afetado pela mineração. O porto havia sido bloqueado por dez dias pelo protesto dos camponeses, como forma de exigir que o governo não entregue a licença à mineradora imperialista Southern Copper Corporation (SCC), que pretende iniciar uma exploração na região.

Repercutirmos documento emitido pela Associação dos Trabalhadores Indianos (Grã Bretanha) que condena a divisão imposta pelo governo de Modi (do Partido do Povo Indiano, BJP), que viola a Constituição e a autodeterminação dos povos de Jammu e Caxemira e intensifica a violência e a repressão contra as massas da região, que já é uma das zonas mais militarizadas do mundo. Estendemos nossa solidariedade aos povos de Jammu e Caxemira e condenamos veementemente essa grave violação e esse ataque aos direitos dos povos por parte do Primeiro Ministro da Índia.

No dia 11 de agosto, quando se iniciava a festividade muçulmana de Eid al-Adha (festa do sacrifício), palestinos foram covardemente atacados pela polícia israelense ao se oporem à entrada de judeus fanáticos no terceiro lugar mais sagrado para o Islã, o complexo de Al-Aqsa, localizada na Jerusalém Oriental, ocupada e colonizada pelo Estado de Israel. Segundo os palestinos, grupos extremistas formados por colonos judeus tentavam entrar no sítio, o que, a princípio, havia sido proibido por “autoridades” israelenses, mas depois permitido. Ao menos 1,7 mil judeus fanáticos entraram no local, causando indignação nos palestinos e despertando o sentimento patriótico anticolonial. 

Durante um protesto contra a demolição de moradias populares, 12 moradores foram presos, em Austin, estado do Texas. O protesto, que invadiu o conselho municipal da cidade (equivalente às Câmaras Municipais no Brasil), rechaçou o projeto que visa construir no local condomínios de luxo e denunciou que os parlamentares foram “comprados” pela construtora. “Nós vamos lutar contra a gentrificação com a revolução”, disse uma jovem chicana¹ que seria afetada pela demolição de moradias em Riverside para a construção dos condomínios de luxo.

O velho Estado mexicano emitiu sete pedidos de prisão para revolucionários mexicanos que são lideranças da seção nove do Sindicato Nacional Independente dos Trabalhadores da Saúde (SNITS), sendo um deles também dirigente da Corrente do Povo Sol Rojo. Os pedidos de prisão foram feitos após uma vitoriosa paralisação de 25 dias no setor da saúde, onde o sindicato combativo exigiu a reintegração de mais de 170 demitidos. Para tentar aplastar o forte movimento independente, o governo de Oaxaca começou uma campanha de perseguição aos militantes.

Konnath Muralidharan, mais conhecido como camarada Ajith, de 66 anos, foi libertado provisoriamente da prisão de Yerwada, no último dia 23 de julho. Ele é um veterano dirigente maoista, além de escritor e prestigiado intelectual. Ajith estava preso desde o dia 9 de maio 2015, sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista da Índia (Maoista), o que nunca foi provado. Após conquistar sua liberdade, Ajith deu uma entrevista que pode ser acessada no seguinte endereço:

No dia 28 de agosto, o judiciário de Munique retirou o pedido de prisão contra o ativista turco Deniz Pektaş, acusado de fazer parte do TKP/ML (Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista). Deniz Pektaş ficou preso por mais de quatro anos nas masmorras do velho estado alemão, parcialmente em em confinamento solitário sem nunca sequer ter sido sentenciado por crime algum.

NACIONAL

No dia 1º de agosto, famílias camponesas da área Bacuri, no município de Rio Crespo, foram despejadas de suas terras numa ação de reintegração de posse. Essas são terras públicas griladas pelos latifundiários conhecidos como Dagmar, Paulo França e Genaro. Dois dias depois, a área que Paulo França se diz dono estava cheia de guaxebas (como são chamados os pistoleiros do latifúndio na região). Segundo informação dos camponeses, no meio dos guaxebas há policiais comandando a pistolagem. Os pistoleiros atearam fogo em pastos, barracos e atacaram a tiros camponeses que se recusaram a sair da área. Os camponeses estão resistindo e prometem não abrir mão de suas terras e benfeitorias.

Mais de 2,5 mil pessoas participaram de ato em memória de Sharley Sales Mendes Fermin Junior no último dia 1º de agosto. O jovem de 18 anos foi assassinado por um cabo da Polícia Militar (PM) do Amazonas na madrugada do dia 28 de julho, no município de Jutaí, a 749 quilômetros da capital do estado, Manaus. Carregando faixas e cartazes, os manifestantes exigiam justiça aos assassinos fardados. A aglomeração teve início por volta das 16h30 e seguiu em passeata pelas principais ruas da cidade até o local onde o jovem caiu baleado. Posteriormente, os manifestantes se encaminharam à praça do João e concluíram a programação na praça do Seringueiro.

No último dia 1º de agosto, por volta das 4h da manhã, 200 indígenas do povo Kinikinau, entre eles idosos e crianças, retomaram seu território na fazenda Água Branca, no município de Aquidauana (MS), área reivindicada há mais de cem anos pela etnia como território tradicional. De forma ilegal e sem ordem judicial do âmbito federal, imediatamente depois, no mesmo dia, o prefeito da cidade, Odilon Ribeiro (latifundiário e primo da atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina), convocou as forças repressivas do velho Estado para despejarem os indígenas na base de agressões e humilhações.

A Polícia Militar invadiu um encontro fechado das lideranças femininas do PSOL, que acontece na sede do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal, no centro de São Paulo. O partido afirma que a ação ocorreu sem mandado, enquanto a corporação diz que a entrada foi para verificar “concentração de pessoas”. No Twitter do Psol, os militantes do partido relatam que os policiais pediram documentos dos participantes e anunciaram estar monitorando o encontro.

A Resistência Camponesa de Santa Elina ocorreu em 9 de agosto de 1995, em Corumbiara, Rondônia. Os camponeses foram à batalha com paus, pedras e velhas espingardas de caça contra uma tropa de policiais e pistoleiros a mando do latifúndio e do governador Valdir Raupp (PMDB). Em documento, a LCP aponta que surgiu desta heroica resistência, lembrando os camponeses que verteram sangue e suor na luta pela terra e afirma que as famílias camponesas continuam na área, lutando e garantindo seu sagrado direito a terra. A LCP também realizou ato político no dia 17/08 em áreas camponesas para celebrar a resistência. Organizações classistas como o MOCLATE também fizeram celebração em 12/08 na UNIR

Nos dias 10 e 11 de agosto foi promovido o “Dia do fogo”, uma ação política dos latifundiários que devastou produções dos camponeses e pequenos produtores e cobriu várias regiões do país com nuvens de fumaça. Em Rondônia, no dia 13 de agosto, o fogo das queimadas foi se alastrando ao longo da Linha TB-14 e atingiu dezenas de casas, incluindo o assentamento Galo Velho, no município de Machadinho do Oeste, forçando os moradores a abandonar suas casas com medo. Depois do fogo se extinguir, os camponeses retornaram ao local e encontraram, além de suas as casas e pertences destruídos, um casal que morreu abraçado e carbonizado

A comunidade do Cajueiro, na zona rural de São Luís (Maranhão), sofreu uma violenta reintegração de posse no dia 12 de agosto, autorizada pelo estado do Maranhão e efetuada pela Polícia Militar (PM) do governador Flávio Dino (PCdoB). Os 200 policiais foram acionados para executar o despejo forçado das cerca de 80 famílias que lá vivem e possuem título de pescadores tradicionais já há 21 anos.

No Rio da Janeiro, um aumento na letalidade por parte da PM em ações policiais levou a um aumento significativo nas mortes dos moradores de favelas e bairros periféricos, em sua maioria negros e pobres. No dia 12 de agosto, no município de Magé, o jovem Henrico de Jesus Viegas de Menezes Júnior, de 19 anos, esperava o ônibus às margens da Favela Terra Nova, no bairro Lagoa, quando foi atingido na barriga e socorrido por colegas. No local, ocorria uma operação da Polícia Militar. Em Niterói, no dia 12, o jovem Dyogo Coutinho, de 16 anos, saía de casa na Favela da Grota para jogar uma partida de futebol quando foi surpreendido pela chegada da PM, em um dos acessos ao bairro. Os PMs dispararam e acertaram Dyogo na barriga. No dia 9 de agosto, no bairro da Tijuca, na cidade do Rio, o estudante Gabriel Pereira Alves, 18 anos, foi atingido por um tiro enquanto esperava o ônibus próximo a comunidade do Borel, Gabriel não resistiu aos ferimentos. Em todas esses covardes assassinatos, as massas se rebelaram e fizeram protestos combativos contra a violência policial desencadeada contra as massas dessas favelas, que vitima e assassina jovens diariamente. 


O preso político chileno no Brasil, Mauricio Hernández Norambuena, ex-dirigente da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), foi extraditado para o Chile no dia 20 de agosto. A família de Norambuena disse que não foi informada oficialmente sobre a transferência e disse que o Chile deveria respeitar a condenação que Norambuena recebeu da Justiça brasileira, de 30 anos de prisão. No Chile, ele tem duas condenações à prisão perpétua. O chileno Mauricio Hernández Norambuena era o "Comandante Ramiro", dirigente da Frente Patriótica Manoel Rodrigues (FPMR), uma organização político-militar que empreendeu a luta armada contra o regime militar-fascista de Pinochet, no Chile, na década de 1970, estendendo suas ações durante os anos de 1980 e início de 1990.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Associação dos Trabalhadores Indianos condena a divisão de Jammu e Caxemira

Repercutirmos documento emitido pela Associação dos Trabalhadores Indianos (Grã Bretanha) que condena a divisão imposta pelo governo de Modi (do Partido do Povo Indiano, BJP), que viola a Constituição e a autodeterminação dos povos de Jammu e Caxemira e intensifica a violência e a repressão contra as massas da região, que já é uma das zonas mais militarizadas do mundo.



Estendemos nossa solidariedade aos povos de Jammu e Caxemira e condenamos veementemente essa grave violação e esse ataque aos direitos dos povos por parte do Primeiro Ministro da Índia. 




Segue abaixo a nota na íntegra:




Condenar a demolição da Constituição pelo governo de Modi!
Condenar a bifurcação do “Estado J&K (Jammu e Caxemira)” em “Territórios da União de J&K e Ladakh”!
Abolir AFSPA e retirar as 650.000 forças armadas da Caxemira!
Viva o direito de Autodeterminação do povo de “Jammu & Caxemira”, incluindo o direito à separação!

Em 5 de agosto, o governo indiano liderado pelo Hindutva BJP revogou os artigos 370 e 35A da Constituição indiana, bifurcou “Jammu e Caxemira (J&K)” em “Jammu, Caxemira e Ladakh” e reduziu seu status para o de  “Territórios da União”. À parte o ego e a arrogância, o governo de Modi não se preocupou em consultar o povo da J&K, e nem tentou levá-lo a confiar na sua decisão. Deixando de lado a consulta, o governo do BJP aprisionou, ou deteve em prisão domiciliar, todos os principais líderes políticos de Jammu & Caxemira, isso, durante a noite. Cerca de 400 pessoas foram detidas, incluindo líderes Hurriyat, estudantes ativistas, professores, advogados e empresários. Todos os meios de comunicação foram silenciados, o toque de recolher foi imposto e o Ministério do Interior da União enviou para lá mais de 30.000 soldados nas últimas semanas, o que é uma adição às 650.000 forças militares/paramilitares que já existem na Caxemira, tornando-a uma das as zonas de conflito mais militarizadas do planeta.
Essa mudança do governo do BJP no Centro é uma negação da história e viola completamente tanto a letra quanto o espírito do contrato social que o povo de J&K teve com a Índia em 1949, segundo o qual o Estado de J&K recebeu um status especial e uma identidade política distinta.
O artigo 370 foi sistematicamente diluído pelos sucessivos governos do Congresso no Centro nas últimas décadas. O BJP, que deu continuidade à política do Congresso da Caxemira, retirou tudo o que restava no artigo 370, desfazendo-o e, mais grave, eliminando o artigo 35A.
Não é de surpreender que, dias depois de desmantelar os artigos 370 e 35A, as casas corporativas indianas como “Ambani”, “Adani”, “Tata” e “Birla” tenham feito anúncios de grandes investimentos em J&K. De acordo com as declarações feitas pelo escritório do BJP, o governo central vai organizar uma 'Cimeira de Investidores' em Jammu e Caxemira, em outubro deste ano. Isso explica claramente que um dos motivos por trás dessa ação política do BJP na Caxemira é facilitar o saque dos recursos naturais e usar a mão-de-obra barata para as corporações - tanto indiana quanto estrangeira; outro motivo que está implementando uma visão de longa data da RSS de estabelecer uma “Akhand Bharat” (NT: termo que significa “Índia indivisível”, em sânscrito, abrangendo as nações ou regiões do sul, leste e centro da Ásia.)
A Caxemira está sangrando sob a repressão das forças armadas. Milhares de jovens da Caxemira já foram presos ao longo dos anos sem julgamento e centenas desapareceram. Dezenas de ativistas e militantes da Caxemira foram mortos pelas forças armadas em assassinatos extrajudiciais. As famílias daqueles que foram mortos, ou desaparecidos, ou presos, não são capazes de obter justiça por causa das leis draconianas, como a AFSPA, que dá impunidade às forças armadas indianas.
O que aconteceu na Caxemira em 5 de agosto de 2019 é um aviso para todas as nacionalidades do resto da Índia. Enquanto a crise econômica global se aprofunda, as empresas corporativas compradoras como “Ambani”, “Adani”, “Tata” e “Birla”, que agora dominam o país por meio da BJP RSS, estão desesperadas para manter suas taxas de lucro em queda. Eles farão o que for possível para eliminar a concorrência das classes de negócios regionais (representadas politicamente pelos partidos regionais) no controle dos mercados e recursos locais. Para atingir essa meta, o empresariado corporativo precisará desmantelar a estrutura federal, já fraca, da Índia, tomando a governança dos vários estados ou rebaixando seu status para de territórios da União, ou impondo o governo direto através da notória Regra do governador.
Com o aviso acima, apelamos a todas as organizações de direitos, sindicatos, organizações de estudantes, intelectuais, advogados, profissionais e empresas locais para exigir o seguinte:
• Restaurar os Artigos 370 e 35A e restaurar a condição de Estado para Jammu e Caxemira;
• Restaurar a normalidade no Vale da Caxemira, levantando o blecaute em telefones, celulares, internet. Restaurar a liberdade de imprensa;
• Retirar as 650.000 forças militares e paramilitares da Caxemira;
• Abolir todas as leis repressivas draconianas, como AFSPA e UAPA;
• Libertar todos os presos políticos que seguem definhando nas cadeias!

Em solidariedade
Indian Worker's Association (COC), Great Britain.
Associação dos Trabalhadores Indianos, Grã-Bretanha

Agosto de 2019

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

FRANÇA - LIBERDADE PARA THEO EL GHOZZI




Durante a manifestação ocorrida no último dia 14 de agosto, no Rio de Janeiro, ativistas organizados pelo CEBRASPO carregaram cartazes exigindo a liberdade imediata do militante operário Theo EL Ghozzi, preso arbitrariamente pelo velho Estado francês no dia 22 de julho, e em greve de fome desde então.

Dentre as suas reivindicações estão o seu reconhecimento como preso político e a solidariedade ao militante comunista árabe, defensor da causa palestina, Georges Abdallah, encarcerado nas masmorras da França desde 1984, fruto de um conluio do imperialismo ianque com o francês.

Abaixo divulgamos a tradução de uma carta escrita por Théo, diretamente do presídio, no dia 31 de julho. A versão original da carta pode ser lida em:
https://www.causedupeuple.info/2019/08/06/lettre-publique-de-theo-prisonnier-politique-en-greve-de-la-faim-depuis-16-jours/

Para mais informações sobre a campanha acesse:
https://www.facebook.com/JeunesRevolutionnairesEF/
https://www.causedupeuple.info

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé e texto
Ato de solidariedade no Consulado Geral da França em Montreal
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Carta do nosso camarada Theo, preso e em greve de fome desde 22 de julho.

"Camaradas,

Em primeiro lugar, gostaria de lhes agradecer por sua solidariedade.

Desde segunda-feira, 22 de julho às 11:30, estou preso pelo estado francês. A polícia veio me prender em minha fábrica - eu sou um soldador. Tudo foi muito rápido; os policiais me notificaram que eu estava em custódia judicial em relação a uma ação realizada em 23 de junho de 2016 (durante o movimento contra a lei trabalhista), onde eu tinha sido condenado a 6 meses de prisão suspensa. Eu não teria vindo para "convocações" enviadas para um endereço onde eu nunca vivi e de que eu não sabia, então eles teriam revogado a minha estadia. Desde segunda às 18h, estou na cadeia!

No dia seguinte ao meu encarceramento, fico sabendo pela televisão que estou aqui por danos ao apartamento de De Rugy - até então esses fatos nunca foram evocados pelos policiais. É óbvio que se trata de uma zombaria político-policial da burguesia francesa para atacar o movimento revolucionário. Eu nunca me escondi, sempre trabalhei de forma declarada, até recebi cartas do tesouro público em minha casa.

Se eles quisessem me impedir, eles tiveram a oportunidade por muito tempo! Então, por que vir me buscar em uma fábrica onde eu sabia que só estaria trabalhando desde sexta-feira, 19 de julho - fim da designação de atuação anterior? O motivo político da minha prisão é mais do que flagrante!

Desde segunda-feira, 22 de julho, 18h30 - horário da minha última refeição - estou em greve de fome ilimitada. Minhas reivindicações são:
- obter o estatuto de prisioneiro político.
- minha transferência para a prisão de Riom.
- esta greve da fome também é solidária com os presos políticos revolucionários e, em particular, com o camarada Georges Ibrahim Abdallah.

A direção da cadeia está ciente da minha greve de fome, fui convocado pelo líder da prisão que me disse que se eu continuasse, terminaria em "unidade psiquiátrica, de camisola e farpado". É assim que a "democracia" burguesa francesa trata seus oponentes.

Mais uma vez camaradas, obrigado.

Liberdade para todos os presos políticos!
Em face da repressão, vamos bater por golpes!
Abaixo o imperialismo e seus cães de guarda!
Proletários de todos os países, unam-se!
Atreva-se a lutar! Atreva-se a conquistar!

Theo El Ghozzi, 31/07/2019
Prisioneiro: 69139 "

terça-feira, 6 de agosto de 2019

PR: 300 FAMÍLIAS CAMPONESAS SÃO EXPULSAS DURANTE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

Repercutimos denúncia sobre uma criminosa reintegração de posse que expulsou 300 famílias camponesas no último dia 30 de julho. A operação de reintegração foi realizada na fazenda onde se encontrava o acampamento Quilombo dos Palmares, no distrito de Lerroville em Londrina (Paraná).

Foto: Alberto D'angele / RPC

Segundo a nota do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), os 200 hectares de terra da fazenda Marília estão bloqueados na Justiça Federal por fazerem parte de escândalos de corrupção do Mensalão. A área está registrada em nome de Stael Fernanda, esposa do proprietário e já falecido ex-deputado federal José Janene. 

Nos solidarizamos com as famílias camponesas expulsas de suas terras, defendendo o sagrado direito a terra, e o direito ao trabalho e ao sustento dessas famílias! 

Reproduzimos na íntegra abaixo nota divulgada pelo MST





Área está bloqueada pela Justiça Federal por escândalos de corrupção envolvendo o ex-deputado federal José Janene, esposo da proprietária da fazenda


Dezenas de viaturas e homens da Polícia Militar e da tropa de Choque do Paraná cumpriram uma ordem de despejo contra cerca de 300 famílias Sem Terra integrantes do acampamento Quilombo dos Palmares, no distrito rural Lerrovile, em Londrina, norte do Paraná. A ação começou às 7h desta terça-feira (30), sem qualquer aviso anterior, e 159 famílias estavam no local. 


Sob forte pressão psicológica, os camponeses e camponesas desmancharam suas casas de madeira e reuniram o que construíram com muito esforço desde 2015, quando ocuparam a área. Ficou para trás a maior parte dos alimentos produzidos naquela terra, sustento para crianças, homens, mulheres e idosos que viviam ali. 

As famílias estão abrigadas no Centro Comunitário do assentamento Eli Vive, localizado a 3 quilômetros do acampamento. No entanto, os objetos e móveis estão a céu aberto, à espera de lona. Apesar das dificuldades em retomar a vida novamente em um pedaço de chão para viver e plantar, as famílias seguem organizadas e mobilizadas para lutar por justiça, dignidade, direitos e reforma agrária. 


O deputado estadual Arilson Chiorato (PT) visitou a área na manhã desta terça-feira e relatou em suas redes sociais o que viu: “Cenas muito tristes de famílias pobres e crianças que ficarão desabrigadas. São 159 famílias tendo interrompido o sonho de ter um teto pra morar”. 

A ordem de despejo foi despachada em outubro de 2018. Os 200 hectares de terra da fazenda Marília estão bloqueados na Justiça Federal por fazerem parte de escândalos de corrupção do Mensalão. A área está registrada em nome de Stael Fernanda, esposa do proprietário e já falecido ex-deputado federal José Janene. 

Pivô do caso, o parlamentar recebia uma mesada de 30 mil mês, além de outros acordos com p líder do Partido Progressista (PP). Ele adquiriu a área em 2003, avaliada em R$ 1,6 milhões. Esta foi apenas uma das 11 fazendas compradas por Janene entre os anos de 2003 e 2004 no norte do Paraná.

A área estava ocupada pelas famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde 28 de novembro de 2015. O acampamento foi batizado de Quilombo dos Palmares para trazer em seu nome a cultura e a luta dos negros pela liberdade, e se tornou espaço de culturas, etnias, produções, debates e conhecimento.

Em quatro anos de muito trabalho e organização coletiva, a terra fruto da corrupção foi se transformando na terra da diversidade. As famílias passaram a cultivar alimentos com suas próprias sementes, preservadas e multiplicadas a cada ano. 

Além da grande produção de alimentos para o auto-sustentação, os camponeses colhiam o suficiente também para gerar renda através da comercialização dos excedentes em feiras e mercados do município.

A produção era diversificada: arroz, feijão, mandioca, batata, milho, alho, hortaliças, dentre outras culturas. Também havia criação de porcos, galinhas, bovinos e equinos, e cultivo de plantas medicinais, com fabricação de xaropes, tinturas e outras formas terapêuticas. As crianças tinham acesso à educação na região e o analfabetismo vinha sendo superado por meio do Ensino para Jovens e Adultos (EJA). 

Moradores da área urbana de Londrina iniciaram uma campanha de arrecadação de doações para as famílias Sem Terra. Colchões, roupas, alimentos e utensílios domésticos estão sendo recolhidos no Canto do MARL - Movimento dos Artistas de Rua de Londrina, localizado na rua Avenida Duque de Caxias, 3241, Centro.


https://www.mst.org.br/2019/07/31/300-familias-do-acampamento-quilombo-dos-palmares-sofrem-despejo-em-londrina-pr.html